Em luta pelo piso salarial, profissionais da enfermagem da rede federal do Rio fizeram, na manhã desta quarta-feira (14/9) — Dia Nacional de Paralisação —, um grande ato público unificado. Realizado em frente à entrada principal do Hospital dos Servidores do Estado (HFSE), o ato foi convocado pelo Sindsprev/RJ e culminou com uma passeata dos profissionais da enfermagem pelos quarteirões que circundam o hospital. O protesto foi contra decisão do ministro Luis Roberto Barroso (STF) que, no último dia 4/9, suspendeu o piso salarial (Lei nº 14.434/2022), em atendimento a uma ação movida pelos patrões privados do setor de saúde.
A próxima mobilização da enfermagem será a participação na plenária virtual da categoria, que acontece nesta quinta-feira (15/9), a partir das 19h. A plenária vai decidir sobre a participação na paralisação nacional do próximo dia 21 de setembro. Para acessar a plenária desta quinta (15/9), clique no link abaixo, a partir das 19h:
“Nós, do Sindsprev/RJ, sempre estaremos ao lado de vocês, trabalhadores da enfermagem. Vocês estão mostrando que são fortes e têm disposição de lutar para fazer valer o piso. Precisamos ocupar as ruas desse país e reforçar nossa unidade neste momento. A nossa luta vai continuar, venha o que vier. Exigimos o cumprimento do piso salarial e o fim do sucateamento da saúde pública”, afirmou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindspre/RJ, em fala bastante aplaudida pelos trabalhadores.
“Estamos na rua para mostrar a nossa força. O que o STF fez foi uma vergonha, foi um assédio contra uma categoria que é composta por 80% de mulheres. Foi um desrespeito ao nosso direito adquirido, um desrespeito ao nosso piso salarial, e nós não vamos aceitar isto. Agora precisamos entender que não iremos a lugar algum se não lutarmos”, completou Clara Fonseca, também dirigente do sindicato.
Com cartazes de protesto contra a suspensão do piso, os profissionais da enfermagem que participaram do ato no HFSE manifestaram profunda indignação com a decisão do STF, que não levou em conta o fato de o piso já ter virado lei após ser promulgado pelo Congresso Nacional e sancionado pela Presidência da República.
Como resultado das mobilizações nacionais da enfermagem iniciadas após a decisão do STF, o Congresso Nacional foi obrigado a se movimentar para discutir com o governo federal a busca de fontes de custeio para viabilizar o pagamento do piso salarial, tanto no setor público quanto no setor privado. “Importante destacar que as negociações sobre o custeio só começaram porque nossa categoria ocupou as ruas. No momento, o maior obstáculo é o setor privado. O fato é que ou respeitam o nosso piso salarial ou vamos parar o Brasil no dia 21 de setembro, data da próxima paralisação nacional da enfermagem. Estamos há mais de seis anos sem reajuste. Ninguém aguenta mais”, ressaltou Sidney Castro, da direção do Sindsprev/RJ.
A passeata no entorno do Hospital foi iniciada aos gritos de “enfermagem na rua, Barroso a culpa é sua” e “queremos nosso piso”. Durante o trajeto, os trabalhadores distribuíram uma carta à população, na qual explicaram as razões do protesto, lembrando que, durante a pandemia da covid, cerca de mil profissionais da enfermagem perderam a vida no atendimento à população. Esforço que, em nenhum momento, foi valorizado pelos governos federal, estadual e municipais.
“Há anos que estamos muito cansados. Sofremos com os baixos salários, que nos obrigam a trabalhar em vários lugares e a fazer muitos plantões. Não podemos mais continuar nesta situação. Precisamos do nosso piso salarial”, disse a enfermeira Selma Mesquita.
“Enfermagem na rua,
Barroso a culpa é sua”
Palavras gritadas pelos servidores durante o ato pelo piso salarial
A passeata completou o trajeto com uma volta à entrada principal do HFSE, onde a deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB) fez uma saudação aos trabalhadores. “Parabenizo o Sindsprev/RJ por essa grande manifestação. Aqui é um ato de toda a enfermagem, sem divisão. Quero aproveitar para informar que enviei ofício às câmaras municipais das cidades fluminenses, para que assegurem, em seus respectivos orçamentos públicos, recursos suficientes para o custeio do piso da enfermagem. O mesmo estamos fazendo em relação ao Congresso Nacional. Por isso que os nossos atos daqui pra frente têm que ser ainda mais fortes. Medidas como a desoneração da folha de pagamento, no setor privado, e o reajuste da tabela SUS já começaram a ser discutidas por causa da nossa mobilização. Viva a enfermagem, e vamos à luta”, afirmou, sob aplausos.
O piso salarial nacional da enfermagem foi fixado em R$ 4.750, para os setores público e privado. O valor ainda serve de referência para o cálculo do mínimo salarial de técnicos de enfermagem (70%), auxiliares de enfermagem (50%) e parteiras (50%).
A próxima paralisação nacional da enfermagem, marcada para o dia 21 de setembro, está sendo convocado por conselhos da categoria, sindicatos como o Sindsprev/RJ e pelo Fórum Nacional da Enfermagem. A plenária virtual desta quinta-feira (15/9) vai decidir sobre o indicativo.
Durante a manifestação no HFSE também foi feita a convocação para o ato dos profissionais da enfermagem de Niterói em defesa do piso, que acontecerá na próxima segunda-feira (19/9), a partir das 7h, no Hospital Universitário Antônio Pedro.