Pondo em prática todas as medidas do protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a prevenção contra a covid-19, servidores federais, estaduais e dos municípios participaram, nesta quinta-feira (10/12), do protesto nacional contra a reforma administrativa. No Rio, houve caminhada, a partir da Candelária, e, em Brasília, ato em frente ao Palácio Buriti, onde funciona o governo do Distrito Federal, a partir das 8h30, com carreata em seguida até a frente do Congresso Nacional, com realização de nova manifestação, e passeata que terminou com ato, às 16 horas, em frente ao Palácio do Planalto.
Houve participação, embora pequena, de empregados de estatais que também serão atingidos pela reforma. Ao contrário do que fez em relação a protestos da direita a polícia do Distrito Federal proibiu o uso do carro de som, tanto na Esplanada dos Ministérios, quanto na Praça dos Três Poderes. O que não impediu a realização das manifestações.
Na capital federal, logo cedo, entidades de movimentos populares, servidores do INSS e dirigentes da Federação Nacional dos Trabalhadores na Saúde e Previdência (Fenasps), participaram de ato em frente ao prédio do Instituto. Foi em repúdio à decisão do presidente do órgão, Leonardo Rolim, que desmarcou negociação agendada para o último dia 9, quando se discutiria o fim do acordo de metas em plena covid, a imposição da volta ao trabalho presencial, inclusive de integrantes do grupo de risco, jornada de trabalho e a realização de concurso para repor mão de obra frente ao déficit de 21 mil servidores que inviabiliza o funcionamento da Previdência e represa milhões de processos de concessão de benefícios.
Vacinação, já!
Além das entidades sindicais de representação nacional e estaduais dos servidores públicos estiveram presentes nos protestos nacionais contra e reforma dirigentes das centrais sindicais, entre elas a CSP-Conlutas e a CUT, e entidades dos estudantes, como a UNE, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), do movimento por moradia, além de representantes de partidos políticos do campo progressista. As manifestações do Dia Nacional de Luta Contra a Reforma Administrativa (PEC 32), também reivindicaram a colocação em prática de um plano nacional de vacinação contra o novo coronavírus, a manutenção do auxílio emergencial e o fim da intervenção de Bolsonaro na eleição de reitores de universidades federais.
Seguindo protocolos da OMS
“O Dia Nacional de Luta mostrou ser possível realizar atos públicos desde que sejam seguidos todos os protocolos de prevenção da covid-19”, constatou Moacir Lopes, diretor da Fenasps. Em todas as manifestações os participantes guardaram o distanciamento e receberam das entidades organizadoras, kits com máscaras e álcool gel, entre outros.
A diretora do Sindsprev/RJ, Ivone Suppo, condenou Bolsonaro por ainda não ter anunciado um plano nacional de vacinação contra a covid-19, o que qualificou como atitude irresponsável que coloca em risco a vida de milhões de pessoas. Classificou o governo como alienado ao ter se colocado contra o uso da vacina produzida pela empresa chinesa Sinovac. “Bolsonaro está criando um problema por que o filho decidiu inventar a acusação de que a China estaria querendo vender a sua tecnologia 5G para espionar o mundo, acusação sem provas, por pura discriminação, o que fez o presidente se colocar contra a vacina chinesa, o que é uma boçalidade, pois o que está em jogo é a vida da população brasileira”, afirmou.
Votação da PEC 32
Na avaliação de Moacir Lopes a briga pela eleição da Mesa Diretora, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, vem inviabilizando o debate e votação da reforma administrativa, o que é positivo. “É difícil o Congresso Nacional aprovar qualquer coisa enquanto não se definirem as Mesas da Câmara e a do Senado.
A bancada bolsonarista se dividiu entre os que recebem apoio formal do Bolsonaro e a parte apoiada pelo Rodrigo Maia, tendo, ainda, a candidatura a ser lançada pelo PSOL.
Está se tentando costurar, ainda, uma alternativa da oposição toda.
Mas temos que monitorar bem esta movimentação, nos preocupar em nos articular para barrar a votação que virá, creio, no início do próximo ano”, alertou. Disse que o governo federal está se organizando para colocar a matéria em votação assim que esta disputa estiver definida.
Próximos passos
O próximo passo da campanha contra a reforma administrativa será fazer com que os fóruns estaduais pressionem os parlamentares em suas bases. O Fonasef (Fórum Nacional das Entidades Sindicais dos Servidores Federais), deverá se reunir para avaliar as mobilizações desta quinta-feira e decidir o que fazer a seguir. O mesmo deverá estar sendo feito pelas entidades e partidos que formam os fóruns unificados.