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quarta-feira, setembro 18, 2024
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Assembleia da rede federal aprova continuidade da greve e reafirma luta por carreira da Ciência e Tecnologia

Asssembleia dos servidores da rede federal de saúde do Rio realizada na tarde desta quarta-feira (4/9), no auditório do Sindsprev/RJ, aprovou a continuidade da greve por tempo indeterminado e reafirmou as pautas dos trabalhadores, como reajuste salarial, concurso público, não ao fatiamento/privatização dos hospitais federais e enquadramento na carreira da Ciência e Tecnologia. A assembleia também aprovou o envio de caravana dos servidores a Brasília, no dia 10 de outubro, para participar de audiência pública que acontecerá na Câmara dos Deputados — sobre a greve da rede federal — e depois realizar um acampamento em frente à casa do presidente Lula (PT). A convocação da audiência pública que acontecerá em outubro foi feita pelo deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

“A nossa greve está constituída e é uma coisa concreta. Tão concreta que o governo quer acabar com ela, apostando em seu esvaziamento. Mas não há ilegalidade alguma na nossa greve, que foi suscitada por conduta ilícita da administração pública. O governo sabe que não pode efetuar o corte do ponto, o governo sabe que não pode culpar a greve pelos problemas de sucateamento da rede. E agora o governo tem que entender que conseguimos abrir negociações com a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, com a qual teremos uma audiência na próxima segunda-feira, dia 9 de setembro, em Brasília”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.

Assembleia lotou auditório térreo do Sindsprev/RJ. Foto: Mayara Alves.

Contra a municipalização e privatização da rede federal

A assembleia foi aberta com a apresentação de informes das mobilizações e atividades de greve nos seis hospitais federais da rede no Rio. Também foram apresentados informes mais detalhados das sessões dos conselhos municipal e estadual de saúde que, em julho e agosto deste ano, rejeitaram a municipalização da rede federal. “A ideia dos conselhos é solicitar audiência com a ministra Nísia Trindade para confirmar a nossa posição contrária a qualquer municipalização ou fatiamento da rede federal”, explicou Osvaldo Mendes, dirigente do Sindsprev/RJ e presidente do Conselho Municipal de Saúde do Rio. Em resposta a dúvidas dos servidores sobre a sessão do Conselho Estadual de Saúde que também rejeitou a municipalização de unidades federais, Osvaldo respondeu que houve quórum suficiente para tal rejeição.

Presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) manifestou apoio aos servidores. “Sabemos que, infelizmente, a greve é feita majoritariamente por técnicos em enfermagem e sem grande envolvimento de outros profissionais, como médicos, odontólogos e psicólogos. Mas esses profissionais também serão atingidos se o fatiamento da rede acontecer, pois haverá redução do número de trabalhadores e uma piora da situação. Quero lembrar que o governo só não conseguiu fatiar a rede por causa da resistência de vocês. Por isto temos de fortalecer a greve, que é uma luta por mais qualidade no serviço público”, disse ele. Perguntado sobre quais medidas a Comissão de Saúde poderia tomar contra a Portaria nº 4.847 — que transfere a gestão do Hospital Federal do Andaraí ao município do Rio de Janeiro —, Paulo Pinheiro respondeu que, no momento, a orientação da assessoria jurídica da Câmara Municipal é no sentido de não ingressar imediatamente com ação na Justiça, uma vez que a referida Portaria foi apenas publicada pela ministra Nísia, mas ainda não executada.

Após aprovar continuidade da greve, assembleia transformou-se em plenária para debater enquadramento na carreira de Ciência e Tecnologia. Foto: Mayara Alves.

Servidora lotada no Hospital Cardoso Fontes, Maria Isabel destacou a necessidade de fortalecer a greve. “Estamos num momento derradeiro da nossa luta. O nosso compromisso é o de lutar para conseguir o enquadramento na carreira da Ciência e Tecnologia, mas também vamos continuar brigando contra o fatiamento. Afinal, nós não estamos aqui em vão. Contamos com vocês”, ressaltou.

Fortalecer a greve da rede federal é essencial neste momento

“A importância da nossa união é essencial neste momento. Tomara que esta greve continue até novembro, quando acontecerão as atividades do G-20 aqui no Rio de Janeiro. Nossa mobilização é que nos levará à vitória”, frisou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói.

