Especialistas e pesquisadores em saúde temem que a flexibilização precipitada das medidas de distanciamento social, adotada por vários estados e municípios brasileiros, provoque uma disparada ainda mais incontrolável dos casos de covid-19 em todo o país. Cientistas de universidades de São Paulo estimam que os municípios brasileiros que reduziram o distanciamento social esta semana podem ter, em dez dias, um aumento de 150% no número de infectados e mortos pelo coronavírus.
Em declaração ao jornal O Globo, o especialista em modelagem computacional Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas e estudantes de universidades brasileiras, explica que as projeções são baseadas em números oficiais e nas taxas de crescimento de casos registradas em cidades que afrouxaram o distanciamento, como Blumenau (SC), no Brasil, e Milão, na Itália, em fevereiro, o que levou a covid-19 a explodir na Itália, em março. Em Blumenau, o número de infectados aumentou 160% cinco dias após a reabertura de shoppings e lojas de rua.
No Estado do Rio, levantamento feito com base em dados do Ministério da Saúde, entre os dias 13 de maio e 3 de junho, mostra que as confirmações da covid-19 cresceram mais que 500% em três das nove regiões de saúde em que o território fluminense é dividido. Na avaliação de especialistas em saúde, o quadro indica que o isolamento social no Rio deve ser mantido e qualquer afrouxamento precisará levar em conta as diferenças regionais, a exemplo do que ocorreu em estados como São Paulo.
Brasil teve mais 1.349 novas mortes por covid nas últimas 24 horas
Em seu mais recente boletim sobre a evolução da covid no Brasil, o Ministério da Saúde contabilizou 1.349 novas mortes nas últimas 24 horas, o que significa uma morte a cada minuto. Foi o maior índice de óbitos já contabilizado no país desde o início da pandemia. O total de mortes por covid no Brasil já é de 32.548 pessoas.
Uma semana após a sanção do projeto de socorro a estados e municípios, já aprovado no Congresso Nacional, governos estaduais e prefeituras ainda não receberam os recursos.
A primeira parcela dos R$ 60 bilhões da ajuda só será transferida na próxima segunda-feira, 9/6.
Outra má notícia para estados e municípios foi o veto de Bolsonaro ao uso do saldo remanescente do Fundo de Reservas Monetárias, de cerca de R$ 8,6 bilhões, para o combate ao novo coronavírus. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira (3) do Diário Oficial da União.