Visando chamar a atenção da população para a necessidade de impedir que seja colocado em prática o plano de fatiamento e privatização dos hospitais da rede federal, os servidores destas unidades fizeram, nesta quinta-feira (13/6), uma passeata que paralisou parcialmente a Estrada Grajaú-Jacarepaguá. O plano foi elaborado pelo governo federal em conjunto com a Prefeitura do Rio.

Pouco antes da passeata, num ato público no Hospital Cardoso Fontes, dirigentes do Sindsprev/RJ e servidores das unidades federais em greve desde 15 de maio fizeram o enterro simbólico do projeto de desmembramento e privatização. Cobraram também a defesa do caráter público dos hospitais federais e do Sistema Único de Saúde (SUS) como um todo.

Enterro da municipalização da rede – Com velas e um caixão, denunciaram a piora do atendimento e das condições de trabalho a ser gerada pelo projeto que prevê desmembrar e entregar cada unidade da rede federal a um gestor diferente, estando, entre eles, a Prefeitura do Rio, o governo do estado, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e os grupos privados Nossa Senhora da Conceição e Hospital Alemão.

“Privatizar não é a solução. Se fosse, a rede municipal, que foi toda entregue para organizações sociais, não teria virado um caos. O que falta é investimento, é concurso público, para o preenchimento de milhares de vagas. O que vemos é a omissão do governo em resolver o problema da rede federal, que está subfinanciada, desabastecida e com um déficit gigantesco de pessoal”, afirmou a diretora do Sindsprev/RJ Christiane Gerardo.

Desmonte – Já o diretor Sidney Castro lembrou que o governo vem cortando o orçamento dos hospitais federais, o que os está levando a uma situação de extrema penúria, atingindo os servidores e a população. “É o corte de recursos piorando ainda mais a qualidade do atendimento, para justificar a privatização”, denunciou.

“Mas sabemos que o que resolve é prever recursos orçamentários capazes de dotar as unidades federais de profissionais, insumos e equipamentos suficientes para atender dignamente a população. A nossa luta vai nesta direção”, acrescentou o dirigente. Ele lembrou ainda que a greve completa um mês no sábado (15/6), sem que o governo tenha negociado seriamente com os servidores em greve.

Passeata – Logo após o enterro simbólico, os servidores saíram às 10h27 do Cardoso Fontes, carregando o caixão, tomando a Grajaú-Jacarepaguá e causando um grande engarrafamento. “Não, não vou me calar, quem cala consente, e eu sou consciente, não vou me calar”, cantavam os manifestantes, ao entrarem na via. A passeata foi acompanhada por dois camburões da polícia militar e policiais a pé. A PM apenas observou a manifestação.

A passeata voltou ao Cardoso Fontes às 11h32. Lá, o Sindsprev/RJ serviu a “Feijoada da Resistência” aos profissionais da saúde, encerrando o protesto.

Reunião com Tereza Navarro – Christiane Gerardo adiantou que está prevista para 17 de junho, ao meio-dia, uma reunião com Tereza Navarro, coordenadora do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH). Na pauta está a greve da saúde federal. O DGH representa o Ministério da Saúde no estado do Rio de Janeiro.

No dia do encontro com Navarro, os servidores vão fazer, a partir das 10 horas, no Hospital dos Servidores (HFSE), ato unificado com passeata até o DGH (Rua México, 128-Centro). Lá, farão uma vigília para acompanhar a reunião e, às 14 horas, o arraial da mentira do governo, no Sindsprev/RJ. Dia 24 de junho, a partir das 10 horas, no auditório do HFSE, audiência pública com presença do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O tema será a situação dos hospitais federais.