Barbárie e extermínio, teus nomes se chamam política de (in)segurança do Estado do Rio. Assim deve ser classificada a ação das polícias militar (PM) e rodoviária federal (PRF) que, na última terça-feira (24/5), na Vila Cruzeiro (zona Norte do Rio), resultou na morte de 23 pessoas. Todas brutalmente massacradas pelo Estado brasileiro.
Como sempre, e sem qualquer comprovação, a versão apresentada pela PM na tentativa de “justificar” a brutalidade da operação policial foi a de que a maioria das vítimas seriam de “pessoas suspeitas”, como se isto autorizasse previamente o Estado a praticar uma política de extermínio. Tal alegação trata-se, na verdade, de uma inaceitável inversão de valores, uma vez que cabe ao Estado assegurar o respeito à vida humana e à integridade física de toda e qualquer pessoa, esteja ela ou não incorrendo em crimes.
O massacre promovido pela PM e a PRF na última terça (24/5) já é considerada a segunda operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, atrás somente da ação no Jacarezinho, ocorrida em maio de 2021, que resultou em 28 mortes. Em fevereiro deste ano, outra operação conjunta da PM e da PRF na Vila Cruzeiro já havia resultado em oito mortes.
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Em uma rede social, Bolsonaro parabenizou a polícia pela operação na Vila Cruzeiro, ao afirmar que a PM e a PRF teriam “neutralizado 20 marginais ligados ao narcotráfico”. Na prática, o apoio de Bolsonaro à barbárie policial sinaliza a ideologia fascista do atual governo no trato das questões relacionadas à segurança pública. Uma ideologia que vê a população pobre das favelas e periferias como um inimigo a ser exterminado.
Não foi à toa que, desde o início de seu governo, Bolsonaro tentou mais de uma vez aprovar, no Congresso Nacional, uma legislação penal que conceda às forças de segurança brasileiras o chamado excludente de ilicitude, para que os policiais não sejam efetivamente responsabilizados pelos crimes que cometerem nas incursões realizadas em favelas e comunidades pobres.
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“O que o Estado brasileiro pratica na atualidade é a mesma política de extermínio e genocídio da época da escravidão. Quero lembrar que, há pouco tempo, houve a chacina do Jacarezinho, que resultou em 28 pessoas executadas, e agora acontece essa barbárie na Vila Cruzeiro. As supostas justificativas apresentadas pelo governo do Estado são inaceitáveis. Mesmo que todas as pessoas mortas fossem bandidos, o que não é verdade, isto jamais autorizaria o Estado a executá-las. A operação na Vila Cruzeiro é parte de uma escalada fascista no Brasil, uma escalada que tem o povo negro e pobre das favelas e periferias como inimigos a serem destruídos. Bolsonaro e o governador Claudio Castro são os líderes dessa escalada fascista que devemos repudiar”, frisou Osvaldo Sergio Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.