A troca do presidente do INSS, assumindo José Carlos Oliveira, ex-diretor de Benefícios, em lugar do pior presidente da história do Instituto, Leonardo Rolim, parece não ter mudado em nada o projeto do governo Bolsonaro/Paulo Guedes, de esvaziar e destruir a estrutura do órgão para economizar, ao não realizar concurso para cobrir o déficit de 23 mil servidores – atrasando assim a concessão de benefícios, de forma a justificar a privatização da Previdência – o que faz aumentar o número de funcionários adoecidos por conta das metas absurdas e da sobrecarga de trabalho. Mais uma prova disto é a recusa de Oliveira em responder aos pedidos de agendamento de uma negociação para discutir sobre como resolver os problemas do INSS, chegando a fugir de um evento em São Paulo, em que representantes dos servidores se preparavam para cobrar respostas aos inúmeros ofícios enviados pela Fenasps desde a sua posse em 10 de dezembro solicitando a marcação da reunião.
Oliveira segue como Rolim não apresentando soluções para as péssimas condições de trabalho que os servidores enfrentam para atender à população, seja no trabalho remoto ou presencial.
O INSS tem cerca de 1,8 milhão de requerimentos na fila virtual, sendo destes, 650 mil de Benefício de Prestação Continuada (BPC), que precisam de atendimento presencial. A gestão do INSS para aprofundar o desmonte e excluir os segurados de seus direitos, quer implantar a análise virtual dos BPCs, mesmo sabendo que 40 milhões de brasileiros não têm acesso à internet, fora os analfabetos funcionais.
Demagogia
Ao mesmo tempo, o novo presidente promete à população solucionar o grave problema do represamento de processos, sem novo concurso, o que é uma profunda demagogia. Ao invés de discutir com as entidades sindicais uma solução real para o colapso que vive o INSS, Oliveira mantém o assédio moral institucionalizado através das metas fixadas por Rolim fora da realidade do órgão que possui péssimos sistemas de logística e programas operacionais defasados não permitindo o bom desempenho das atribuições funcionais, além de não tocar na verdadeira causa de toda esta situação que é a não realização de concurso.
O diretor da Federação Nacional (Fenasps), Moacir Lopes, lembrou que foram enviados diversos ofícios a Oliveira, até hoje sem resposta, sendo que, por isto mesmo, os problemas só se agravam. “Se ele não nos atende e não responde à nossa pauta, como é que fica o ano que vem? A orientação da Fenasps e dos sindicatos aos servidores é muito explícita: é não aumentar a produtividade sobre o risco de adoecimento, sendo que, depois, o governo não reconhece os direitos dos servidores doentes”, enfatizou.
E acrescentou: “Faça sua parte, o seu serviço, mas não entre na esparrela de se matar de trabalhar para fazer o serviço que deveria ser feito por 23 mil novos servidores que não entraram porque não houve concurso e que é o tamanho do déficit de pessoal. O servidor não tem por que se achar responsável pela incompetência ou má fé do governo Bolsonaro que não fez concurso até hoje”, argumentou. O dirigente comentou a informação de que Oliveira teria dito que participaria de uma videoconferência com uma entidade sindical. Informação ainda não confirmada.
“Mas, ora, se pode participar de uma live para dizer o que quiser da telha dele, porque não receber as entidades como um todo, numa reunião virtual? Se não nos receber vamos dizer à categoria que de fato a atual gestão não tem interesse em resolver o problema da Previdência e quer só aumentar o ritmo do chicote. Esperamos que ele nos dê uma resposta”, disse.