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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Pela segunda vez em menos de um mês, servidores e pacientes repudiam privatização do Carlos Tortelly

Servidores e pacientes do Hospital Municipal Carlos Tortelly (ex-CPN) protestaram na manhã desta segunda-feira (10/1) contra a intenção do prefeito de Niterói, Axel Grael (PDT), de privatizar a unidade. Realizada em frente à entrada principal do CPN, a manifestação foi a segunda, em menos de um mês, organizada para repudiar a entrega da gestão da unidade a uma ‘organização social’ (O.S.).

Com faixas e camisetas onde se liam as frases “saúde não é mercadoria” e “viva o SUS”, os manifestantes também denunciaram a precária situação vivida pelo Hospital Carlos Tortelly. “Temos aqui no CPN um paciente que está há 45 dias esperando um diagnóstico para problemas de cabeça e pescoço porque não há médico para fazer esse diagnóstico. Também aqui no CPN os elevadores de carga estão há 10 anos sem conserto e, no CTI, o telhado continua com problemas. Tudo isto acontece num município que, como Niterói, terá orçamento de R$ 4,5 bilhões em 2022. É uma situação inaceitável. Não adianta ter uma unidade de portas abertas sem oferecer condições de trabalho para os servidores e uma assistência respeitosa aos pacientes”, frisou Sebastião José de Souza (Tão), da direção do Sindsprev/RJ.

Dirigente da Associação dos Servidores da Saúde de Niterói, a enfermeira Lilian Torquato também protestou. “A OMS disse que 2020 foi o ano da valorização da saúde, mas isto não é verdade porque nós, que atuamos na linha de frente, nunca fomos valorizados. A maior prova é que, recentemente, a prefeitura propôs um abono salarial que não incluiu todos os servidores, o que é um desaforo. Somos contra a privatização do CPN porque essa privatização é um ataque frontal ao SUS”, completou.

Diretor de assuntos jurídicos da Associação de Servidores da Saúde de Niterói, o advogado José Ricardo Lessa criticou duramente a experiência das organizações sociais (O.S.) no serviço público. “As O.S. são entidades envolvidas em escândalos e desvios de recursos, que manipulam sem nenhuma transparência. Quando uma O.S. assume uma unidade de saúde, por exemplo, a primeira coisa que ela faz é afastar os servidores estatutários, mas não só eles. Ela também afasta os RPAs, o que significa a descontinuidade do vínculo dos trabalhadores. O CPN sempre esteve aberto para atendimento a toda a população, independente do CEP dos pacientes. Por isto não podemos aceitar a entrega da unidade ao setor privado. Não podemos aceitar a quebra da gestão pública. Queremos o CPN público, sob gestão pública e transparente”, destacou.

“As O.S. nunca foram solução. Nada justifica a privatização do CPN e de qualquer outra unidade pública. Por que o município, ao invés de privatizar o CPN, não investe recursos no hospital para melhorar as condições de trabalho, melhorar os salários dos servidores e regularizar a situação dos RPAs, assinando a carteira de trabalho desses companheiros?”, questionou Charles dos Santos, dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói.

Luta contra privatização do Carlos Tortelly
Próximo ato contra a privatização do Carlos Tortelly será dia 22/2. Foto: Mayara Alves.

“Vamos fazer quantos atos públicos forem necessários para impedir a privatização do CPN. O SUS vem sofrendo intensa precarização, o que incentiva o desmonte por parte dos governos. Mas é o SUS que tem sido fundamental para atender a população, sobretudo na pandemia, que agora começa a novamente superlotar as unidades públicas com a variante Ômicron. Não aceitamos a privatização e vamos lutar em defesa desta unidade”, completou Ivone Suppo, da direção do Sindsprev/RJ.

Membro da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Niterói, o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) manifestou total apoio à luta contra a privatização. “O que os trabalhadores precisam entender, sobretudo os RPAs, cujos vínculos são mais precários, é que somente a luta coletiva será a solução. Não haverá saída individual, pois a relação de trabalho já é precária. Alguns RPAs acham, equivocadamente, que as organizações sociais vão resolver os seus problemas, mas na verdade será o contrário. As organizações sociais vão trazer mais transtornos aos trabalhadores porque, em essência, a terceirização significa baixos salários e menos direitos, enquanto os donos das O.S. recebem fábulas de dinheiro”, ressaltou ele.

A próxima manifestação em defesa do CPN e contra a privatização foi agendada para o dia 22 de fevereiro, a partir das 10h, em frente à entrada principal do Hospital Carlos Tortelly.

Leia outras matérias a respeito do Carlos Tortelly, clicando nos links abaixo:

Assembleia contra a privatização

Ato contra a privatização, em dezembro de 2021

 

 

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