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quinta-feira, novembro 21, 2024
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“Quem matou Marielle?”, perguntam manifestantes no ato contra a censura no Rio

No dia em que o assassinato da vereadora Marielle Franco completava dez meses sem que mandantes e executores tenham sido apontados, manifestantes que participavam do ato contra a censura no Rio de Janeiro, ao final da tarde da segunda-feira (14), criticaram a impunidade e a presença da Polícia Militar no local. Demonstraram isso com palavras de ordens e perguntas como “Quem matou Marielle?” e “Eu quero o fim da Polícia Militar”.

 

A manifestação ocorreu em frente à Casa França-Brasil e reuniu cerca de 400 pessoas, que atenderam ao chamado do grupo ‘És Uma Maluca’ para acompanhar a performance da instalação “A Voz do Ralo é a Voz de Deus”. Baseada no conto ‘Baratáia’, do escritor fluminense Rodrigo Santos,  a apresentação foi proibida pelo governo do Estado do Rio, sob o argumento de que o conteúdo não estava previsto no contrato do evento “Literatura Exposta”.

 

A instalação consistia de uma tampa de bueiro da qual saem milhares de baratas de plástico – exatas seis mil, segundo um dos integrantes do coletivo. Na performance, duas atrizes nuas iriam interagir diante da instalação. O conto ‘Baratáia’ discorre sobre uma mulher torturada na ditadura empresarial-militar com a introdução de baratas em sua vagina.    

 

‘Literatura Exposta’ reuniu dez obras de coletivos ou artistas que as criaram em cima de dez contos de escritores da periferia. A performance encerraria o evento no domingo (13), mas a exposição foi fechada um dia antes por determinação do secretário de Cultura, Ruan Lira. A decisão foi comentada pelo governador Wilson Witzel, nas redes, que tentou justificá-la também mencionado a suposta quebra de contrato.  A Casa França-Brasil está subordinada á Secretaria de Cultura.

 

Participantes do ato expressaram revolta e indignação diante da presença de policiais do 5° Batalhão da Polícia Militar do Rio, pouco antes do início da apresentação. Entre as palavras de ordem cantadas, algumas expunham o contraste entre a atenção dada pela polícia à repressão à uma exposição cultural, enquanto questões como o assassinato da vereadora Marielle Franco, em março de 2018, seguem sem solução.

 

À reportagem, um dos policiais informou que estavam ali para impedir qualquer cena de nudez na atividade. O comando da operação não quis informar quantos policiais foram deslocados para acompanhar a performance teatral, mas a reportagem contou a presença de pelo menos 40 PMs e seis viaturas policiais. Na performance desenvolvida na rua, após as 18 horas, uma mulher vestida se deitou em meio às baratas, imóvel e de pernas abertas. A cena foi a maior parte do tempo observada por alguns policiais.

 

Na sua conta no Facebook, o grupo “És uma Maluca” agradeceu a quem compareceu ao ato na porta da Casa França-Brasil. “Foi muito significativo para todos nós, e para quem tá na luta com a gente, e mostrou que o momento no qual acabamos de entrar, há 2 semanas, só vai reforçar a nossa capacidade de resistência!”, diz a mensagem.

 

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