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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Nesta quinta, saúde federal faz passeata marcando um mês de greve sem resposta do governo Lula

Nesta quinta-feira (13/6) pela manhã, em Jacarepaguá, uma passeata unificada dos profissionais dos hospitais da rede federal vai protestar contra a intransigência do governo Lula que completa, no sábado, um mês sem responder às reivindicações da greve da categoria, iniciada em 15 de maio. Entre os principais pleitos está o cancelamento do processo de privatização fatiada que prevê, numa primeira etapa, a entrega das unidades federais à gestão estadual, municipal, a hospitais privados, e, posteriormente, a grupos de saúde particulares chamados de organizações sociais.

A concentração está prevista para as 10 horas, em frente ao Hospital Cardoso Fontes. O protesto, chamado de “Ocupa Serra Jacarepaguá”, seguirá pelas ruas próximas e pela a Estrada Grajaú-Jacarepaguá. Após a passeata será servida uma feijoada, um prato tipicamente brasileiro, que passou a ser símbolo da resistência popular contra a opressão.

“Será, ao mesmo tempo, uma ‘descomemoração’ antecipada de um mês da greve, a ser completado no próximo sábado, e mais uma demonstração da força da paralisação e da disposição de luta dos servidores de verem atendidos os objetivos principais da nossa luta, que são: a defesa do SUS público e de qualidade; contra a entrega fatiada da rede a grupos privados, ao governo do estado e à Prefeitura do Rio; pela transferência da nossa categoria para a carreira da Ciência e Tecnologia; pelo fim do desmonte da rede; pela previsão de verbas no Orçamento da União que melhorem as condições de trabalho e de atendimento à população; concurso público; contra o reajuste zero e pela reposição salarial este ano; e o cumprimento do acordo de greve de 2023, que o governo federal está desrespeitando”, explicou a diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo.

Piquetes e triagem em todas as unidades para garantir atendimentos essenciais. Foto: Mayara Alves.

A greve da saúde federal foi aprovada em assembleia no Hospital dos Servidores em 9 de maio. Nela os servidores decidiram que por acontecer em um setor sensível estariam suspensas as cirurgias eletivas; o mesmo em relação às consultas e exames eletivos não oncológicos. Porém, continuam funcionando os serviços de hemodiálise, diálise, quimioterapia, oncologia, cirurgias oncológicas, trocas de sonda, de curativos queimados, cirurgias e atendimentos de emergência e urgência, serviços de maternidade, serviços de atendimento a pacientes especiais, transplantes e ambulatório de TAP. Além disso, as unidades funcionam com 30% de seu dimensionamento de pessoal de forma a atender às demandas destes setores.

Assembleias lotadas nas unidades, como a da foto no Hospital de Bonsucesso, tem fortalecido a greve. Foto: Mayara Alves.

A greve está forte, com adesão das seis unidades federais: Hospital dos Servidores, Bonsucesso, Ipanema, Lagoa, Andaraí e Cardoso Fontes. A força do movimento obrigou a imprensa a cobrir a greve. Em cada unidade foi eleito um comando de greve responsável pela organização da paralisação e articulados com um comando geral de greve. Piquetes de esclarecimento estão funcionando em cada hospital, mobilizando os servidores e explicando os motivos da greve à população.

Resposta a sindicatos governistas – A passeata será também uma resposta vigorosa à tentativa de sindicatos governistas de sabotar o movimento, através da convocação de assembleias-relâmpago, nos hospitais, sem comunicação ao Sindsprev/RJ, para a aprovação de uma proposta rebaixada apresentada em negociação nacional da saúde e pelo fim da greve. Esta movimentação culminou com a incitação de servidores da vigilância em saúde, a ocupar a sede do Sindsprev/RJ, feita em áudio em um grupo de Whatssapp pelo presidente da CUT/RJ, Sandro Cezar.

Assim que souberam do teor do áudio, os servidores federais da saúde se reuniram em assembleia virtual no domingo pela manhã, decidindo solicitar ao Sindsprev/RJ o envio de pedido de instauração de queixa-crime ao Ministério Público, para apurar a postura do dirigente cutista que, se levada à frente, poderia paralisar a estrutura do Sindicato, sabotando a greve. Aprovaram, ainda, envio de denúncia à Organização Internacional do Trabalho (OIT) contra Cezar, por prática antissindical.

Força da greve obrigou a mídia a fazer a cobertura da paralisação. Arte: Robert Jordino.

CTB repudia incitação à ocupação do prédio do Sindsprev/RJ – Em nota oficial divulgada no último sábado (8/6), a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) do Rio de Janeiro repudiou a atitude do presidente da CUT Rio de incitação à ocupação da sede do Sindsprev/RJ. Com o título “Nota de repúdio aos ataques do presidente da CUT-Rio ao Sindsprev-RJ”, a CTB relaciona a atitude de Cezar aos atos golpistas de 8 de janeiro, que tentaram impedir a posse de Lula e instalar uma ditadura no país.

“A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro manifesta, através da presente nota, seu total repúdio à atitude do Presidente da CUT-Rio de, seguindo o exemplo dos bolsonaristas de 8 de janeiro, incitar sua base a invadir a sede do Sindsprev. Uma prática irresponsável que jamais poderia ser tomada por um dirigente de uma entidade sindical”, afirma o documento.

Ato unificado no Andaraí contra a pressão da diretoria da unidade sobre os servidores em greve. Foto: Mayara Alves.

Ato no DGH e audiência pública – A assembleia aprovou, ainda, um calendário de mobilizações. O calendário prevê, além da passeata desta quinta, a realização de duas outras importantes atividades: dia 17 de junho, a partir das 10 horas, no Hospital dos Servidores (HFSE), ato unificado com passeata até o DGH (rua México, 128-Centro) e arraial da mentira do governo, a partir das 14 horas, no Sindsprev/RJ. E dia 24 de junho, a partir das 10h, no auditório do HFSE, audiência pública com presença do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O tema será a situação dos hospitais federais.

A assembleia deliberou ainda que o Sindsprev/RJ ingresse judicialmente, por calúnia e difamação, contra o Sindicato dos Enfermeiros do Rio (SindEnf-RJ), pelas falsas acusações proferidas contra o próprio Sindsprev/RJ por conta dos fatos ocorridos no Hospital Federal Cardoso Fontes na semana passada, quando dirigentes de entidades pelegas foram expulsos pelos trabalhadores daquela unidade. O Sindsprev/RJ também vai abrir procedimento em seu conselho de ética visando a expulsão do filiado Júlio Noronha, pelas ofensas proferidas contra os servidores da rede federal de saúde.

Veja o calendário de mobilização da greve

13/6 – 10h – Passeata ‘Ocupa Serra Jacarepaguá’, saindo do Hospital Cardoso Fontes, com feijoada ao final.

17/6 – 10h – Ato unificado com passeata do HSE ao DGH.

14h – ‘Arraiá da Mentira do governo’, no Sindsprev/RJ.

24/6 – 10h – Audiência Pública no auditório do HFSE, com presença do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), sobre a situação dos hospitais federais.

Servidores em greve tem ocupado o prédio do Departamento de Gestão Hospitalar. Foto: Mayara Alves.
Profissonais da saúde do Hospital dos Servidores fazem ato em frente à unidade. Foto: Mayara Alves.

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