Realizado na última terça-feira (29/4), no auditório do Sindsprev/RJ, o III Encontro Abril Verde teve duas importantes mesas de debate na parte da tarde. Na primeira delas, com o tema “Análise de Conjuntura Mundial”, o debate foi lançado por Tomás Garcia, professor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). Após apresentar um breve resumo de teoria marxista, ele destacou as principais mudanças ocorridas nas últimas décadas na economia mundial e em países dependentes, como o Brasil, onde a desindustrialização tem se manifestado como tendência dominante. Sobre problemas ambientais, Tomás Silva destacou a importância de medidas mais estruturais. “Redução de danos é importante. No entanto, o que estamos construindo junto com sindicatos e a educação? É somente a redução de danos ou a necessária modificação das causas desses problemas? A questão é que precisamos nos preocupar com o que vai acontecer com as gerações futuras”, disse.
Na segunda mesa, com o tema “País de Colonialismo Químico”, o professor Rodrigo Volcan Almeida, do Instituto de Química da UFRJ, explicou que a expressão foi criada para denunciar um processo de exploração no qual indústrias dos países centrais do capitalismo transferem a países da periferia o ônus do uso de agrotóxicos e substâncias já banidas ou não mais usadas na Europa e nos EUA. Após destacar que o Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo, Volcan teceu duras críticas à atual situação. “O que acontece é uma política de estado extremamente nefasta, pois o aprofundamento deste colonialismo químico vai abrindo novas fronteiras de cultivos por meio da derrubada de mais florestas, agravando também a contaminação. Temos de ter consciência da dificuldade de modificar esta situação a curto prazo. Infelizmente, não é possível ficarmos livres de agrotóxicos numa sociedade capitalista, baseada na exploração do trabalho e da natureza”, disse.
Segundo Rodrigo Volcan, é uma falácia o discurso de setores do agronegócio quando defendem o atual modelo de produção agrícola sob o argumento de que isto seria necessário para acabar com a fome. “A prova de que este discurso não se sustenta — afirmou Volcan — é o fato de ainda termos 10,1 milhões de pessoas passando fome no Brasil. De 1990 a 2019, por exemplo, houve redução da área plantada de alimentos básicos como feijão, arroz e mandioca. Ao mesmo tempo, aumentou o desmatamento e cresceu em 46% o número de cabeças de gado, que hoje supera o total da população brasileira”, frisou ele, para concluir com a apresentação de números estarrecedores sobre contaminação, mostrando que, entre 2010 e 2019, as intoxicações aumentaram em 125%.
Após as explanações nas duas mesas de debate, os servidores e servidoras presentes fizeram suas perguntas. No encerramento do III Encontro Abril Verde, os participantes receberam seus certificados e reforçaram o chamado para as atividades promovidas pelo Departamento de Saúde do Trabalhador e Trabalhadora do Sindsprev/RJ.