Servidores da saúde pública de Niterói denunciam o desabastecimento que vem acontecendo nas unidades do município — incluindo hospitais, postos de saúde e clínicas da família —, onde medicamentos para controle de pressão arterial, analgésicos e itens como fraldas já estão em falta, comprometendo o atendimento de pacientes que procuram o sistema diariamente. No Hospital Municipal Carlos Tortelly (antigo CPN), uma das maiores unidades de Niterói, os exames de colonoscopia foram suspensos devido à falta do medicamento Simeticona, conhecido comercialmente pelo nome de Luftal. Ainda segundo os servidores, no laboratório do CPN já faltam reagentes para a realização de exames clínicos.
“É uma covardia o que a Prefeitura de Niterói está fazendo com os pacientes. Onde estão os recursos de investimento e compra de insumos para a rede municipal de saúde? Por que faltam medicamentos? É uma situação inaceitável. Às vezes a burocracia pode, numa canetada, matar e prejudicar tanta gente como numa guerra”, criticou Sebastião José de Souza (Tão), dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói.
Na quinta-feira (24/3), uma comissão de fiscalização do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Niterói visitou o CPN, onde constatou o desabastecimento da unidade. A Comissão é composta por representantes da OAB Niterói, de usuários, do Sindsprev/RJ e do sindicato dos vigilantes.
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Ameaça ao Hospital Carlos Tortelly
Também dirigente do Sindsprev/RJ em Niterói, o servidor Charles do Santos reforçou as críticas ao desabastecimento. “Na última terça-feira (22/3), nós do Sindsprev/RJ nos reunimos com o assessor da Secretaria Municipal de Saúde, Rodrigo Silva, para cobrar providências em relação ao desabastecimento das unidades. Já faltam reagentes e vários medicamentos. A situação caminha para o caos e desassistência”, disse. Segundo Charles, o Sindsprev/RJ vai questionar formalmente o município de Niterói sobre a destinação das verbas orçamentárias da saúde, com o objetivo de saber se há contingenciamento deliberado.
Na mesma reunião de terça (22/3) com Rodrigo Silva, o Sindsprev/RJ perguntou sobre a situação dos profissionais contratados temporariamente, no início da pandemia de covid-19, para ampliar a cobertura assistencial à população do município. A preocupação do sindicato é com as consequências, para toda a rede, da saída desses profissionais. Em resposta, Rodrigo Silva afirmou que os contratos, previstos para acabar no dia 31/3, serão prorrogados por mais três meses. Outro questionamento respondido pelo assessor foi sobre a entrada das organizações sociais (O.S.) no CPN e no Pronto Socorro Mário Monteiro. Segundo Rodrigo Silva, não há processo de entrada das O.S. na saúde municipal.