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segunda-feira, abril 29, 2024
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Após crítica de Lula ao genocídio em Gaza, EUA propõe cessar-fogo

Dois dias após a condenação do presidente Lula ao genocídio que Israel vem promovendo na Faixa de Gaza, os Estados Unidos anunciaram que proporão no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), um cessar-fogo na região. Esta é a primeira vez que o governo dos EUA faz esta proposta, já tendo, inclusive, votado anteriormente contra uma proposta brasileira neste sentido.

No último domingo, Lula declarou, em sua viagem ao Continente Africano que o governo israelense promove um genocídio em Gaza, que já matou mais de 30 mil civis palestinos, 70% destes, crianças, mulheres e idosos. Por ser um massacre contra uma população específica, o presidente fez uma analogia com o genocídio de judeus pelo regime nazista. A comparação gerou reação imediata por parte do governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, que considerou Lula ‘persona non grata’ em Israel até que peça desculpas.

O assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, Celso Amorim, disse que a decisão israelense é absurda, e que quem deve pedir desculpas é Netanyahu, não ao Brasil, mas à humanidade, pelos crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza. Em suas falas, Lula também condenou ataques contra civis israelenses pelo Hamas, enfatizando a importância de uma resposta humanitária e proporcional ao conflito.

“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, lamentou Lula. “Quando eu vejo países ricos anunciarem que estão parando de dar contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Se tem algum erro dentro de uma instituição que recolhe dinheiro, puna-se quem errou. Mas não suspenda ajuda humanitária para um povo que está há tantas décadas tentando construir o seu Estado”, criticou Lula.

“O que está acontecendo na Faixa da Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. E você vai deixar de ter ajuda humanitária? Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo?”, questionou.

Massacre em Rafah

Para a Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), as declarações de Lula e a nova posição do governo dos Estados Unidos vão ter como efeito evitar um massacre gigantesco das forças armadas de Israel sobre os cerca de 1,5 milhão de palestinos refugiados em Rafah, região fronteiriça com o Egito. O ataque está sendo planejado para esta semana.

A Fepal apontou ainda que a falta de manifestação de outros chefes de Estado contra a fala de Lula demonstra o isolamento de Israel. “O gesto de Lula é corajoso, lava a alma dos palestinos e de quem ainda tem alguma dignidade e decência. E tem implicações internacionais importantíssimas”, escreveu a Federação.

“O genocídio palestino é igual ou pior que o holocausto euro-judaico. É um fato. A grandeza de Lula não está só na coragem de dizer o óbvio. Está no timing”, disse ainda a entidade.

Netanyahu isolado

Da Casa Branca à Grã-Bretanha, da Itália à França, as vozes tornam-se cada vez mais altas pedindo a Netanyahu que pare. A eles, se somou o Vaticano por meio do secretário de Estado Cardeal Pietro Parolin, diplomata experiente e habituado a medir as palavras, que falou em resposta “desproporcional” de Israel e de “carnificina” em curso.

Parolin reiterou “o pedido para que o direito de Israel à defesa invocado para justificar essa operação seja proporcional, e certamente com 30 mil mortes não o é”. “Eu acredito que todos estamos indignados com o que está acontecendo – disse ainda – por essa carnificina, mas devemos ter a coragem de seguir em frente e não perder a esperança”.

Corte julgará Israel

A Corte Internacional de Justiça (CIJ), tribunal da ONU localizado em Haia, iniciou nesta segunda-feira (19) a primeira de uma série de audiências para analisar as consequências legais da ocupação de Israel dos territórios palestinos. Ainda que a futura decisão tomada pela Corte não seja vinculante e também não esteja ligada à denúncia de genocídio apresentada pela África do Sul, uma sentença desfavorável para Israel deve elevar a pressão internacional contra o país para que interrompa os ataques contra a Faixa de Gaza, que já deixaram carca de 30 mil palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças.

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