A luta em defesa das 30h semanais teve mais um round na tarde desta quinta-feira (12/5). Reunido com uma comissão composta por servidores da rede federal, dirigentes do Sindsprev/RJ e da Fenasps, o novo titular da Superintendência Estadual do Ministério da Saúde, Alexandre Falcão, comprometeu-se a conversar com o ministro Marcelo Queiroga sobre a possibilidade de convalidação das portarias emitidas pelos gestores hospitalares autorizando a realização da jornada de 30h semanais. Falcão também comprometeu-se a conversar com a direção-geral do Hospital Federal da Lagoa (HFL), para que a jornada de 30h semanais seja efetivamente respeitada naquela unidade, o que infelizmente não vem ocorrendo.
A reunião de Alexandre Falcão com a comissão de servidores aconteceu durante ato unificado dos trabalhadores da rede federal realizado em frente ao prédio da Superintendência Estadual, na rua México, 128 – Centro. Daqui a 15 dias haverá outra reunião entre o Superintendente e os dirigentes sindicais.
Após o ato e a reunião, os servidores fizeram uma assembleia em frente ao Nerj, quando aprovaram estado de greve, a realização de reunião (virtual e presencial) na próxima quarta-feira (18/5), às 18h, e a participação no ato unificado da enfermagem, no próximo dia 26/5, para defender a sanção ao Projeto de Lei 2564 (piso salarial).
“Esta pequena vitória que tivemos hoje não tira o risco de que toda a Portaria 260 caia, levando os trabalhadores da rede federal a terem de fazer 40h semanais. Por isso é tão urgente que continuemos mobilizados para garantir as 30h para todos e para que os servidores do INCA sejam incluídos nessa jornada. Durante a conversa com o Superintendente, reafirmamos a urgência de que as portarias emitidas pelos gestores hospitalares sejam convalidadas. Quanto à Portaria 260, frisamos que o Ministério não pode mexer unilateralmente numa portaria que foi produto de um acordo de greve em 2014. Afinal, quem construiu a Portaria 260 foram o Sindsprev/RJ e os trabalhadores da rede federal. Se for para mudar, tem que ser para incluir o INCA nas 30h. Quero lembrar que o governo não cumpriu o acordo de greve ao não implantar a mesa de negociação do INCA”, explicou Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev/RJ que, junto com Sidney Castro, representou o sindicato na reunião com Alexandre Falcão.
“É importante o diálogo com a população para explicarmos o nosso movimento, que é um grito de socorro porque, do jeito que está, não dá mais pra trabalharmos sem condições. Os servidores que deram seu suor para salvar vidas na covid têm agora, como prêmio do governo, o ataque às 30h. O que resolve é realizar concurso público para garantir o atendimento à população. As emergências dos hospitais federais estão fechadas por falta de recursos humanos. Não dá mais pra aguentar isso. Chega”, afirmou Sidney Castro.
Também presente à manifestação, o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) manifestou apoio aos servidores. “Cada um que está aqui na rede federal de saúde sabe rigorosamente o que está acontecendo na saúde e em todo o serviço público. Isto porque há um esforço do governo para desmontar esses servidos. A PEC 32, da reforma administrativa, está na Câmara dos Deputados, aguardando para ser votada, o que é uma ameaça. Daí a importância de todos vocês continuarem mobilizados. Contem comigo”, disse.
O servidor Henrique Tavares, do Inca, criticou o sucateamento da instituição. “Eu trabalho no setor cirúrgico, que trata de pacientes com câncer, e hoje tenho 25% dos leitos fechados por falta de recursos humanos. O atual governo impede até mesmo contratações temporárias. As pessoas hoje morrem de câncer na fila esperando cirurgia e quimioterapia por falta de recursos humanos. Falta vontade do governo para cuidar das pessoas”, frisou ele.
Dirigente da Fenasps (federação nacional), a servidora Lúcia Pádua citou a greve do INSS como referência de mobilização. “Os trabalhadores do INSS estão em greve há 50 dias, numa conjuntura tão difícil e sendo atacados pelo governo. Mesmo assim, mantiveram-se firmes, pressionaram os parlamentares e o resultado é que ontem [11/5] conseguiram arrancar do Ministério da Previdência o compromisso de implementação da carreira típica de estado que eles reivindicam. Esse é o caminho”, disse.
Ex-dirigente do Sindsprev/RJ, Júlio Tavares reforçou o chamado à mobilização. “Nós devemos fazer a nossa unificação e acompanhar o exemplo do INSS. Precisamos construir a greve da saúde federal, indo pras unidades de saúde denunciar o governo federal em todos os aspectos, incluindo as 30h semanais, condições de trabalho e concurso, e não somente a política salarial”, ressaltou.
A comissão recebida pelo Superintendente Alexandre Falcão para discutir a situação das 30h semanais foi composta por Cristiane Gerardo (dirigente do Sindsprev/RJ), Sidney Castro (dirigente do Sindsprev/RJ), Luiz Henrique Santos (dirigente do Sindsprev/RJ), Lúcia Pádua (dirigente da Fenasps), Henrique Tavares (servidor do Inca) e Juraci (servidora do Hospital da Lagoa).
Veja outras postagens sobre 30h, clicando abaixo:
