Servidores da rede federal em greve protestaram, na manhã desta segunda-feira (29/7), contra o descaso do Ministério da Saúde no trato de suas reivindicações. A manifestação aconteceu no plenário do Teatro Odylo Costa Filho (Uerj), durante e após a cerimônia de abertura da Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de dados, evento promovido pelo IBGE na universidade.
Tão logo o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, fez a última fala oficial da cerimônia de abertura da Conferência, a servidora Maria Isabel, do Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF), pronunciou um discurso denunciando a privatização e o fatiamento das unidades federais de saúde. Postada em frente ao palco, Isabel também verbalizou as reivindicações de servidores e também de estudantes da Uerj, que desde a última sexta-feira (26/7) ocupam a reitoria da universidade em protesto contra o corte do auxílio-alimentação de 6 mil alunos.
“Somos a rede federal, somos também servidores e estudantes da Uerj, que ocuparam a reitoria para garantir o pagamento de suas bolsas de estudo recentemente cortadas. Nós estamos pleiteando que os hospitais federais não sejam fatiados e entregues à municipalização, à estadualização e à Ebserh. Além de perdermos nossos espaços de trabalho, nos preocupamos com a saúde mental de colegas que não suportam mais estar vivendo uma desumana greve de 78 dias, em meio à qual o governo não faz nenhum gesto de comunicação. Esperamos que hoje [29/7] a ministra Nísia tenha a decência de nos receber em Brasília. Queremos dizer que não vamos recuar”, afirmou Isabel, para em seguida ler o texto de uma carta dos movimentos sociais em apoio às greves da saúde federal, do INSS e do Ibama. Entre outras entidades, a carta foi assinada por CSP Conlutas, Sindipetro-RJ, Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST) e PSTU.
Ao longo de toda a cerimônia de abertura, servidores da rede federal, trabalhadores do IBGE, petroleiros, técnico-administrativos e estudantes da Uerj uniram-se num único protesto contra os governos federal e estadual do Rio. Faixas como “Lula, traidor da Saúde Federal”; “Nísia, a inimiga do SUS”; “A Uerj merece um orçamento do tamanho dela”; e “60% da força de trabalho do IBGE não possui estabilidade e recebe R$ 1.512,00. Até quando?” foram estendidas lado a lado, para constrangimento geral dos organizadores do evento.
Até conseguirem acessar o plenário do Teatro Odylo Costa Filho, os servidores viveram clima de tensão com os organizadores da Conferência, que tudo fizeram para impedir a entrada dos trabalhadores da rede federal. Como resposta, os servidores iniciaram um protesto no hall de entrada do Pavilhão João Lyra Filho, aos gritos de “queremos entrar”. Enquanto isto, porém, continuava o lamentável festival de enrolação praticado pelos organizadores da Conferência. Foi então, cerca de 40 minutos após a negativa, os servidores perderam a paciência e, sem serem impedidos pela segurança, finalmente adentraram o plenário do Teatro.
Estiveram presentes à cerimônia de abertura da Conferência, além de Márcio Pochmann, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, e o ministro da previdência social, Carlos Lupi.
Hoje (29/7), a partir das 17h, em Brasília, está prevista audiência presencial da ministra Nísia Trindade (Saúde) com uma comissão de dirigentes do Sindsprev/RJ e servidores da rede federal. A audiência foi agendada após manifestação realizada na última quarta-feira (24/7), em frente à ONG Ação da Cidadania, onde Lula (PT) e Nísia participavam de evento preparatório do G-20.
Além de municipalizar o Hospital Federal do Andaraí, a gestão Lula-Nísia Trindade já iniciou o processo de entrega do Hospital dos Servidores à Ebserh e do Hospital de Bonsucesso ao Grupo Empresarial Nossa Senhora da Conceição. O Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, é outra unidade na mira do fatiamento desejado pelo Ministério da Saúde.
