Em 25 de Janeiro, a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no RJ anunciou um processo seletivo para a contratação temporária de 1.
700 profissionais que deverão atuar nos seis hospitais da rede federal (Bonsucesso, Andaraí, Ipanema, Lagoa, Servidores do Estado e Cardoso Fontes).
Segundo a Superintendência, a contratação dos novos profissionais “permitirá a abertura de 100 novos leitos de enfermaria e 35 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para todas as especialidades”.
Embora melhor do que nada, a realização do processo seletivo está muito longe de solucionar os gravíssimos problemas decorrentes da insuficiência de recursos humanos em toda a rede federal do Rio, onde centenas de leitos foram interditados nos últimos dois anos, após as demissões em massa de contratados e o crescente sucateamento dos seis hospitais e três institutos sob gestão do Ministério da Saúde.
Processo seletivo na rede federal é enxugar gelo
Dirigente do Sindsprev/RJ, o servidor Sidney Castro citou as consequências do desmonte operado pelo governo Bolsonaro sobre toda a rede. “Hoje vivemos uma situação absolutamente caótica. As emergências dos hospitais federais de Bonsucesso, do Andaraí e Cardoso Fontes já foram fechadas por falta de profissionais e pelo sucateamento, o que é ainda mais inaceitável quando lembramos que continuamos em plena pandemia da covid. Em 2020 e 2021, o Ministério da Saúde demitiu mais de três mil contratados e realizou um certame totalmente irregular. Ao mesmo tempo, o governo continua com a absurda política de não realizar mais concursos para a rede federal. Por tudo isso, o processo seletivo que estão fazendo agora é o mesmo que enxugar gelo”, afirmou.
O cinismo do Ministério da Saúde é tão grande que, no documento em que anuncia o processo seletivo (disponível em https://bit.ly/3geJ1Yq), teve o disparate de qualificar sua gestão como “boa”, o que jamais correspondeu à verdade.
Rede Federal agoniza no Rio de Janeiro
Aprofundada nos últimos dois anos em níveis sem precedentes, a destruição da rede federal de saúde do Rio é uma pequena amostra daquilo que o governo Bolsonaro quer implementar em todo o serviço público brasileiro. “No momento, lutamos contra a proposta de reforma administrativa [PEC] 32 em tramitação no Congresso Nacional. Na prática, as situações previstas na PEC 32, como congelamento salarial, vínculos precários e suspensão de concursos públicos, já estão sendo praticadas nas unidades do Ministério da Saúde, onde a gestão foi militarizada”, afirma Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ e servidora do Hospital Cardoso Fontes.
Segundo levantamento elaborado pela Defensoria Pública da União (DPU), o déficit estimado de profissionais em toda a rede federal é de quase 10 mil profissionais.
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