“O piso é nosso, ninguém tira da gente. Direito conquistado não se tira, não se vende”. A indignação e a vontade de lutar pelo piso salarial da categoria marcou o ato unificado que os profissionais de enfermagem do Rio fizeram na manhã desta segunda-feira (20/3), em frente à Prefeitura do Rio (Cidade Nova).
A manifestação também foi em protesto contra a postura intransigente do prefeito Eduardo Paes (PSD-RJ), cujos representantes ingressaram na Justiça contra a greve iniciada pela categoria no último dia 10/3. A gestão Paes também é acusada pelos profissionais da enfermagem de até hoje não ter cumprido promessa de campanha no sentido de implementar o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) da saúde municipal.
“A nossa categoria votou no Eduardo Paes com a promessa de ele implantar o PCCS da saúde municipal, mas ele não teve a decência de cumprir e agora se esconde atrás dos gerentes das organizações sociais [O.S] com o objetivo de não nos pagar o piso salarial. O pior foi ver os representantes do prefeito acusarem a greve da enfermagem por atrasos na realização de cirurgias, o que é uma falácia”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ.
Vice-presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio, Elizabeth Guastini reforçou as críticas. “Já tenho 28 anos anos de município e o que a gente vê agora é o prefeito investindo em organizações sociais e na RioSaúde.
Enquanto isto, nossos triênios estão congelados. Não podemos esquecer esse desrespeito à enfermagem e a todos os profissionais da saúde.
Por isso a enfermagem vai continuar lutando. Não vamos nos calar”, disse.
Durante toda a manifestação, os profissionais da enfermagem, sobretudo de unidades do Estado e município do Rio, denunciaram casos de assédio promovidos por chefias no sentido de impedir sua participação na greve.
Quase ao final da manifestação, o secretário municipal de saúde, Daniel Soranz, concordou em receber uma comissão de 5 representantes de sindicatos da enfermagem para tratar das reivindicações da categoria. Além do município e do Estado, participaram do ato profissionais da rede federal de saúde do Rio.
Na última sexta-feira (17/3), audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ) decidiu que a greve da enfermagem pelo piso, no setor público, deverá manter um efetivo mínimo de 30% da força de trabalho em atuação. Quanto ao setor privado, incluindo os profissionais vinculados às O.S. (organizações sociais), a greve deverá manter um percentual mínimo de 60% da força de trabalho.