Atos públicos, manifestações e protestos marcaram esta quinta-feira (13 de Maio), data da abolição da escravatura.
Rebatizado pelos movimentos negros como ‘Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo’, o ’13 de Maio de Lutas’ exigiu o fim do genocídio do povo negro e a criação de mecanismos de controle sobre as atividades das polícias brasileiras, numa alusão à recente chacina ocorrida na favela do Jacarezinho, quando 29 pessoas morreram após operação da Polícia Civil do RJ realizada naquela comunidade.
Convocadas pela Coalizão Negra Por Direitos, aliança nacional formada por mais de 200 organizações, entidades, grupos e coletivos do movimento negro brasileiro, as manifestações do 13 de Maio de Lutas foram realizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. No Rio, o protesto concentrou-se na Candelária, de onde os manifestantes seguiram em passeata até a Cinelândia.
Durante o trajeto, mães de vítimas de violência policial em favelas cariocas denunciaram a brutalidade do aparato repressivo do Estado.
Os manifestantes também gritaram palavras de ordem pelo fim das polícias civil e militar, exigiram justiça para as vítimas da chacina no Jacarezinho, criticaram o governador Claudio Castro e o presidente Bolsonaro.
Grupos dos Estados Unidos e da Inglaterra aderiram ao ato contra o racismo e também realizaram manifestações em Nova York, Austin (Texas) e Londres.
“Nós, do Movimento por Reparação para os Povos Negro e Indígena, entendemos que este 13 de maio de luta tem de denunciar o abandono do nosso povo negro. Após a abolição formal da escravatura, os negros tiveram de morar nas favelas porque não tinham alternativa, sem acesso a saúde e cada vez mais marginalizados. Nesses 133 anos desde a abolição, os massacres continuaram acontecendo, mostrando que o povo negro do Brasil ainda sofre o crime continuado do racismo, herança da escravidão. O Estado brasileiro é o responsável por esses crimes”, analisou Osvaldo Mendes, da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.
Para o professor de História Douglas Belchior, fundador da Uneafro Brasil e integrante da Coalizão Negra por Direitos, os protestos são necessários para promover mudanças. “Precisamos chamar a atenção do mundo para o nível do genocídio negro que está sendo promovido no Brasil, expor essa realidade. É um genocídio permanente em todas as dimensões. A vacina e a comida não chegam, mas a chacina chega. Isso precisa ser denunciado. Hoje retomamos o período de grandes mobilizações”, disse.
Pela manhã, a Frente Nacional Antirracista (FNA) organizou uma ação de distribuição de 2 mil cestas básicas para famílias na Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro. Também foram entregues camélias. Segundo a Central única das Favelas (Cufa), que integra a FNA, foram atendidas, com a doação, nove mil pessoas no Jacarezinho.