A greve dos servidores do INSS, que começou no dia 10 de julho, terá uma semana decisiva na luta por reajuste salarial, melhores condições de trabalho, cumprimento do Acordo de Greve de 2022, realização de concurso público e valorização dos técnicos do seguro social. Existe a possibilidade de uma reunião do Comando Nacional de Greve, nesta terça-feira (15/10), com o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, havendo também a possibilidade de uma agenda com o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, no mesmo dia, para negociar as reivindicações dos servidores. Na sexta-feira (18/10), nova assembleia avaliará o resultado das negociações e vai decidir o futuro da greve.
O governo Lula (PT) impõe corte de ponto por conta dos dias de paralisação, ameaça de judicialização e código de “falta injustificada”. Os servidores exigem que todo o período de greve seja reconhecido com o código de greve para os que aderiram ao movimento. A greve visa alcançar um reajuste salarial de 33% até 2026, além de avanços na carreira dos técnicos do seguro social.
O INSS devolveu valores salariais aos servidores que fizeram greve em julho, agosto e parte de setembro e que fecharam acordo de fim do movimento com o instituto. Os demais, que ainda estão parados, terão desconto de parte dos dias.
Durante assembleia realizada na última sexta-feira (11), Paulo Américo Machado, dirigente do Sindsprev-RJ, lembrou que a greve enfrentou inúmeras dificuldades internas com o distanciamento da categoria por conta do home office, entre outros problemas. “O temor de quem está em processo probatório em aderir à greve é um dos problemas. Essas pessoas estão começando a caminhada agora e temem ser prejudicadas. O problema mais grave é não ter uma direção coesa. Não tivemos o tempo todo uma greve fraca, como ocorreu no Rio de Janeiro, com raras exceções em outros estados. O governo trabalha de uma forma orquestrada. O presidente do INSS está fazendo o jogo do governo Lula. Ele se garante na posição que está e sai fortalecido. O movimento agora é caminhar para a construção de estado de greve. Vamos lutar e reforçar essas posições. Trabalhar de forma organizada entre as entidades. Essa greve já deu. A continuidade é movimento errado. Temos que fazer movimento político, com representações presentes em Brasília”, comentou.
Os servidores parados foram a Brasília na última semana e fizeram diversos tipos de protestos. Um deles envolveu o enterro simbólico da Previdência Social. Na última sexta-feira (11), conseguiram conversar com o ministro Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, que se comprometeu a intermediar negociações no MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos).
Rolando Medeiros, dirigente do Sindsprev-RJ, adiantou a posição que a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, passou para o deputado Mauro Filho. “Ela disse que as propostas que saírem do Comitê Gestor serão encaminhadas ao governo, como a reposição da greve de 2024 de forma coletiva; levando em consideração o percentual da greve”, adiantou.
Os servidores do INSS, assim como todo o funcionalismo público, tiveram reajuste de 9% em 2023, no início do governo Lula, após cinco anos sem reajuste salarial. O INSS tem quase 19 mil servidores em todo o país. São 15 mil técnicos responsáveis por quase todos os serviços do órgão e 4.000 analistas. Segundo os sindicatos que representam a categoria, um milhão de pedidos de benefícios chegam para análise mensalmente. A falta de pessoal é um dos motivos para a paralisação.