A diretora do Sindsprev/RJ Clara Fonseca percorreu, nesta quinta-feira (20/2), as agências do INSS da Zona Oeste, constatando que, ao contrário do prometido pelo governo federal, não vem funcionando a promessa de resolver a situação caótica da concessão e atendimento. “Na agência Campo Grande dois militares e um servidor do INSS se apresentaram, mas, como a administração e eles mesmos não tinham informação sobre a área em que iriam trabalhar, horários e valores do pagamento, foram encaminhados para a Agência Centro, uma das cinco que funcionam no bairro”, relatou a dirigente. Os militares sequer tinham treinamento.
“Em vez de fazer um trabalho sério, voltado para atender dignamente o segurado, com a realização de concurso para a reposição de mais de 20 mil vagas, que é o tamanho do déficit de pessoal, o governo Bolsonaro tenta tapar o sol com a peneira, contratando militares sem capacitação adequada para o serviço”, criticou. A dirigente visitou todas as agências da Zona Oeste.
Além das cinco de Campo Grande, as de Santa Cruz, Realengo e Bangu.
Todas estavam lotadas e com poucos servidores. “Os segurados estavam sendo encaminhados para a Gerência Irajá porque nas que visitamos não conseguiram resolver seus problemas, sem solução há mais de um ano. Esta realidade, além de prejudicar o segurado, adoece os servidores do Instituto, sobrecarregados com de trabalho e com estresse elevado”, alertou.
Tudo na mesma
A situação mostra que nada mudou com a demissão do ex-presidente do INSS, Renato Vieira, e sua substituição pelo ex-secretário de Previdência, Leonardo Rolim. O motivo alegado foi a falta de solução para o enorme atraso na concessão de aposentadorias, pensões, licenças de saúde e o caos no atendimento, causados, na verdade, não pela ineficiência de um gestor, mas pelo déficit de pessoal de cerca de 20 mil servidores; pela proibição de realização de concurso; e pelo profundo corte de verbas do Instituto. Ou seja, por uma política de governo que não muda com a substituição.
A política de desmonte continua. A contratação de militares e ex-servidores (aposentados) da autarquia é uma cortina de fumaça para tentar passar a impressão de que o governo quer resolver a situação caótica, o que só se resolveria com a reposição de pessoal. “O que resolveria o problema seria o concurso público. A grande questão é que isso, além do fim do corte de mais de 50% no orçamento do ano passado e deste ano para o INSS, resolveria o problema. Mas o governo não quer isso, quer esvaziar o Instituto, fazer funcionar mal para justificar a privatização”, denunciou.
O governo Insiste no discurso de que tem que mudar a forma de trabalho com o teletrabalho ou semipresencial, para aumentar a produtividade. E usa esse argumento para não fazer reposição de mão de obra. Só que a realidade é que, embora as novas tecnologias possam até diminuir o número de novos servidores, não há como atender à demanda sem concurso. O INSS perdeu 20 mil postos de trabalho e o governo teria que repor pelo menos 50% disso ou não vai resolver o problema do represamento de processos e queda na qualidade do atendimento.