A pressão da Campanha Nacional dos Servidores Públicos Federais contra o reajuste zero imposto pelo governo Lula aumenta substancialmente esta semana com a adesão, a partir de hoje (15/4), dos docentes da educação federal à greve dos servidores administrativos, iniciada em 11 de março, e com a realização de manifestações de todo o funcionalismo federal em Brasília. Está prevista para quarta-feira (17/4) uma grande marcha unificada saindo da Catedral de Brasília, indo até o Ministério da Gestão e Inovação no Serviço Público. A concentração está prevista para as 9 horas.
Caravanas organizadas pelos sindicatos chegam à capital federal, a partir desta segunda-feira. Na véspera (16/4), os servidores participam de uma audiência pública no auditório Nereu Ramos, no Anexo 2 da Câmara dos Deputados, às 16 horas, convocada pela deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP). Na quinta-feira (18/4) será feita uma manifestação da educação, da qual participam, também, servidores de todas os demais segmentos do funcionalismo federal. Local e horário ainda dependem de confirmação do governo do Distrito Federal.
“São mobilizações de todo o funcionalismo, da base da Fenasps, inclusive, para aumentar a pressão sobre o governo para garantir, não só a reposição das perdas salariais, como as demais reivindicações, como a revogação das medidas nocivas ao funcionalismo tomadas pelos governos anteriores, e as específicas, como a reestruturação das carreiras”, frisou a diretora da Fenasps, Laurizete Gusmão.
Greve da educação
Segundo o Comando Nacional de Greve da Federação dos Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos de Ensino Superior das Universidades Públicas do Brasil (Fasubra), estão em greve desde março 67 instituições em todo o país. Já a representação nacional dos docentes – o Andes, Sindicato Nacional – informa que, das 67 instituições federais de ensino, 40 estão mobilizadas em torno da paralisação: em greve nesta segunda-feira (15/4), docentes de 17 instituições; três já se encontravam parados; cinco decidiram parar após este dia 15; oito estavam em estado de greve, ainda sem data indicativa; e sete construindo a greve. A tendência é o crescimento da greve.
Em nota oficial, o Andes lembra que a oitava rodada de negociação entre servidores e governo, no dia 10 de abril, naufragou. Frisa que indiferentes à pressão e ignorando o recado dado pelas bases que foram decisivas na vitória de Lula sobre Bolsonaro, a equipe econômica de Fernando Haddad e Esther Dweck obedeceu à cartilha neoliberal da elite financeira e manteve o reajuste zero em 2024.
“Mais grave, condicionou até mesmo os indicativos de reajustes para os próximos dois anos ao aceite de um acordo indecoroso, repleto de restrições de direitos” acrescenta a nota. “O surpreendente”, segue o documento, “e até surreal da rodada de quarta-feira (10/4), foi a falácia do discurso do governo. Enquanto, de um lado, Lula usava a imprensa comercial para defender a agenda ministerial e o direito de greve, colocando-se como cria direta de movimento paredista, por outro, entre as quatro paredes da reunião da MNNP, o tom do acordo proposto foi flagrantemente antissindical: ou servidores(as) param as greves ou as negociações serão interrompidas”. O item que previa a suspensão das negociações em caso de greve acabou sendo suspenso, mas mostrou a disposição do governo em atacar os direitos dos servidores.
“Mais uma vez o governo reafirmou posição em defesa de soluções injustas e manteve a ideia de reajuste dos penduricalhos: o Auxílio-alimentação passando de R$ 658 para R$ 1000; a Assistência Pré-escolar de R$ 321 para R$ 484,90 e o valor per capita da Saúde Suplementar reajustado em 51%”, ressaltou o documento do Andes – Sindicato Nacional.