Servidores do Hospital Federal de Bonsucesso realizaram assembleia, nesta quinta-feira (10), e votaram, por unanimidade, manter a ocupação no andar da direção do hospital e a greve por tempo indeterminado contra a entrega da unidade ao Grupo Conceição. No próximo dia 15 de outubro, a paralisação dos trabalhadores da rede federal completará cinco meses.
Recebeu apoio unânime também denunciar em todas as esferas os escândalos de desvios de recursos da rede federal e de repasse para manutenção dos hospitais federais. A dirigente do Sindsprev-RJ Christiane Gerardo mediou a votação.
Sidney Castro, também dirigente do Sindsprev-RJ, lembrou que os servidores, em nenhum momento, foram consultados sobre a entrega do Hospital para o Grupo Conceição. Segundo ele, isso reforça ainda mais a necessidade de os servidores resistirem a esta ação. “Temos que honrar e valorizar os companheiros que vêm dormindo nos corredores da unidade em protesto contra a entrega do Hospital ao Grupo Conceição. São exemplos de repúdio contra este ato que vai contra a população e os servidores. É lamentável ouvir de companheiros a pergunta sobre o que será de nós com essa entrega do hospital. Temos que ter resistência, dormir e acordar em acampamento. Nossa luta é por dignidade e sobrevivência”, avaliou.
O médico Francisco, lotado no HFB, elogiou a iniciativa do Sindsprev-RJ de defender o vínculo de trabalho dos servidores. “Cada um de nós deveria transmitir aos nossos colegas de repartição a necessidade de estar presente neste movimento que defende a área de saúde dessa saraivada de maus feitos que tanto a ministra Nisia tem feito em relação à nossa categoria da saúde. São 14 profissões que serão impactadas e que perderão o seu vínculo de trabalho. Em torno de 12 a 15 mil servidores, multiplica por quatro e teremos muito mais pessoas segregadas e aviltadas. Quero agradecer ao Sindsprev-RJ, que nos permite essa manifestação justa e perfeita contra essa repressão de cima para baixo. Ninguém pode ocupar um lugar que é ocupado sem o consentimento do outro. Essa política atual não tem ética”, concluiu.
Já o médico Paulo Pinheiro, que obteve 14.889 votos na eleição para vereador, não conseguindo se reeleger, destacou que os servidores deveriam recorrer ao Ministério Público contra a entrega do Hospital Federal de Bonsucesso ao Grupo Conceição. “Não houve transparência no processo e muito menos diálogo com servidores. O fatiamento da gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro obviamente está abrindo espaço para muitas dúvidas e incertezas que comprometem o atendimento nas unidades. O Ministério da Saúde não ouviu ninguém a nível municipal e estadual. Faltou respeito. Não podemos sair da luta e permitir que essa vergonha aconteça. Não queremos essas pessoas no comando do Hospital Federal de Bonsucesso”, comentou.