O Grupo Empresarial Conceição bem que tentou, mas não foi nesta semana que conseguiu entrar e assumir a gestão do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), iniciativa do Ministério da Saúde. A empresa não consegue entrar na unidade por conta da resistência dos servidores do HFB e da rede federal, que são contra a entrega do Hospital ao Grupo empresarial e ao fatiamento das demais unidades de saúde. Nesta manhã desta sexta-feira (18/10), vários servidores reforçaram o grupo que está acampado em frente ao HFB.
Na próxima segunda-feira (21) haverá uma audiência de conciliação entre o grupo Conceição e os servidores que protestam contra a decisão da Justiça.
Os servidores estão em greve há cinco meses e, nas últimas semanas, protestaram contra a intervenção, ocupando salas e, principalmente, o andar da direção do HFB. A mudança na administração entrou em vigor com uma portaria do Ministério da Saúde publicada na última terça-feira (15), no Diário Oficial da União.
Cristiane Gerardo, dirigente do Sindsprev-RJ, comentou que o ex-ministro da saúde José Gomes Temporão entrou em contato com o Comando de Greve para saber da situação do Hospital Federal de Bonsucesso. “Ele está preocupado com o andamento do processo, com a situação dos servidores e futuro da unidade. O Grupo Conceição entrou com CNPJ para trabalhar com emergência e urgência, mas não tem como fazer isso. Sem falar que fez isso com dispensa de licitação. Outra medida, também sem licitação, foi o processo seletivo. Com taxa de 38 reais, com previsão de 50 mil inscritos, vai arrecadar milhões”, comentou.
A diarista Maria da Conceição, 58 anos, é contra a entrega do Hospital Federal de Bonsucesso ao Grupo Conceição. Ela critica o sucateamento que o governo vem realizando nos últimos anos para “se livrar de sua administração”. “O Hospital Federal de Bonsucesso sempre foi referência de atendimento em várias especialidades. Graças ao atendimento de bebês prematuros de alto risco meu filho foi salvo quando nasceu. Se não fosse o atendimento e a competência dos médicos e profissionais da unidade, meu filho não estaria vivo. Minha mãe teve grave problema cardíaco e também foi salva pelos médicos daqui. Este Hospital é exemplo e deveria receber investimentos para ficar ainda melhor e atender mais pessoas”, avaliou.
O mecânico Sergio Silva Mendes, 62 anos, criticou a iniciativa do governo Lula em entregar a direção da unidade para o Grupo Conceição. Segundo ele, a iniciativa é exemplo de quem não tem competência para administrar um hospital público. Ele contou que a esposa Cristina tem problema renal e faz tratamento e exames na unidade. “O atendimento e atenção dos médicos sempre foi excelente, além do acesso aos exames. Não teríamos condições de recorrer à rede particular. Muito estranho o governo sucatear toda uma estrutura, que sempre funcionou e foi modelo, para entregar à uma empresa. Dá até para desconfiar. Quem perde com isso é a população, principalmente os mais pobres e vulneráveis”, criticou.