O racionamento de água potável no Hospital Federal do Andaraí gerou uma crise na unidade hospitalar. Nesta terça-feira (10/5), em frente ao hospital, profissionais e pacientes, liderados pelo Sindsprev-RJ, fizeram uma manifestação de repúdio, em conjunto com a CTB-RJ e o Sintsama-RJ. Uma situação absurda imposta pela prefeitura do Rio, nova gestora do Hospital. A situação chegou a esse ponto devido ao encerramento do contrato com a empresa São Geraldo, anteriormente responsável por esse serviço.
O novo contrato com a empresa Agile prevê que o fornecimento de água potável será feito apenas em um filtro localizado no refeitório do hospital, e não mais em galões de água localizados nos setores fechados.
Christiane Gerardo, diretora do Sindsprev-RJ, criticou a prefeitura do Rio pelo racionamento de água que acontece no Hospital do Andaraí, prejudicando usuários e profissionais da unidade.
“Essa semana, no Centro de Queimados, um servidor da nutrição não levou água suficiente para os pacientes por conta do racionamento. Um absurdo justamente para quem necessita de água para sobreviver. Os trabalhadores também foram prejudicados. Um trabalhador não pode ficar 12h ou 24h de plantão sem água. Isso é o resultado da municipalização. Diante da situação, os funcionários fizeram vaquinha para comprar galão de água”, disse, indignada.
A dirigente contou que os suportes dos galões de água foram retirados para dificultar a entrada dos galões.
“Isso é o retrato da precarização da relação de trabalho. Todo o empregador tem obrigação de garantir água para o seu trabalhador. O Sindsprev-RJ está distribuindo água porque a prefeitura do Eduardo Paes está fazendo racionamento de água com o trabalhador que fica em setores fechados sem água. Água não é concessão. Água é direito. A prefeitura tem obrigação de dar todas as condições necessárias para os pacientes internados, usuários e profissionais de uma unidade hospitalar”, destacou.
Sidney Castro, também diretor do Sindsprev-RJ, ressaltou que é inaceitável o racionamento de água que acontece no Hospital do Andaraí. Segundo ele, isso é um dos exemplos da incapacidade e incompetência da prefeitura em gerir um hospital de grande porte.
“Os mais penalizados são os usuários que têm cirurgias agendadas e estão sendo suspensas. No Hospital Federal de Bonsucesso, o índice de mortalidade dobrou nas emergências porque estão colocando pessoas sem qualificação para atender. E esse é o papel da entidade sindical. Estamos aqui para denunciar esse caos que está acontecendo. As perseguições que estão sendo feitas nesse hospital do Andaraí com companheiros que estão aqui há 20 e 30 anos, dentro do hospital, dando a vida pela vida”, comparou.
O dirigente lembrou ainda que, na época do Covid-19, quem mais trabalhou, salvando vidas, foram os trabalhadores da saúde.
“Em momento algum, esses trabalhadores, que hoje estão sendo escorraçados de dentro do Hospital Federal do Andaraí pelo município, pelo Eduardo Paes, pelo Daniel Soranz, que faz uma política de massacrar os trabalhadores, são valorizados. O secretário desqualifica e desvaloriza os trabalhadores. Estamos aqui para distribuir água e dizer que vocês não vão ficar sem água porque nós, do Sindsprev-RJ, vamos distribuir água para todos vocês. É um atentado o que acontece no Rio de Janeiro com esse fatiamento e essa entrega dos hospitais. Pessoas que não estão qualificadas para fazer atendimento. Nesse caos, é inaceitável proibir que o servidor possa beber água. Por isso vamos denunciar todos os dias esse pacote de maldades que o município vem fazendo no Hospital do Andaraí, um hospital de referência”, lamentou.
Cristiane dos Santos, diretora do Sindsprev-RJ, apontou o risco a que os pacientes do Hospital do Andaraí são submetidos com a falta de capacitação do município em gerenciar uma unidade de grande porte.
“Temos pacientes que necessitam que a questão hídrica seja monitorada e aqueles que têm restrição hídrica, que precisam beber uma quantidade menor. Quando a gente tem dentro da unidade pessoas de fora, familiares, levando água para esses pacientes, é porque perdemos o controle. Quando a gente perde esse controle significa que a gente está colocando em risco a vida desses pacientes. Isso deixa claro que o município não tem a menor condição de gerenciar um hospital como o do Andaraí”, criticou.