Com auditório lotado e expressiva participação dos servidores, começou hoje (2/12) o 2º Seminário da Vigilância em Saúde (ex-Funasa e ex-Sucam), que continuará sendo realizado na parte da tarde e também ao longo de toda esta sexta-feira (3/12).
Após a saudação inicial feita pela mediadora, Ivone Suppo, e outros dirigentes do Sindsprev/RJ, foi constituída a mesa de debates da manhã de hoje, com o tema ‘saúde do trabalhador’, e que contou com a fala inicial de Ariane Leites, coordenadora do Projeto Integrador Multicêntrico do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) da Fiocruz. Após explicar as principais atividades realizadas e promovidas pelo Projeto Multicêntrico — como o estudo do impacto do uso de agrotóxicos na saúde dos guardas e agentes de endemias, a realização de exames periódicos e o estudo de informações estatísticas para monitoramento, entre outras —, Ariane destacou a metodologia utilizada pelo Cesteh-Fiocruz, baseada na ampla participação dos trabalhadores e suas entidades representativas. “Nosso trabalho é feito a partir da discussão coletiva, com reuniões periódicas, avaliações e a perspectiva de compartilhar o conhecimento entre todos. É muito mais que a realização de exames e atendimento no Cesteh, pois as atividades também incluem a participação em seminários, debates e simpósios junto com pesquisadores de outras instituições, para a troca de informações”, frisou ela, anunciando que o Cesteh está retomando atendimento presencial aos trabalhadores, que pode ser agendado pelo telefone (21) 25982830.
Câncer matou a maioria dos contaminados
A pesquisadora pediu ainda que os trabalhadores não deixem de responder ao questionário elaborado pelo Cesteh sobre condições de trabalho – veja ao final. “É muito importante que, além de responderem ao questionário, os trabalhadores nos procurem para atendimento, pois a maioria dos agentes e guardas de endemias está exposta aos agrotóxicos. Estamos com outros projetos, como o I Curso de Formação em Saúde, Trabalho e Ambiente, que está sendo muito importante também”, disse.
Antes de concluir sua fala, porém, Ariane apresentou um dado estarrecedor. Segundo ela, até 2010 havia uma média de 5 óbitos de trabalhadores por contaminação a cada ano. Mas, de 2010 a 2015, esses óbitos passaram ao espantoso número de 40 mortes anuais. “Isto mostra a evolução do doença. O pior é que grande parte desses mortos tinha uma idade média de 55 anos, o que significa que sequer tiveram tempo de se aposentar. Além de doenças do aparelho circulatório, o câncer atingiu praticamente todos os mortos”, frisou.
“É uma política de genocídio”, afirma pesquisador
Membro da Escola de Saúde Pública Sergio Arouca (Fiocruz), o professor Luiz Carlos Fadel falou em seguida, por meios virtuais, saudando o II Encontro da Vigilância em Saúde e apresentando suas ponderações. “A grande verdade é que estamos numa guerra, como são as relações entre capital e trabalho. As mortes de trabalhadores por contaminação, denunciadas pela Ariane, mostram a perversidade de uma política que se agrava ainda mais sob o atual governo de extrema direita. É uma política de genocídio, e a situação dramática vivida pelos agentes e guardas de endemias é a prova mais cabal desse genocídio. O Sindsprev/RJ pode aumentar ainda mais a contribuição que tem dado à luta contra essa política se ampliar as parcerias com outras instituições e movimentos de trabalhadores, incluindo os movimentos de luta contra o racismo. Uma boa ideia seria um programa de formação continuada”, destacou, sob aplausos.
Departamento de Saúde do Trabalhador(a)
Representando o Departamento de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Sindsprev/RJ, os servidores Marcos Rogerio, Francisco Araujo e Enilton Felipe apresentaram um resumo das atividades que coordenam. “O Departamento reúne-se semanalmente, no Sindsprev/RJ, mas, devido à pandemia da covid, teve que realizar suas atividades por canais remotos. Em nossas reuniões, debatemos as questões que envolvem os riscos aos trabalhadores, a partir da parceria que firmamos com o Cesteh-Fiocruz. Importante destacar que todos os trabalhadores da seguridade e do seguro social, não apenas os guardas de endemias, podem e devem participar do Departamento. Em novembro de 2017, protestamos em frente à sede do Ministério da Saúde, no Rio, para denunciar os índices de contaminação por agrotóxicos e cobrar a realização de exames periódicos. Temos várias outras atividades e esperamos que vocês continuem a escrever conosco a história do Departamento”, ressaltou.
Francisco Araújo destacou a necessidade de aprofundar a atuação do Departamento junto aos municípios. “É essencial levarmos à base da nossa categoria o acúmulo de conhecimentos que estamos obtendo a partir das parcerias que estamos desenvolvendo.”, disse.
Enilton Felipe, por sua vez, reafirmou a necessidade de os servidores responderem ao questionário do Cesteh sobre condições de trabalho.
Dirigente da Fenasps e do Sindsprev/RJ, o servidor Pedro Lima propôs que, além dos meios virtuais, o Sindsprev/RJ distribua o questionário fisicamente (impresso) na base, para os trabalhadores responderem.
Tenha acesso ao questionário, clicando no link abaixo:
Na tarde de hoje (2/12), o Seminário continua com uma mesa que será composta por Lindbergh Farias (vereador do PT), Paulo Lindesay (dirigente da ASSIBGE) e José Milton (dirigente da Condsef).
O Seminário está sendo realizado no auditório nobre do Sindsprev/RJ (rua Joaquim Silva, 98 – térreo – Lapa).