Servidores da rede federal do Rio fizeram, na manhã desta terça-feira (16/1), ato unificado contra a tentativa do governo Lula (PT) de entregar as unidades do Ministério de Saúde à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A manifestação foi realizada em frente à entrada principal do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), na rua Sacadura Cabral (Centro). O HFSE é a primeira unidade da rede que o governo pretende entregar à Ebserh.
“Se o Hospital Federal dos Servidores for entregue à Ebserh, vai acontecer o que vimos no Hospital da Piedade, onde clínicas e o ambulatório foram extintos após aquela unidade ser transferida ao município do Rio. Não podemos aceitar. Não podemos deixar que o Hospital dos Servidores também seja inviabilizado”, protestou Maria Celina de Oliveira, dirigente do Sindsprev/RJ.
Dirigente do Núcleo do Sindsprev/RJ no HFSE e da Regional Centro do sindicato, Luiz Henrique dos Santos reforçou as críticas. “Como acontece nas demais unidades da rede federal, o HFSE também está precarizado. Não aceitamos que a solução seja a Ebserh. Enquanto tivermos disposição de luta, esta unidade não será transferida, não será transformada num hospital como o Gafrée Guinle, que hoje está sob gestão da Ebserh e virou um caos”, disse.
Modelo da Ebserh sucateou Hospital Gafrée Guinle
Suplente da diretoria do Sindicato dos Enfermeiros do Rio (SindEnf-RJ), a servidora Mônica Armada acusou o atual Superintendente do Hospital Universitário Gafrée Guinle, João Marcelo Ramalho Alves, de ser o mentor do projeto de implementação da Ebserh na rede federal do Rio. “A Ebserh não resolve o problema da saúde, e agora o João Marcelo quer implementar, na rede federal, o mesmo modelo que já levou o Hospital Universitário Gafrée Guinle ao colapso, uma unidade onde faltam insumos e medicamentos, onde leitos foram fechados e equipamentos, como tomógrafos e mamógrafos, estão quebrados. A nossa luta tem que ser em defesa de todos que usam o SUS. Se o HFSE for entregue à Ebserh, as outras unidades da rede serão todas privatizadas”, disse. Antes de ocupar a Superintendência do Gafrée Guinle, João Marcelo foi diretor do Hospital Federal de Bonsucesso, do Hospital Federal do Andaraí e titular do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro.
“Hoje é mais um dia de luta e mobilização. Estamos aqui para garantir a integridade do serviço público de saúde. Não iremos nos calar, a Ebserh aqui não vai entrar. Vamos defender a rede federal de saúde”, frisou Líbia Bellusci, também membro do SindEnf-RJ. “Só vamos derrotar a Ebserh com a união de todos nós. Neste exato momento, a ministra da saúde tá defendendo a adoção de Parcerias Público-Privadas. Se tem dinheiro para implantar a Ebserh, por que não tem dinheiro para fazer concurso público pelo Regime Jurídico Único do funcionalismo? A Ebserh é igual às organizações sociais e vai piorar a situação da saúde”, afirmou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ.
Sindsprev/RJ sempre esteve na luta contra a Ebserh
Dirigente do Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes-SN), Claudia Piccinini chamou atenção para a ameaça representada pela Ebserh. “A UFRJ foi a última universidade forçada a aderir à Ebserh, uma empresa que visa o lucro. A Ebserh significa subordinação do interesse público ao interesse privado, mais assédio moral e carga de trabalho sobre os servidores. Também significa restrição de atendimento à população”, disse.
“Hoje estamos numa luta decisiva para impedir que a rede federal seja destruída. Quero ressaltar que o Sindsprev/RJ sempre esteve na luta contra a Ebserh, o que já acontecia quando a rede foi refederalizada. Rede pela qual lutamos com todas as nossas forças. Rede que só existe por causa da nossa resistência. Estão mentindo aqueles que negam esses fatos, como se a luta contra a Ebserh tivesse começado hoje”, pontuou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ. “Nossa luta contra a privatização não começou agora e tem que ser fortalecida com a união dos trabalhadores. O governo vem sucateando as unidades públicas para preparar a privatização da rede, e isto nós não aceitamos”, completou Ivone Suppo, também dirigente do sindicato.
Membro do Fórum de Saúde do Rio e da Frente Nacional de Luta Contra a Privatização da Saúde, Maria Inês Bravo lembrou a importância de defender o Regime Jurídico Único do funcionalismo. “A entrada da Ebserh na gestão das unidades públicas de saúde vai não apenas acabar com o RJU, mas vai também ameaçar o Sistema Único de Saúde. É inaceitável”, frisou.
“No dia 2 de janeiro fizemos uma assembleia da rede federal que definiu o ato de hoje aqui no HFSE. Na ocasião o Fórum de Saúde estava presente, o que mostra a necessária unidade dos servidores para que possamos derrotar a Ebserh e defender a rede federal. Se cada um de vocês, trabalhadores da rede, não lutar agora contra a Ebserh, não adianta reclamar depois”, ressaltou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.
Ao final do ato, os servidores referendaram proposta da direção do Sindsprev/RJ no sentido de realizar um grande ato unificado da rede federal em 24 de janeiro, Dia Nacional de Luta de Aposentados e Pensionistas. A manifestação será em frente ao DGH (rua México, 128), a partir das 10h30. Pela proposta referendada, foi aprovado indicativo de paralisação da rede federal, que deverá ser confirmado em assembleia online marcada para esta quarta-feira (17/1), a partir das 17h.
Além do Sindsprev/RJ, do SindEnf-RJ, do Andes e do Fórum de Saúde do Rio, participaram do ato unificado no HFSE representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da CNTSS e do Sindicato dos Assistentes Sociais do Rio.