Também membro da direção do sindicato, Sidney Castro analisou os desafios para os trabalhadores da rede federal. “Já estamos há mais de 100 dias em greve, o que não é nada fácil. Muitos que não acreditaram na nossa greve, como parte dos sindicatos dos enfermeiros e dos médicos, depois tiveram de reconhecer o acerto em fazê-la. Os ataques do governo aos nossos direitos começaram quando ele retirou as estruturas administrativas dos hospitais federais. Lutamos por concurso, pagamento da insalubridade, enquadramento na carreira da Ciência e Tecnologia e não ao fatiamento, mas, se não derrubarmos o fatiamento, vai ser difícil conseguirmos o enquadramento na Ciência e Tecnologia. Precisamos continuar resistindo, como fazemos desde o início desta greve”, disse.

Membro do Comando de Greve do INSS no Estado do Rio e ex-dirigente do Sindsprev/RJ, o servidor aposentado Carlos Vinícius Costa Lopes afirmou seu apoio à greve da rede federal. “Uma greve de quase quatro meses, como a de vocês, não é para qualquer um. Mas nós temos um ponto em comum, pois o mesmo patrão que ataca a saúde é o que também ataca a previdência pública. A greve do INSS continua forte no país e, neste momento, membros do Comando Nacional de Greve ocupam o gabinete da presidência do INSS, em protesto contra a tentativa de desconto dos dias parados. O governo tentou desmobilizar a greve do INSS, mas não conseguiu. Quanto à greve de vocês, eu também vejo que tem perspectiva de vitória”, afirmou, sob aplausos.

Presidente do Conselho Municipal de Saúde do Rio, Osvaldo Mendes (de pé) explica que decisões contra municipalização têm caráter deliberativo. Foto: Mayara Alves.

Plenária com Reimont sobre enquadramento na Ciência e Tecnologia

Finda a assembleia, por volta de 15h45, foi então iniciada a plenária dos servidores da rede federal — também no auditório do Sindsprev/RJ — com a presença do deputado federal Reimont (PT-RJ). O parlamentar foi convidado por ser autor de uma emenda ao texto do Projeto de Lei (PL) nº 3.102/2022, enquadrando os  trabalhadores do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) na carreira da Ciência e Tecnologia. Já aprovada na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, a emenda elaborada por Reimont seguirá as próximas etapas de tramitação. A intenção do Sindsprev/RJ é que o parlamentar envide esforços no sentido de também incluir, no texto do PL 3102 ou em outro dispositivo semelhante, a possibilidade de enquadrar os servidores dos seis hospitais federais (Cardoso Fontes, HSE, Andaraí, Bonsucesso, Lagoa e Ipanema) na carreira da Ciência e Tecnologia. Um dos argumentos centrais para isto é o fato de os trabalhadores dos institutos federais e dos hospitais federais terem ingressado no serviço público por meio do mesmo concurso, o que requer da administração pública um tratamento isonômico e paridade salarial entre os servidores enquadrados e ainda não enquadrados na carreira da Ciência e Tecnologia.

Antes de responder a esta demanda específica, Reimont foi solicitado pelos servidores do INSS e da rede federal a buscar a viabilidade, junto a instâncias do governo Lula, no sentido de abrir negociações com representantes das duas categorias em greve. Sobre o INSS, o deputado se comprometeu a conversar com os ministros Carlos Lupi (Previdência) e Rui Costa (Casa Civil). E sobre a rede federal ele se comprometeu a procurar a ministra Nísia Trindade e também o Ministério da Gestão e da Inovação (MGI).

Especificamente quanto ao pedido de enquadramento dos servidores dos hospitais federais na carreira da Ciência e Tecnologia, Reimont disse não saber se a reivindicação é viável, mas garantiu que ficará atento quanto às possibilidades de concretizá-la. Segundo ele, a viabilidade poderia ocorrer por meio de inclusão no PL 3.102 ou em outro projeto. “A verdade é que o governo Lula precisa ser pressionado para atender às demandas da sociedade brasileira. Afinal, governo é governo e movimento social é movimento social. Estou à disposição de vocês e quero dizer que podem contar comigo”, finalizou.

O deputado federal Reimont (PT) comprometeu-se a lutar pelo enquadramento dos servidores dos hospitais federais na carreira da Ciência e Tecnologia. Foto: Niko.

 

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