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domingo, abril 28, 2024
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Covid-19 expõe mazelas sociais do Brasil, onde favelas e periferias continuam sem acesso a água e saneamento

Em sua maioria sem acesso (ou com acesso precário) ao fornecimento regular de água potável e aos serviços de saneamento básico, as favelas brasileiras são, segundo especialistas e pesquisadores em saúde pública, áreas ainda mais propícias à disseminação do novo coronavírus. Em razão dessas precariedades, cada vez mais se forma um consenso entre governos, profissionais e pesquisadores da saúde de que o próximo pico da covid-19 deverá afetar com força a parcela da população que não conta com pleno acesso ao saneamento básico. Ou seja: a covid-19 será mais letal em regiões de periferia do Brasil.

No município do Rio, segundo dados publicados no último domingo (3/5) pelo jornal O Globo a partir de levantamento feito pelas autoridades de saúde, as taxas de letalidade da covid-19 (relação entre o número de contaminados e o número de óbitos) são bem mais altas nas regiões mais pobres da cidade, onde está localizada a maioria das favelas cariocas. Na Zona Oeste e na área da Maré, Penha, Ramos e Manguinhos, por exemplo, essas taxas são, respectivamente, de 21% e 13,7%. Já na Barra da Tijuca e na Zona Sul do Rio, as mesmas taxas são, respectivamente, de 8,5% e 7,4%.

Considerando-se apenas as comunidades que são reconhecidas como bairros pela prefeitura, já foram registrados mais de 200 casos e cerca 30 mortes em favelas do Rio, até o momento.

Na última sexta-feira (1/5), pesquisadores e lideranças comunitárias entregaram  a representantes do estado e do município do Rio um plano para combater a pandemia do novo coronavírus nas comunidades carentes da cidade. O documento contém a sugestão de 13 ações de prevenção, como atendimento médico e apoio social, entre outras, para evitar novas infecções e reduzir o impacto da pandemia nos moradores de favelas.

Índice de mortes por covid-19 é maior entre negros e pardos

“Nas comunidades carentes e bairros pobres do Rio é onde estão localizadas as moradias mais precárias, com mais pessoas dividindo a mesma residência e com acesso também precário aos serviços de água e esgotamento sanitário. Nessa situação, é inevitável a ocorrência de maior disseminação da covid-19, como resultado de um grave problema social”, afirmou Osvaldo Mendes, da direção do Sindsprev/RJ. Para ele, contudo, o problema é também resultado de uma discriminação racial estrutural contra negros e pardos, que remonta à própria formação histórica do Brasil desde o período da escravidão. “A discriminação social e econômica tem conexão direta com o racismo estrutural que sempre marcou a formação social brasileira. O racismo existente no Brasil desde a época da Casa Grande potencializa e aprofunda a discriminação social e econômica contra a população negra e parda, que foi empurrada para as favelas como única alternativa de moradia.
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Não é por acaso que as estatísticas vêm demonstrando a maior letalidade da covid-19 entre a população negra e parda, que conforma a maioria dos pobres no Brasil”, completou.
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Segundo o IBGE, o rendimento médio mensal das pessoas brancas ocupadas (R$ 2.796,00) é 73,9% superior ao rendimento médio de pessoas negras ou pardas. A correlação entre uma maior renda (como verificado entre as pessoas brancas) e menor índice de mortes por covid-19 pode ser então estabelecida. Da mesma forma, é possível uma correlação inversa, ou seja, das pessoas com menor renda (caso da população negra e parda) e um maior índice de mortes por covid-19 nesse grupo populacional. Na cidade de São Paulo, por exemplo, dados do mais recente boletim epidemiológico da prefeitura paulistana ilustram o impacto dessa desigualdade, mostrando que as chances de morte por covid-19 entre a população negra é 62% maior que o risco existente entre a população branca.

Maioria dos óbitos de São Paulo acontecem nas periferias

Enquanto que, no Rio de Janeiro, a covid-19 só mais recentemente começou a se disseminar com maior intensidade nas favelas, em São Paulo a doença já é muito mais presente nas periferias, segundo levantamento feito por epidemiologistas da USP. Exemplo: em Brasilândia — sétimo distrito mais populoso da cidade, quinto com a pior taxa de emprego formal e o segundo com a maior proporção de domicílios em favelas —, foram computadas 81 mortes até o final de abril.
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Em uma única semana de abril, os casos fatais cresceram 50%. Na capital paulista, entre as pessoas na faixa de 40 a 44 anos, o risco de morrer por coronavírus nos bairros mais pobres é 10 vezes maior que nas regiões mais ricas da cidade.

A evolução da covid-19 expõe as mazelas sociais do país. Mazelas que precisam ser efetivamente enfrentadas e resolvidas. Dados do Instituto Trata Brasil divulgados durante audiência realizada em 2019 no Senado Federal apontam que, no país, 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada e que 100 milhões de pessoas (ou 48% da população) ainda não têm acesso aos serviços de esgotamento sanitário.

Estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, no Brasil, para cada real investido em saneamento básico, serão economizados nove reais em saúde. Isto porque, com o saneamento básico, reduz-se significativamente a possibilidade de transmissão de doenças de veiculação hídrica, como amebíase, giardíase, gastroenterite, febres tifoide e paratifoide, hepatite infecciosa e cólera, entre outras.

“Se tivéssemos saneamento, hoje não estaríamos assim, tão vulneráveis à disseminação de doenças, incluindo a covid-19. Não adianta ter caderneta de vacinação e não ter acesso a água potável e esgotamento sanitário. Em 1992 o Banco Mundial liberou recursos necessários à implementação do saneamento na maioria das comunidades carentes, mas nada foi feito. O resultado de tanto descaso está chegando agora”, concluiu Sebastião José de Souza (Tão), que também é dirigente do Sindsprev/RJ.

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