16.2 C
Rio de Janeiro
quinta-feira, junho 12, 2025
spot_img

Sindsprev-RJ promove debate sobre intolerância religiosa e discriminação racial

A Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev-RJ organizou, no último dia 6/6, um seminário sobre intolerância religiosa e discriminação racial. O evento foi realizado no auditório da entidade, no Centro do Rio. Diretores do sindicato, políticos, profissionais liberais e representantes religiosos participaram do debate.

Osvaldo Sergio Mendes, diretor da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev-RJ, lamentou o crescimento da intolerância religiosa no país. Segundo ele, grande parte da população não tem consciência de que trata-se de um processo de ódio que começou no governo Bolsonaro.

“A intolerância religiosa sempre existiu, mas aumentou muito a partir do governo Bolsonaro. Infelizmente. Vamos fazer outras atividades para discutir a questão religiosa da matriz africana, a intolerância religiosa e a discussão racial”, avaliou

Matheus Marques Ferreira, enfermeiro especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, ressaltou que os dois temas afetam diretamente o direito de ir e vir e o de processar a fé.

“A intolerância religiosa afeta o meu direito de autonomia de estima, enquanto cidadão de poder sair de branco, de poder proteger o meu Ori (palavra da língua iorubá que significa literalmente cabeça). Essas microviolências que o não direito vai produzindo no ser humano acarretam questões muito subjetivas que impactam diretamente nos indicadores que a gente tem hoje com a população negra de natureza africana. População que mais tem sintomas depressivos, que mais tem frustração física”, analisou.

O enfermeiro destacou que a coragem das pessoas em denunciar a intolerância religiosa e a discriminação racial foi fundamental para a redução dos casos, apesar de ainda considerar alto o índice de violência.

“As denúncias vêm aumentando há alguns anos, inclusive por debates, discussões e projetos políticos criados. Não significa aumento nem redução de casos. Significa que não eram divulgados na mesma proporção pela ausência da presença politica, de aparatos institucionais. As pessoas ficavam muito isoladas e reclusas em debater isso. Em trazer isso à tona. Quanto ao enfrentamento, acho que a gente ainda está a alguns anos luz de pensar uma igualdade de direitos religiosos quando pensamos em religiões protestantes e católicas. A gente está no caminho, mas no caminho longo a passos curtos. Importa continuar no caminho. Não parar nem voltar. Não estagnar. Mas ainda estamos longe de nos aproximarmos de uma igualdade religiosa que outras religiões têm aqui no Brasil”, comentou.

Maria Ivone Suppo, diretora do Sindsprev-RJ, disse que os negros são os que mais sofrem discriminação no Brasil.

“Nós, enquanto religiosos de matrizes africanas, também sofremos no dia a dia com a discriminação, com a intolerância religiosa, com o racismo religioso. Realizar esse seminário é uma forma de alertar que estamos atentos e lutando contra essa discriminação que sofremos no dia a dia”, enfatizou.

A dirigente lamenta a participação reduzida dos negros em vários setores da sociedade.

“Nós negros somos os que menos ocupam espaço no mercado de trabalho. Somos aqueles que ganham menos. Que nunca têm uma chance de gestão. Nunca ocupamos espaço de poder. Nos libertaram, mas não nos deram condições para essa liberdade. Nos jogaram no mundo e falaram: vão. Mas não deixaram a gente ocupar o nosso espaço. Merecemos uma reparação. Merecemos ocupar nosso espaço nessa sociedade. Temos que ser respeitados”, apontou.

 

NOticias Relacionadas

- Advertisement -spot_img

Noticias