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domingo, setembro 8, 2024
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Rede Federal volta às ruas para fortalecer a greve e exigir que governo Lula (PT) abra negociação imediatamente

Servidores da rede federal do Rio fizeram, na manhã desta segunda-feira (17/6), mais um ato unificado para expressar a sua insatisfação com o descaso do Ministério da Saúde no trato de suas reivindicações. Desta vez, a manifestação concentrou-se inicialmente em frente ao Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), de onde os trabalhadores saíram em passeata em direção ao prédio do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), na rua México 128. A passeata começou às 10h30, percorrendo a rua Senador Pompeu e as avenidas Presidente Vargas, Rio Branco, Nilo Peçanha e Graça Aranha, dobrando finalmente nas ruas Araújo Porto Alegre e México.

Durante todo o trajeto, os oradores que se revezaram no carro de som do Sindsprev/RJ enviaram mensagens à população para explicar os principais motivos que levaram os trabalhadores da rede federal de saúde a entrarem em greve por tempo indeterminado a partir de 15 de maio, como a luta contra o fatiamento e a privatização das unidades de saúde, reajuste salarial, fim do sucateamento, concurso público, pagamento da insalubridade em grau máximo e inclusão na carreira da Ciência e Tecnologia.

Greve tem que ser fortalecida para pressionar o governo Lula (PT) a atender reivindicações. Foto: Mayara Alves.

Ao final da passeata, na rua México 128, os servidores permaneceram em vigília em frente ao DGH, enquanto uma comissão de representantes do Sindsprev/RJ e de trabalhadores da rede federal subiu até o 9º andar, a fim de participar de reunião previamente agendada com Teresa Navarro, titular do Departamento de Gestão Hospitalar, para tratar das reivindicações da greve.

Críticas ao descaso do governo Lula (PT)

Primeira a falar no encontro, a dirigente do Sindsprev/RJ Cristiane Gerardo expôs as principais preocupações dos trabalhadores da rede. “Somos a única carreira sem adicional de qualificação e temos uma das piores remunerações do serviço público federal. Por isso lutamos pela inclusão na carreira da Ciência e Tecnologia, como também lutamos contra o cenário de penúria das unidades de saúde e contra a privatização e o fatiamento da rede. A verdade é que, apesar de nossa expertise no atendimento à população e de nossa dedicação à saúde pública, nós servidores não nos sentimos valorizados pelo atual governo. Um governo que não abre efetivos canais de negociação”, disse ela.

Na reunião com Teresa Navarro, titular do DGH, ao centro, Sindsprev/RJ reafirmou pauta dos servidores da rede federal. Foto: Mayara Alves.

Auxiliar de Enfermagem no Hospital Federal de Ipanema, o servidor Claudio Oliveira reforçou as críticas. “Não compreendemos por que o governo não faz mais investimentos naquilo que já existe, que são as unidades públicas de saúde, visando melhorar as condições de atendimento à população e valorizar os servidores”, frisou. Servidora lotada no Hospital Federal Cardoso Fontes, Neusa Beringui criticou o descaso do governo. “Já estamos há 32 dias em greve, mas o governo insiste em não nos receber para negociar. Para que entregar a rede federal ao município do Rio, onde as unidades estão em estado ainda mais precário e não têm sequer seringas ou agulhas decentes?”, indagou.

Ex-deputado fez ameaça velada ao Sindsprev/RJ

Primeiro da bancada do Ministério da Saúde a falar, o ex-deputado federal Chico D’Ângelo atribuiu ao governo anterior (Bolsonaro) a responsabilidade pelo atual sucateamento da rede federal, como se os problemas tivessem todos surgido apenas entre 2018 e 2022. Quanto aos modelos de gestão, afirmou “não haver nada decidido” e frisou que a questão será definida no âmbito da Casa Civil e do Ministério da Saúde. Em seguida, fez uma ameaça velada ao Sindsprev/RJ, ao invocar uma suposta decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que teria “retirado legitimidade” do sindicato para representar os trabalhadores da saúde. “Se o Ministério da Saúde usar a letra da lei quanto a esta questão [legitimidade], isto pode prejudicar o Sindsprev/RJ”, disse ele, que também reclamou de um suposto “enterro simbólico da ministra Nísia” realizado pelos servidores durante o ato do dia 13/6, no Hospital Cardoso Fontes.

Ato teve concentração na entrada do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE). Foto: Mayara Alves.

Em sua fala, Teresa Navarro destacou ser favorável às reivindicações da greve, que afirmou “ser um direito do trabalhador”. Devido a isto, segundo coordenadora do DGH, é que os gestores estariam aplicando o ponto de greve. “A pauta de vocês é justa, mas a greve tem impedido pacientes de entrarem nos hospitais, e isto precisa mudar”, disse ela, que negou haver qualquer proposta definida de privatização da rede federal de saúde. “O que se discutiu até o momento foi a questão da Ebserh. Em nenhum momento se falou em privatização”, ressaltou.

Ameaças não intimidam o Sindsprev/RJ

Como resposta às ameaças de Chico D’Ângelo ao Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo primeiro lembrou que, durante o governo Bolsonaro, o sindicato foi a única entidade que muniu os parlamentares da oposição na CPI da Covid com informações fundamentais que ajudaram a desmascarar a gestão do ex-presidente. Em seguida, criticou o ex-deputado. “Reivindicar decisões judiciais para dizer que não representamos a saúde é no mínimo constrangedor porque a nossa entidade é formada por gente comprometida com os trabalhadores. Para nós, o sindicato tem de estar a serviço da luta de classes. Se o sr. acha importante judicializar uma questão contra o Sindsprev/RJ, não é isto que solucionará o problema. Quanto ao enterro simbólico da ministra Nísia, foi na verdade o enterro da municipalização”, disse, para constrangimento de Chico D’Ângelo.

Como encaminhamentos gerais da reunião, foi acordada a realização de nova mesa de negociação no próximo dia 25 de junho, a partir das 12h, no DGH. Entre os dias 18 e 21/6, uma delegação do Sindsprev/RJ e de servidores da rede federal estará em Brasília para, com apoio de parlamentares, construir articulações visando uma efetiva negociação com o governo em torno da pauta da greve.

Governo tem que abrir efetivas negociações sobre a pauta da greve. Foto: Mayara Alves.

Defender o Sindsprev/RJ, entidade de luta e independente

Na próxima segunda-feira (24/6), a partir das 10 horas, no auditório do HFSE, acontecerá uma audiência pública com presença do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O tema será a situação caótica dos hospitais federais e a luta contra a privatização e fatiamento da rede.

No dia 26/6 será a vez de ato unificado no Hospital Federal da Lagoa, a partir das 10h, com passeata em direção ao Hospital de Ipanema.

“A reunião de hoje mostrou como faz diferenca ter um sindicato combativo. O governo teve de reconhecer toda a legitimidade da pauta, mas qual a saída para os direitos sociais dos trabalhadores? Ameaçar fechar o Sindicato, o que é emblemático. Afinal, é fácil para eles lidarem com seus companheiros sindicais, mas um sindicato independente e de luta, como o Sindsprev/RJ, incomoda o atual governo. Então, quero aqui mais uma vez dizer que precisamos cerrar fileiras em defesa do Sindsprev/RJ e fazer uma grande campanha de filiação à nossa entidade”, concluiu Cristiane Gerardo.

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