Os servidores da rede federal de saúde do Rio promovem um abraço ao Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) na próxima sexta-feira (3/5), a partir das 11h, em frente à unidade. Na segunda (6/5) e na terça-feira (7/7), os servidores fazem paralisação de 48h, com duas atividades importantes: na segunda-feira, a partir das 10h, em frente ao Hospital Federal dos Servidores (HFSE), acontece a assembleia geral da rede federal, que vai decidir sobre indicativo de possível greve por tempo indeterminado. Na terça-feira acontece ato unificado da rede federal, em frente ao Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) – rua México, 128 – Centro. O horário ainda será definido.
Este novo calendário de mobilização foi aprovado por assembleia dos servidores da rede federal realizada na tarde desta segunda (29/4), em frente ao prédio da Defensoria Pública da União (DPU), na rua Uruguaiana 174, logo após uma comissão de dirigentes do Sindsprev/RJ e trabalhadores de hospitais federais ser recebida pela defensora regional de direitos humanos do Rio de Janeiro, Shelley Duarte Maia.
A audiência do Sindsprev/RJ com Nísia Trindade (Saúde) será remarcada para a próxima semana porque a ministra contraiu covid-19. Na assembleia desta segunda, os servidores recusaram a possibilidade de a audiência ocorrer por meio de canais remotos. Tanto para o Sindsprev/RJ como para os trabalhadores, é muito importante que a audiência seja presencial.
Sindsprev/RJ pede ações para garantir CTUs até a realização de novo concurso
Na reunião com o Sindsprev/RJ e os servidores da rede federal, a defensora Shelley Duarte Maia agradeceu a oportunidade de ouvir os trabalhadores, reafirmando o compromisso da DPU no sentido de envidar esforços para induzir melhorias na saúde pública, citando como exemplos as cobranças feitas ao Ministério da Saúde para que apresente um plano de ação visando solucionar extrajudicialmente os problemas da rede, além de ações civis públicas movidas quando já não é mais possível obter resultados concretos pela via administrativa. “Vivemos um momento de consolidação de informações para que a DPU continue a avançar na instrução de inúmeros procedimentos relacionados à rede federal de saúde”, disse ela.
Dirigente regional do Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo apresentou uma compilação de documentos e slides contendo informações atualizadas sobre os problemas da rede, cada vez mais precarizada, desabastecida e carente de recursos humanos. “Existe um processo deliberado de desmonte da rede. Na gestão de Alexandre Teller no DGH, houve abertura de 300 leitos sob a promessa de concurso público, mas infelizmente não fizeram concurso algum. Ao mesmo tempo, existia uma ação deliberada para desabastecer a rede, cujo orçamento está aquém das necessidades. Mesmo assim, a rede fez milhares de cirurgias, consultas e exames, mostrando o quanto é essencial para a saúde da população”, afirmou ela, após entregar os documentos a Shelley Duarte Maia e pedir, em nome de todos os presentes, que a DPU ajuíze duas ações civis públicas com pedido de liminar: uma para preservar o princípio do controle social, obrigando o governo federal a consultar servidores, usuários e conselhos do SUS sobre a gestão da rede; e outra para garantir a continuidade dos 1.786 Contratos Temporários da União (CTUs) da covid sejam continuados enquanto não for realizado concurso público.
Em resposta, a defensora comprometeu-se a estudar a viabilidade dos pedidos e apresentar uma resposta o mais rapidamente possível.
Servidores relatam caos e destruição das unidades federais
“Vivemos uma situação absurda. O Grupo Hospitalar Conceição está dentro do Hospital Federal de Bonsucesso, sem que nenhum documento tenha autorizado isto, sem que os servidores tenham sido avisados. Hoje (29/4) pela manhã, a nova coordenadora do DGH, Teresa Navarro, esteve no Hospital para dar uma entrevista à Rede Globo, mas os servidores a interpelaram, dizendo a ela que não era bem-vinda ao hospital. Diante da resistência dos trabalhadores, a direção-geral do HFB a levou para o almoxarifado, onde a entrevista foi realizada às escondidas. Isto é um absurdo. Não aceitaremos que a rede federal seja fatiada e entregue à privatização”, afirmou Sidney Castro, dirigente do Sindsprev/RJ.
Solicitados pela defensora Shelley Maia a apresentarem relatos sobre a situação da rede, os trabalhadores dos hospitais federais revelaram um quadro assustador de abandono e destruição deliberada. No próprio HFB, já não funcionam mais a emergência, o serviço de transplante renal, o centro de neurocirurgia e a oncologia. No Into faltam insumos básicos e o CTI pós-operatório só funcional se conseguir convocar servidores por meio de APHs. No HFSE as oncologias clínica e cirúrgica estão fechadas. Desde o ano passado, exames de cintilografia também não são realizados no hospital. No Hospital do Andaraí a cirurgia toráxica está fechada e a unidade não é mais referência no tratamento de queimados. No Hospital da Lagoa, a reumatologia está fechada.