A insistência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em desqualificar o isolamento social – forma mais eficaz de evitar o aumento descontrolado da contaminação pelo novo coronavírus – em todo o país e de ignorar o tamanho da tragédia que está acontecendo pode levar o Brasil ao colapso total da rede de hospitais, com a disparada do número de pessoas contaminadas e mortas, numa situação mais dramática que na Itália e Espanha. Segundo especialistas, o sintoma mais evidente do descasamento entre o que diz e faz o presidente da República e a dramática realidade é a decisão de diversos governadores em decretar o chamado lockdown, termo em inglês que, numa tradução literal, significa confinamento ou isolamento compulsório, com restrição maior de transporte público e privado e bloqueio total de entradas de cidades ou estados em função do descontrole da transmissão do novo coronavírus e do calapso iminente da saúde.
Parte do agravamento da situação pode ser creditada ao comportamento fora da realidade do presidente da República, que vem levando as pessoas a ignorar ou relaxar as normas de isolamento e outras formas de prevenção feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde do próprio governo federal. “Temos aumento de casos, aumento de mortes e redução de isolamento. Não vejo outra solução a não ser tomar uma medida muito mais forte, muito mais extrema”, disse Paulo Lotufo, epidemiologista da USP, em entrevista ao site da empresa pública britânica de Comunicação, BBC. O objetivo do isolamento, voluntário ou compulsório, é reduzir as contaminações pelo coronavírus e ganhar tempo para que os sistemas de saúde possam atender os pacientes mais graves.
Pior que na Itália
A situação no Rio de Janeiro é extremamente preocupante e tende a se agravar daqui para a frente. No estado, a ocupação dos leitos de UTI já chegou a 98%. O corte de verbas feito de forma crescente há anos levou ao caos os hospitais da rede pública, com insuficiência de mão de obra, falta de medicamentos, equipamentos e a contaminação dos profissionais destas unidades em função da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), à maior exposição também devido à sobrecarga de trabalho, dobra de plantões em locais de alto risco e ao cansaço físico e mental que podem levar a descuidos fatais para a saúde.
A situação de dificuldade extrema poderia ser reduzida caso o governo federal passasse a destinar um maior volume de recursos, visando tentar reverter a tendência ao total descontrole sobre a disseminação da doença. “Mas a política negacionista de Bolsonaro impede que isto aconteça, pois ele é o presidente e não vê problema na pandemia. Prefere tratá-la como uma gripezinha e até dizer que está diminuindo o número de casos de contaminação e mortes, defendendo, como sempre fez, o retorno ao trabalho, revelando total desinteresse e desconhecimento sobre o assunto, já que, no dia em que fez esta declaração (na última terça-feira, 5 de maio), 600 pessoas haviam ido a óbito em apenas 24 horas, um recorde desde o início da pandemia no Brasil”, avaliou a diretora da Regional Oeste do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo.
Para a dirigente, a situação do Brasil será pior do que a ocorrida na Itália, que chegou ao colapso da saúde, com leitos de UTI insuficientes, milhares de pessoas morrendo por falta de equipamentos e medicamentos, com adoecimento em massa de profissionais, tendo os médicos que decidir quem tratar e quem deixar morrer. “Na Itália não houve uma política negacionista do governo. Lá, o principal problema foi a dificuldade da população em cumprir o isolamento, o que também está acontecendo aqui. Mas o governo não ficava estimulando as pessoas a romper o confinamento”, lembrou. Acrescentou, também, que no Brasil o sucateamento da rede pública de saúde é muito maior.
“Na Itália tinha um problema de falta de recursos humanos, mas em função do adoecimento dos profissionais da saúde. Muitos morreram na Itália. E, lá, houve colapso no pico da transmissibilidade da pandemia.
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Nós ainda nem chegamos ao pico, estamos ainda muito longe disto e a saúde já entrou em colapso”, alertou. Lembrou que, apesar disto, o presidente e seu governo insistem em atacar o isolamento.
Os números comprovam que no Brasil a pandemia vem fugindo do controle. Até o dia 7 de maio haviam sido confirmados 127 mil casos de contaminação pela Covid-19 (mais 10.503), com 8.588 mortes, com o novo recorde de 615 novas mortes em 24 horas. Com isto, o Brasil já ocupa a sexta posição entre as nações com maior número de óbitos. Entre as infecções confirmadas, está em nono. Nas primeiras posições estão Estados Unidos, Espanha, Itália, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e Turquia, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
Governo ignora gravidade da situação
Por trás do comportamento absurdo do presidente está o ministro da Economia, Paulo Guedes, que representa os bancos e grandes grupos econômicos nacionais e transnacionais em benefício dos quais a política econômica está voltada. Guedes ataca sistematicamente os direitos dos trabalhadores e da população mais pobre. Na pandemia vem defendendo a posição dos setores mais ricos, de suspensão ou relaxamento das medidas sanitárias preventivas, tomadas para evitar a catástrofe do aumento ainda maior da mortandade no país.
O comportamento visa garantir a volta ao trabalho e o lucro de bancos e grandes empresas.
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Mas contraria a lógica do isolamento social e maciço investimento estatal na economia, de modo a minimizar os efeitos da crise sobre a economia, injetando recursos para evitar demissões em massa e quebra de empresas. O objetivo dessas medidas é salvar vidas, evitar a disparada de casos para impedir o colapso da saúde e ir, ao poucos, reduzindo o número de contaminados e mortos, o que possibilitaria, mais à frente, a flexibilização gradual do isolamento. Quanto mais o isolamento social fosse posto em prática e com a garantia de investimentos estatais, mais cedo a economia poderia voltar a funcionar normalmente. Fazer o contrário é manter a economia por mais tempo em crise, com mais mortes. Mas é isto o que Bolsonaro e Guedes defendem.
Bolsonaro pressiona STF
Nesta quinta-feira (7/4), após se reunirem pela manhã, no Palácio do Planalto, com representantes de bancos e grandes empresas, Bolsonaro, Guedes e outros ministros foram à pé até o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo relatou Guedes, o objetivo foi fazer uma “visita de cortesia” à Corte e repassar informações sobre a atividade econômica que o governo recebeu em uma reunião pela manhã, conforme declarou, de quem representa 45% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
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Guedes disse que a economia está começando a ‘colapsar’. A marcha e a ‘visita”, na verdade, fazem parte de um movimento de pressão para que o STF flexibilize o isolamento a fim de que as grandes empresas voltem a funcionar normalmente, mesmo que isto contrarie o que foi feito nos demais países e as determinações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, numa atitude irresponsável. Se atendidos pelo Supremo, a mudança vai gerar mais mortes e agravar a situação econômica que já era grave antes da pandemia em função da estagnação da atividade econômica provocada pela política de contração econômica de Guedes.