Servidores dos hospitais federais do Rio de Janeiro ocuparam às 10h40 desta segunda-feira (12/8) o hall da sala da diretoria do Hospital do Andaraí. O objetivo é protestar contra o plano do governo Lula e do prefeito Eduardo Paes de fatiar os seis hospitais federais do Rio de Janeiro. Cada unidade seria entregue para um gestor diferente, entre eles a Prefeitura, o grupo hospitalar Nossa Senhora da Conceição (do Rio Grande do Sul), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e a Fundação Oswaldo Cruz.
O desmembramento seria a primeira etapa do processo de privatização da rede federal, como fez Paes com a rede municipal de saúde. Todas as unidades – hospitais, UPAs e clínicas da família – foram entregues a organizações sociais, nome dado pela legislação a grupos privados.
“Só vamos sair daqui quando a ministra da Saúde, Nísia Trindade, respeitar a decisão do Conselho Municipal de Saúde que rejeitou a entrega do Hospital do Andaraí para o prefeito do Rio, Eduardo Paes. As decisões dos conselhos distritais, municipais, estaduais e do conselho nacional de saúde, que fazem parte do controle social, previsto na lei que criou o Sistema Único de Saúde, não podem ser desrespeitadas pelo Ministério da Saúde, ou qualquer outra instância estadual, ou municipal ”, afirmou durante a ocupação, a diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo.
A dirigente disse que a ocupação vai cobrar de Nísia Trindade, explicações sobre a reunião que fez na semana passada sobre a reestruturação dos hospitais federais, sem a participação de um único diretor da unidade. “Também queremos saber qual a justificativa para passar hospitais federais para as mãos do secretário Daniel Soranz que não consegue sequer administrar os hospitais privatizados pelo município”, afirmou.
Os profissionais da saúde federal entraram em greve em 15 de maio, logo após serem confirmadas as informações de que o governo Lula havia decidido colocar em prática, junto com o prefeito Eduardo Paes, o plano de fatiar a rede federal, que tem um orçamento de mais de R$ 1 bilhão, sendo constituída somente por hospitais de alta complexidade.
O acordo com Paes prevê passar para a Prefeitura os hospitais do Andaraí e Cardoso Fontes (Jacarepaguá); o Hospital dos Servidores seria fundido com o Hospital Universitário Gafrée e Guinle, passando a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela gestão do Gafréé e mais 34 hospitais universitários.
Já o Hospital de Bonsucesso passaria para as mãos do grupo hospitalar Nossa Senhora da Conceição, do Rio Grande do Sul. O da Lagoa iria para a Fundação Oswaldo Cruz, instituição que já foi presidida por Nísia. O governo ainda não teria definido o ‘novo dono’ do Hospital de Ipanema. A greve e seguidos protestos de rua impediram a execução do plano até aqui.