Seguindo orientação do Comando Nacional dos Bancários e da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro realizou virtualmente, nesta quinta-feira (25/2), uma plenária que contou com a participação, além do funcionalismo do banco, de dirigentes de entidades sindicais de trabalhadores de outras estatais, da CUT e parlamentares. O objetivo foi dar o pontapé inicial na construção de uma campanha nacional unificada destas categorias para barrar o processo de privatização das empresas públicas colocado em curso pelo governo Bolsonaro, aproveitando-se da pandemia.
Foram dados informes sobre o andamento das mobilizações específicas dos empregados de cada estatal sob ameaça de privatização. Mas foi unânime a visão de que somente a unificação terá a força necessária para deter o projeto do governo federal de entregar todo este patrimônio bilionário construído com dinheiro público para dar mais lucro a grupos privados nacionais e estrangeiros.
Mobilizações conjuntas
Foram feitas propostas para, de imediato, organizar mobilizações conjuntas, como atos, paralisações e abaixo-assinados onde for possível, tendo como meta a organização de uma greve unificada das categorias envolvidas. Elaborar e divulgar, além dos materiais específicos explicando a importância de cada estatal para a população e o desenvolvimento do país, também materiais conjuntos. Foi proposta também a realização de vídeos a serem postados nas redes sociais, com este conteúdo. No Banco do Brasil estão sendo promovidas todas as quintas-feiras, paralisações, com distribuição de material específico ao funcionalismo e à população. A plenária sugeriu a inclusão de um abaixo-assinado em defesa do banco nestas atividades e outro virtual.
Como estamos na pandemia, foi sugerida a realização de plenárias por aplicativos mais amplas com a participação de dirigentes de entidades sindicais e de ‘plenarões’ para os quais seriam convocadas as diversas categorias. Seriam formas de trocar informações sobre a realidade de cada estatal ameaçada para, desta forma, ir construindo a luta pela base, e de definir os passos da campanha.
Foi classificado como fundamental ampliar o diálogo com a sociedade a respeito dos reais interesses do governo ao entregar as empresas públicas ao capital privado.
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Isto seria feito, também, através de contatos com associações de moradores, parlamentares e prefeituras. A plenária sugeriu, ainda, a organização de lives sobre o real papel das empresas públicas.
Preparação da privatização segue um modelo
Vinícius Camargo, diretor da Federação Nacional dos Petroleiros e do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro/RJ), defendeu a unificação e o acréscimo de reinvindicações mais gerais da sociedade à campanha unificada, como já vêm fazendo os empregados da Petrobras, como vacinação, já e redução dos preços dos combustíveis. “É preciso mostrar que só com a saúde pública e com empresas públicas será possível atender às necessidades da população”, disse.
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Segundo o dirigente, a preparação para a privatização segue o mesmo modelo: aumento da remuneração e bônus da diretoria para que se empenhem na privatização e em políticas que dividam os funcionários; demitir e fazer privatizações ‘fatiadas’ das empresas; e cortar direitos e salários. “Se o modelo e o inimigo que o impõe são os o mesmos, a saída que temos é nos unificar para resistir à privatização”, argumentou.
Sem tempo a perder
Heitor Fernandes, da Federação dos Trabalhadores dos Correios, disse que a unificação foi aprovada na recente plenária nacional dos empregados da empresa. “A ameaça é concreta. O governo decidiu se aproveitar da pandemia para acelerar o processo e passar a boiada. Não temos tempo a perder. Para nós também é central unificar as categorias”, defendeu.
Lígia Deslandes, secretária-geral da CUT do Rio de Janeiro e funcionária da BR Distribuidora, empresa da Petrobras privatizada, confirmou que o modelo de impor o desmonte, retirar direitos e fatiar para privatizar é o mesmo em todas as estatais. “A unificação é o caminho para derrotar este processo de destruição de tudo o que é público, de tudo o que está voltado para o benefício da população, desenvolvimento e independência do país”, afirmou.
Virgínia Berriel, da CUT Nacional, defendeu, frente à pandemia, a realização de atos unitários simbólicos, com os cuidados exigidos pela Organização Mundial de Saúde, como o uso de máscara, álcool gel e distanciamento. “O governo está covardemente se aproveitando da pandemia.
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É preciso reagir”, defendeu.
Apoio de parlamentares
O vereador Reimont (PT-RJ), defendeu a criação de Frentes Parlamentares em Defesa das Empresas Públicas em todas as Câmaras Municipais, como a já existente em defesa do BB, da CEF e do BNDES, presidida por ele, na Câmara do Rio. “Precisamos denunciar os impactos do desmonte que estão fazendo nas estatais a toda a sociedade, fazer contatos com as prefeituras, com as associações de moradores e o comércio, que serão os grandes prejudicados caso aconteçam as privatizações”, frisou. Através de sua assessora, Lourdes Guimarães, o deputado Carlos Minc colocou seu gabinete à disposição da campanha unificada. Enviaram mensagens de apoio à unificação o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) e o vereador Lindberg Farias (PT-RJ).
Rogério Campanate, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio e presidente da Associação dos Gerentes da Caixa Econômica Federal, defendeu a unidade e lembrou que como outras estatais, a CEF vem passando por um processo de privatização fatiada e que, agora, há uma ameaça ainda maior que é a transferência de todas as operações do banco para uma plataforma digital, a ser privatizada, o que acabaria com a estatal.
Rita Mota, diretora do Sindicato dos Bancários do Rio e da CEBB, defendeu a unificação para derrotar a privatização. Lembrou que o governo usa o falso argumento de que entregar para a iniciativa privada vai melhorar a gestão. “Mas a verdade é que o seu objetivo é transferir para o setor privado empresas extremamente lucrativas voltadas para o desenvolvimento do país, um mau negócio para a população para atender à ganância de grupos privados e concentrar ainda mais a riqueza”, afirmou.
O dirigente da Contraf-CUT, Marcello Azevedo, lembrou que as empresas públicas foram construídas com o imposto pago pela população, em setores que o capital privado não quis investir porque era caro e não dava retorno imediato. “Agora que as estatais estão extremamente lucrativas quer passar para grupos privados desfrutarem deste lucro. Quem perde é o país”, afirmou.