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segunda-feira, março 31, 2025
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“Avanço ou recuo da Dengue depende das ações de cada estado e município”, afirma membro do DPSATT

No ano de 2024, que marcou a epidemia de dengue mais intensa já registrada no Brasil, foram relatados 1,6 milhão de casos suspeitos, com 1.356 óbitos confirmados e outros 85 em análise, um crescimento de mais de 400% em relação a 2023. O fato somou-se a tantos outros apontados para a demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde. Neste início de 2025, no entanto, houve redução do número de pessoas contaminadas pela doença. Sobre o assunto, a Secretaria de Imprensa do Sindsprev/RJ ouviu Marcos Rogério (foto) — membro do Departamento de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Sindicato (DPSATT). Leia a entrevista completa concedida ao jornalista Olyntho Contente.

Sindsprev-RJ – um dos fatores que contou para a demissão de Nísia Trindade do Ministério da Saúde foi o aumento de 400% no número de pessoas contaminadas pela dengue no Brasil, em 2024, na comparação com 2023. O que provocou este aumento?

Marcos Rogerio – é preciso considerar que no Brasil, assim como na América do Sul, a Dengue possui um padrão de sazonalidade, ou seja, ocorre em períodos específicos, com aumento do número de casos e risco de epidemia, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte. Neste período sazonal, há chuvas intensas e altas temperaturas, quadro favorável para o desenvolvimento rápido da doença. Em 2024, vivemos extremos climáticos, acompanhados de catástrofes em muitas cidades. Com o excesso de água e calor, ocorreu a proliferação do Aedes aegypti, elevando o número de casos de Dengue no país.

Sindsprev-RJ – mas, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve queda de 62,5% nos casos de adoecimento por dengue, de janeiro a março de 2025 no Brasil. O que explica esta situação?

Marcos Rogerio – dois fatores que aumentam os casos de Dengue devem ser observados: além do descuido que possa haver por parte de moradores, gerando criadouros nas residências, as condições climáticas, a chuva e a temperatura elevada também potencializam a transmissão do vírus da doença, formando criadouros em áreas externas aos domicílios.

Sindsprev-RJ – por que motivo, em estados como São Paulo e Minas, os números de pessoas contaminadas e mortas pela dengue continuam altos?

Apesar da ocorrência periódica da epidemia em determinados estados da federação, a princípio não se evidenciam outros motivos além dos já mencionados que possam exacerbar os casos de Dengue.

Sindsprev-RJ – no estado do Rio de Janeiro, a queda nos primeiros meses deste ano foi mais expressiva quando comparada com a redução em todo o país: 92% em relação ao mesmo período do ano passado. Foram registrados 10.400 casos prováveis de dengue no Rio de Janeiro, contra 130.081 no mesmo período de 2024. O que justifica este quadro?

Marcos Rogerio – historicamente, a epidemia é regionalizada, por vezes ocorrendo em um ou mais municípios, alcançando, por vezes, apenas parte de um estado. Exemplo disso ocorreu em 1923, quando houve epidemia de Dengue na cidade de Niterói, não avançando para outros municípios fluminenses.

Sindsprev-RJ – é possível fazer um prognóstico sobre o avanço, ou recuo da doença, a nível nacional e no estado do Rio, a partir de agora?

Marcos Rogerio – a Vigilância em Saúde trabalha no controle da Dengue, promovendo vistorias e tratamentos contínuos nas áreas onde os índices de infestação são elevados e também realizando o mesmo trabalho em regiões onde os índices de infestação estão controlados. O trabalho dos Agentes/ Guardas de Endemias é constante, mapeando e fazendo cinturões de isolamento em regiões críticas. São profissionais que, em sua área de atuação, passam informações educativas para moradores, contribuindo expressivamente para o controle da Dengue, da Chikungunya e da Zika. Assim, a perspectiva sobre o avanço ou recuo da Dengue depende das ações de cada estado e município. Vale lembrar que o mosquito da Dengue, o Aedes aegypti, é endêmico no Brasil. É um equívoco falar em erradicação.

 

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