Nesta terça-feira (21/3), a partir das 17h, na Praça Pio X, Centro, será realizada a ‘Caminhada por juros baixos’, mobilização convocada pelas principais centrais sindicais do país, como CUT, CTB, CSP, Força Sindical e CSB.
Além de pressionar pela redução das taxas de juros praticadas no Brasil — que atualmente são de 13,75% ao ano, uma das mais altas do mundo —, a manifestação vai questionar a chamada “autonomia do Banco Central”, política neoliberal que, desde a era FHC, vem mantendo nas mãos dos grandes bancos o controle das finanças do país.
Como parte da preparação para a manifestação desta terça (21), no último dia 13/3, no auditório do Clube de Engenharia, Centro do Rio, aconteceu um grande ato com presença dos deputados Gleisi Hoffman, presidente do PT; Lindbergh Farias (PT-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Guilherme Boulos (PSOL-SP), Tarcísio Motta (PSOL-RJ), Reimont (PT-RJ), além de representantes de centrais sindicais e do Sindsprev/RJ .
“Este debate sobre os juros é central para todos aqueles que querem emprego e renda. Temos que exigir a reforma do sistema financeiro, que concentra renda para os ricos, empobrecendo ainda mais a população. O Brasil tem um dos juros mais altos do planeta e precisamos questionar a autonomia do Banco Central, que só beneficia os rentistas”, afirmou Henrique Vieira (PSOL-RJ).
Jandira Feghali (PCdoB) reforçou as críticas de Vieira, sob aplausos dos trabalhadores que lotaram o auditório do 25º andar do Clube de Engenharia. “Os juros altos não são um problema técnico. São, na verdade, um problema político, um problema que remete para a questão da autonomia do Banco Central. O senhor Roberto Campos Neto [presidente do BC] quer decidir sozinho a política monetária do Brasil, quer fazer isto contra os 60 milhões de brasileiros que votaram no presidente Lula, que votaram num outro projeto político. Não é mais possível continuar com tanto desemprego, miséria e concentração de renda. Lula tem autoridade para criticar a política de juros porque ele foi eleito para mudar esta política. Precisamos mobilizar a sociedade contra os juros altos e a autonomia do BC”, frisou.
Lindbergh Farias, por sua vez, também destacou o caráter político do debate sobre juros.
“Querem jogar o Brasil na recessão. É isto o que as elites querem quando defendem a autonomia do Banco Central. O objetivo é criar o caos e uma situação favorável ao golpismo, é um roteiro para o golpe, para gerar impopularidade contra o governo Lula. Não derrotamos Bolsonaro e o golpismo da extrema direita para agora assistirmos ao aumento da miséria e do desemprego”, disse.
“Quando se fala em ‘independência do Banco Central’, na verdade não existe independênxcia alguma. O que as elites querem é impor uma política financeira que não foi a escolhida pela maioria do nosso povo nas eleições presidenciais do ano passado.
Se alguém tem que ficar quieto, é o atual presidente do Banco Central, que não foi eleito por ninguém.
Temos que fazer a nossa parte, mobilizando os trabalhadores e a população contra a política de juros altos e a autonomia do BC”, completou Guilherme Boulos.
Falando ao final, Gleisi Hoffman (PT-PR) resumiu o espírito do ato. “Lutamos contra o fascismo e Bolsonaro, mas ainda não derrotamos o bolsonarismo na sociedade. Nunca antes em nossa história foi tão necessária a nossa mobilização. É um absurdo a imprensa não querer que o presidente Lula critique os juros. Afinal, ele foi eleito exatamente para isto. O Brasil tem uma realidade na qual os juros reais já são de 8%. O embate com Roberto Campos Neto é, portanto, político, e não econômico. Ele representa o projeto que foi derrotado nas urnas. Por isto ele tem que pegar o boné e ir embora. O atual governo foi eleito com a obrigação de gerar emprego e renda. Vamos lutar pelo povo brasileiro. Viva a nossa luta”, concluiu, sob aplausos de toda a audiência presente.