Nesta terça-feira (3/8) a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Genocídio retoma as investigações sobre as ações e omissões do governo Bolsonaro, na pandemia do novo coronavírus, que causaram a disparada do número de mortos e contaminados. A CPI acabou descobrindo um esquema gigantesco e complexo de corrupção, envolvendo o ex-ministro Eduardo Pazuello e outros militares a ele subordinados, na compra superfarturada de vacinas, com cobrança de propina.
O esquema funciona com a compra de vacinas com negociação, assinatura de contrato e fixação de preço por uma empresa privada intermediária da negociata. O esquema foi identificado inicialmente na compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, a US$ 15 por dose, o imunizante mais caro entre todos.
A CPI ouve nesta terça-feira, um participante do esquema, o reverendo Amílton Gomes de Paula. Ele se envolveu como intermediário em um processo de aquisição de vacinas da AstraZeneca a partir de uma empresa dos Estados Unidos, a Davati Medical Supply. Se apresenta como presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), uma instituição que, apesar do nome, não é ligada ao governo, mas uma ONG que tem várias parcerias com entidades intergovernamental e não-governamental, tanto a nível nacional como internacional.
A princípio, não haveria nenhuma necessidade de se buscar intermediação para adquirir tais vacinas., uma vez que a AstraZeneca desenvolveu no Brasil a vacina em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
E qual seria o papel de Amílton de Paula nessa história toda?
Para senadores da CPI da Covid, facilitar o acesso do grupo ao presidente Jair Bolsonaro. É esse o novelo que os senadores pretendem puxar no depoimento desta terça.
O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias teria pedido propina de US$ 1 por dose, num encontro com o representante da Davai, Luiz Paulo Dominguetti, nu restaurante de Brasília, para a venda de 400 milhões de doses da vacina Dominguetti apareceu como personagem na CPI da Covid por iniciativa própria. Concedeu entrevista ao jornal Folha de S.
Paulo onde denunciou que Roberto Dias lhe pediu propina por cada vacina que viesse a ser comprada pelo Ministério da Saúde. Na CPI, os senadores ficaram com seu celular. Entre as mensagens ali contidas, encontraram gravações e mensagens que mostravam o envolvimento de Amílton de Paula. A partir dele, as menções ao presidente Jair Bolsonaro..