22.3 C
Rio de Janeiro
quinta-feira, novembro 21, 2024
spot_img

Roda de Conversa debateu significado da consciência negra e luta contra o racismo no Brasil

Foi realizada na noite da última sexta-feira (8/12), no auditório do Sindsprev/RJ, a Roda de Conversa com o historiador Júlio Cesar Condaque. Organizada pela Secretaria de Gênero, Raça e Etnia sindicato, a atividade teve por objetivo refletir sobre o racismo no país e o significado do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado todos os anos em 20 de novembro.

Da Roda de Conversa com Júlio Condaque participaram dirigentes do Sindsprev/RJ, servidores da base do sindicato e representantes de movimentos negros e de luta contra o racismo. “Queremos aqui saudar a presença de todos vocês neste evento que tem por finalidade discutirmos a nossa luta contra o preconceito racial e por políticas muito importantes, como reparações para os povos negros e indígenas do Brasil. A escravidão foi um crime continuado, um crime contra a humanidade. Algo que se reflete até hoje no racismo cotidiano”, afirmou Osvaldo Sergio Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.

Também representando a Secretaria, a servidora Lenyr Claudino (Leninha) destacou o papel do Sindsprev/RJ na luta contra o racismo. “Para nós, negros e negras, o Sindsprev/RJ sempre foi uma das mais importantes organizações. Uma entidade que, ao longo dos anos, esteve sempre junto do nosso povo. Ao participarmos das lutas organizadas pelo Sindsprev/RJ, também tivemos formação política, a partir dos debates sobre nossas questões. O 20 de novembro tem de ser todos os dias. Por isso temos orgulho do Sindsprev/RJ”, disse.

Participantes da Roda de Conversa no Sindsprev/RJ. Foto: Niko.

A Roda de Conversa também contou com a presença de Alexandre Telles, titular do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro, que fez uma saudação especial ao evento. “Hoje no Brasil temos um sistema de saúde que, apesar de universal e integral, ainda convive com preconceitos raciais e homofobia. Não é um sistema perfeito, mas por isso mesmo precisa superar essas situações. É com grande satisfação que saúdo a iniciativa de vocês no sentido de debaterem o significado da Consciência Negra”, disse, sob aplausos.

Dirigente da Fenasps (federação nacional), a servidora Lúcia Pádua também destacou a importância da atividade no Sindsprev/RJ. “É uma honra estar aqui, neste sindicato que tanto luta pela saúde pública e pelos direitos da população. Por meio da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia, o Sindsprev/RJ faz uma luta constante contra o racismo, tornando-se referência. Que o mês da consciência negra nos sirva para refletir sobre o fato de parte expressiva da população brasileira ainda não ter seus direitos respeitados”, frisou ela.

Durante a Roda de Conversa, temas como a necessidade de reparações, educação antirracista, violência policial e saúde da população negra estiveram no centro do debate. Uma faixa com homenagens às chamadas ‘mulheres resistentes de luta’ foi produzida com os nomes da cantora Elza Soares, da falecida dirigente Isabel Cristina Baltazar, de Mãe Beata de Yemanjá e das militantes Mônica Silvestre e Silvia Regina, do Movimento Negro Unificado (MNU).

Agente comunitária de saúde (ACS) lotada no Jardim Gramacho, a servidora Luciene Rosa lembrou o sofrimento dos profissionais de saúde durante a covid. “A maioria dos profissionais que faleceram naquela época era negra. Por isso precisamos resgatar nossa identidade. Nesses anos todos, foi aqui no Sindsprev/RJ que aprendemos a lutar pelos nossos direitos”, disse.

Dirigentes da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia e da Secretaria de Aposentados na saudação ao evento. Foto: Niko.

Ao falar sobre o significado do 20 de novembro, Júlio Condaque primeiro lembrou a trajetória da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia. “A secretaria surgiu em 1987 e, desde então, sua trajetória consolidou-se como referência em todo o país. Tendo a secretaria como exemplo, devemos combater o mito da democracia racial. Devemos lembrar que é muito ruim não termos identidade étnico-racial. Devemos saber o quanto é importante criticarmos as historiografias eurocêntricas. Em minha opinião, a partir das políticas gerais, devemos implantar as políticas específicas de raça, classe e gênero”, disse.

Representando a CSP Conlutas e o coletivo Quilombo Raça e Classe, Maristela Farias destacou a importância de ampliar as lutas antirracistas entre os servidores e servidoras. “Precisamos que a Secretaria de Gênero, Raça e Etnia leve esse debate para a base da nossa categoria, e não fique apenas restrita ao Sindsprev/RJ, por mais importante que isto também seja para a luta antirracista. Temos que ter uma política concreta e objetiva e não podemos abrir mão da solidariedade de classe e da luta pelo socialismo. A Secretaria tem uma tarefa árdua nos próximos anos”, afirmou.

No último dia 29/11, por 286 votos contra 121, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou proposta que torna feriado nacional o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. O Projeto de Lei 3268/21 já foi aprovado pelo Senado e segue agora para a sanção presidencial.

Também participou do evento o servidor Luiz Henrique Santos, dirigente da Secretaria de Aposentados e Terceira Idade do Sindsprev/RJ.

NOticias Relacionadas

- Advertisement -spot_img

Noticias