No último dia 12/3, o novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nomeou Adriano Massuda como novo secretário-executivo da pasta, em substituição a Swedenberger do Nascimento Barbosa. Antes da nomeação, Massuda estava à frente da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.
A estranha “queda para cima” na trajetória de Adriano Massuda passaria despercebida, não fosse por um detalhe: Massuda também ocupa o cargo de presidente do Conselho de Administração do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), empresa que desde o ano passado possui um milionário contrato com o Ministério da Saúde para administrar o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Diante de tal situação absurda, é impossível não formular a seguinte pergunta: como Adriano Massuda, na função de secretário-executivo do Ministério da Saúde, poderá fiscalizar a si próprio à frente do Grupo Conceição? Não haveria flagrante conflito de interesses? Conflito que já existia quando Massuda ocupava o cargo de Secretário de Atenção Especializada à Saúde, mas que agora se agrava com a ascensão ao novo posto de secretário-executivo.
É preciso que o caso de Adriano Massuda seja tratado como toda e qualquer situação sobre a qual se suspeita haver conflito de interesses. Vejamos.
Segundo notícia publicada na última segunda-feira (17/3) pelo portal Terra, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) — que regula o mercado de capitais no Brasil — abriu um processo administrativo para investigar possíveis irregularidades na nomeação dos ministros Carlos Lupi (Previdência), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Vinícius Marques de Carvalho (Controladoria-Geral da União) para ocuparem cargos no conselho administrativo da empresa Tupy, multinacional brasileira de metalurgia avaliada em quase R$ 4 bilhões na Bolsa de Valores.
De acordo com o entendimento da CVM, os três ministros deveriam ter realizado consulta formal sobre possível conflito de interesses antes de assumirem cargos no conselho de administração da Tupy. Embora a Comissão de Ética Pública (CET) da Presidência da República tenha emitido parecer favorável à presença dos três ministros no conselho da Tupy, a CVM ainda assim decidirá se deve abrir processo por violação ética possivelmente cometida pelos três ministros.
Então, é como diz o ditado: “pau que dá em chico também dá em Francisco”. Logo, pergunta-se: por que Adriano Massuda não é submetido aos mesmos questionamentos hoje direcionados aos ministros Carlos Lupi, Anielle Franco e Vinícius Marques de Carvalho? Por acaso, não se trata da mesma situação marcada por conflito de interesses? O que vale para os três ministros investigados também deve valer para o caso de Adriano Massuda.
“Como se já não fosse escandaloso, na gestão de Nísia Trindade, Massuda ter ocupado o cargo de Secretário de Atenção Especializada à Saúde, sendo presidente do Conselho do GHC, agora, na gestão de Alexandre Padilha, é promovido a Secretário-Executivo do Ministério da Saúde. Ou seja, Ele joga nas 11. Agarra, defende, faz o lançamento e chuta pro gol e ainda apita o jogo. Às favas com a transparência e idoneidade dos processos. O que vale mesmo é ‘garantir os meus, os seus, os nossos’, mesmo que isso abale a confiabilidade do governo”, afirmou Maria Isabel Mariano, dirigente da Secretaria de Imprensa e Divulgação do Sindsprev/RJ.