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quinta-feira, novembro 21, 2024
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“Não sairemos das ruas enquanto o piso não for pago”, afirmam profissionais de enfermagem em ato no Centro

Uma manifestação unificada dos profissionais de enfermagem realizada na manhã desta segunda-feira (10/7), no Centro do Rio, marcou a continuidade das mobilizações pelo imediato pagamento do piso salarial da categoria, que desde o último dia 29/6 está em greve por tempo indeterminado. Concentrados inicialmente em frente ao Inca da Praça Cruz Vermelha, os profissionais também reivindicaram concurso público, respeito à jornada de 30h semanais e aperfeiçoamento de sua carreira funcional.

Com fortes críticas à ministra da saúde, Nísia Trindade, e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), os servidores fecharam a pista em frente ao Inca e, por volta de 10h45, iniciaram uma passeata que lentamente percorreu as ruas Carlos Sampaio e Tadeu Kosciusco, em direção à rua do Riachuelo. “Precisamos lutar pelo nosso piso. A enfermagem não pode abrir mão dos seus direitos. O julgamento do STF definiu uma forma prejudicial de pagamento do piso, e é por isso que o município do Rio diz que não vai pagar retroativo. Mas a verdade é que o julgamento do STF pode e deve ser revertido, pois não há lei que seja eterna. Quem foi eleito para governar o país que solucione o problema da enfermagem, que hoje já trabalha em condições de semiescravidão. Queremos o piso como vencimento-base na carreira, sem estar atrelado à carga horária”, afirmou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.

Profissionais de enfermagem não aceitam mais enrolações e querem piso, já!. Foto: Mayara Alves.

O servidor do Inca Bernardo Augusto da Mata denunciou pressões movidas no instituto contra servidores com duplo-vínculo. Ele também criticou o formato adotado pelo Inca na adoção das 30h semanais.
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“Na verdade — disse Bernardo —, a nossa jornada formal continua sendo de 40h semanais. O que houve foi uma espécie de ‘concessão’ para realização de 30h para quem atua na assistência e mais 10h de estudo. Temos que resolver isto. Também não queremos que entreguem o Inca a organização sociais. Precisamos melhorar a assistência e para isto tem que haver concurso”.
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Ministério da Saúde continua enrolando no pagamento do piso

Presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Município do Rio de Janeiro (Satemrj), Miriam Lopes reforçou o apelo à mobilização. “Precisamos continuar unidos para que o piso seja realidade na nossa categoria. No município, mesmo com participação limitada a 20% da categoria, poderia haver um número muito maior de colegas aqui. Também precisamos repudiar o assédio das chefias e dizer que é absurdo atrelar o valor do piso à carga horária”, disse ela.

“A ministra Nísia Trindade tem de fazer valer a lei do piso e aplicá-la na íntegra. Na rede federal de saúde, ao contrário do que acontece no Estado e no município, já não existe qualquer empecilho ao pagamento do piso como previsto na lei. Então, parece que a ministra Nísia não tem mesmo interesse na implementação do piso”, frisou Marcos Schiavo, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnf-RJ).

Dirigente do Sindsprev/RJ, Cristiane Gerardo denunciou intenção do governo de dividir a rede federal e enfraquecer a luta da enfermagem. Foto: Mayara Alves.

Aos gritos de “pague o piso já, pra enfermagem não parar”, os profissionais desceram a rua do Riachuelo, pedindo o apoio da população durante todo o trajeto e lembrando o quanto foram essenciais durante a pandemia de covid. Ao chegarem nas proximidades dos arcos da Lapa, dobraram na rua do Lavradio, seguindo-a até a Av. Almirante Barroso, onde realizaram mais uma parada para reforçar os protestos. “Faço aqui minha saudação a todos os profissionais de enfermagem. Profissionais que salvam vidas do povo carioca.
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Precisamos mostrar ao prefeito Eduardo ‘Tira’ Paes que não aceitaremos que ele entregue o Hospital Municipal Souza Aguiar a um consórcio privado internacional. Todo sindicato tem que lutar em defesa dos trabalhadores, independente do governo que esteja no poder. Há 30 anos que nós lutamos por esse piso. Nós não sairemos das ruas enquanto ele não for pago”, disse ele.

‘É justo prometer e não cumprir? Nísia, pague o piso’

Ao longo de toda a passeata, uma faixa que chamou muito a atenção trazia os seguintes dizeres: “É justo prometer e não cumprir? Nísia, pague o piso”, frase que expressa a decepção dos profissionais de enfermagem com a postura do governo Lula (PT) no trato de suas reivindicações. Um governo que vem sucessivamente postergando a implementação do piso, mesmo após o julgamento do STF ter liberado seu pagamento para os profissionais da rede federal.

Em nova fala aos manifestantes, Cristiane Gerardo denunciou a intenção do Ministério da Saúde de dividir as unidades da rede federal, separando os institutos dos hospitais federais. “É mais uma manobra para tentar dividir os servidores da rede e nos enfraquecer na luta pelo piso e pela jornada de 30h semanais. Não podemos aceitar esta manobra. A solução para a enfermagem é a luta unificada”, disse.

Greve pelo piso tem de ser fortalecida. O piso é direito de toda a enfermagem. Foto: Mayara Alves.

Da Av. Almirante Barroso, os profissionais de enfermagem viraram na Av. Rio Branco, dobrando à esquerda na rua Araújo Porto Alegre, em direção à rua México, onde pararam no número 128, em frente ao prédio do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde. Ali, exortaram o titular do DGH, Alexandre Telles, a receber uma comissão de representantes do Sindsprv/RJ, do SindEnf-RJ e do Satemrj, mais os profissionais de imprensa das entidades. “Alô, Alexandre Telles, a enfermagem chegou”, gritaram os servidores do carro de som.

DGH compromete-se a não cortar ponto e APH de grevistas

Após tensas negociações, o DGH só permitiu a entrada de cinco representantes dos sindicatos, barrando a imprensa do Sindsprev/RJ, no que foi interpretado como atitude autoritária da atual gestão, uma vez que nem mesmo sob o governo Bolsonaro, um governo de extrema direita, houve tanta dificuldade para que a imprensa dos sindicatos realizasse seu trabalho livremente. Ao receber a comissão de representantes dos sindicatos, incluindo o Sindsprev/RJ, Alexandre Telles comprometeu-se a não efetuar descontos dos dias da greve nem cortar o pagamento de APHs, atendendo à reivindicação dos profissionais de enfermegem e suas entidades representativas. “A obtenção do compromisso do DGH em não cortar o ponto dos grevistas é o mínimo que um governo democrático deve fazer. Só lamentamos que o trabalho da imprensa do Sindsprev/RJ tenha sido restringido, ao ser impedida de cobrir a reunião com Alexandre Telles. A imprensa tem que ser livre para realizar seu trabalho”, afirmou Cristiane Gerardo.

Na manifestação desta segunda (10/7) foram constantes as alusões de servidores ao acordo de greve de 2014, até hoje não cumprido integralmente no item que garantia as 30h semanais para os trabalhadores do Inca. Outro objeto de críticas foi a atuação do Conselho Regional de Enfermagem do Rio (Coren-RJ), acusado de omissão perante as demandas dos profissionais.

Do jeito que está, não dá mais pra ficar. Profissionais não sairão das ruas enquanto o piso não for pago. Foto: Mayara Alves.

“Na pandemia eu não parei, mas agora eu vou parar”

“Pague o piso já, pra enfermagem não parar”

(Palavras de ordem durante a manifestação da enfermagem desta segunda-feira (10/7).

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