Servidores da saúde de Niterói protestaram, na manhã desta quarta-feira (31/8), contra as precárias condições da rede pública da cidade, onde problemas como falta de medicamentos, falta de insumos e atrasos de salários são constantes. O protesto foi realizado em frente ao Hospital Municipal Carlos Tortelly (antigo CPN), uma das unidades de saúde de Niterói em estado mais crítico. Vice-presidente da Comissão de Saúde da Alerj, a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB) participou do ato em apoio aos servidores e pacientes.
“Na saúde de Niterói estão faltando antibióticos e até medicamentos baratos, como dipirona e AS. É muito descaso, sobretudo quando lembramos que o orçamento anual do município é de R$ 4 bilhões.
No Carlos Tortelly, existe porta de entrada para pacientes, mas não tem porta de saída porque não há condições reais de atendimento. Se um enfartado chega ao hospital, o cateterismo vai demorar 15 dias para ser feito. No Orêncio de Freitas, o muro nos fundos da unidade ainda não foi consertado. Tenho certeza de que o prefeito Axel Grael e o secretário Rodrigo Oliveira não buscariam atendimento nessas unidades, caso precisassem. A saúde de Niterói virou caso de polícia”, protestou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ.
Protesto do dia 26/8 cobrou solução para RPAs: veja aqui.
Segundo servidores do Carlos Tortelly, na semana passada um paciente morreu na unidade, por falta de antibiótico. Eles também denunciam que o telhado do hospital continua quebrado, problema que já se tornou crônico. Para os manifestantes, a Prefeitura, ao precarizar a saúde de Niterói, tem por objetivo entregar a gestão das unidades públicas a ‘organizações sociais’ (O.S.), que são uma forma disfarçada de privatização.
Em relação às O.S., importante lembrar que a Lei Estadual nº 8.986/2020 prevê que elas deverão ser extintas no Estado do Rio a partir de 31 de julho de 2024. Na época de aprovação da Lei pela Alerj, deputados destacaram a importância do banimento das organizações sociais como importante passo no combate à corrupção em vários setores dos serviços públicos, evitando problemas como superfaturamento de contratos na contratação de pessoal, aquisição de equipamentos e medicamentos.
Durante a manifestação, servidores da saúde de Niterói e dirigentes do Sindsprev/RJ exigiram transparência da Prefeitura. “Axel Grael e Rodrigo Oliveira têm que mostrar o quanto foi efetivamente gasto na saúde de Niterói. Têm que mostrar como vão solucionar concretamente os problemas da rede.
É impossível continuar funcionando diante de tantas precariedades”, frisou Ivone Suppo, também dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói.
Prefeitura de Niterói desrespeita servidores: veja aqui.
Outro problema da saúde de Niterói, o atraso de salários dos trabalhadores que recebem por meio de RPAs continua. Até o fechamento desta postagem, ainda não haviam sido pagos os salários de julho dos cerca de 260 profissionais que prestaram serviço através dos contratos covid, encerrados em junho, e que passaram a receber por RPA. Os trabalhadores também não receberam as verbas de suas rescisões contratuais. No dia 26/8, a subsecretária de saúde da cidade, Therezinha Freitas (representando o secretário de saúde Rodrigo Oliveira), prometeu resolver o problema até 30 de agosto. A promessa foi feita durante reunião de Therezinha com uma comissão formada por profissionais de saúde de Niterói e por Ivone Suppo.
“Como os demais servidores da saúde de Niterói, os RPAs trabalham todos os dias e cumprem suas obrigações, mas chegam ao final do mês e não recebem seus salários. É muito desrespeito. Esses trabalhadores têm de ser tratados com dignidade”, afirmou Ivone, que também frisou a responsabilidade da Prefeitura pela situação. “Já que a Prefeitura rompeu o contrato desses trabalhadores, então que ela pague a eles todos os direitos trabalhistas”.
Dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), à qual o Sindsprev/RJ é filiado, Maria Celina de Oliveira afirmou que central, junto com o sindicato, vai ingressar com ação judicial para garantir os direitos dos trabalhadores antes vinculados ao contrato covid. “A CTB vai acompanhar todo esse processo. Os trabalhadores merecem respeito”, disse Celina.