Há um ano. Há exatamente um ano, no dia 18 de maio de 2020, o jovem João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi morto durante operação realizada pelas polícias civil e federal na comunidade de Salgueiro, em São Gonçalo, onde morava com a família. Após uma verdadeira fuzilaria que não poupou moradores e instaurou um clima de terror na comunidade do Salgueiro, o corpo do adolescente só foi encontrado pela família após 17 horas de uma angustiada busca empreendida por seus pais. O cadáver de João Pedro estava no Instituto Médico Legal (IML) daquele município. A causa do óbito: um tiro de fuzil, que o atingiu em casa. A residência onde morava o adolescente foi alvejada por mais de 70 tiros, durante a operação policial. Como a maioria esmagadora das vítimas fatais de violência policial no Brasil, João Pedro era negro.
Na ocasião, o pai de João Pedro, Neilton Mattos, relatou como os policiais chegaram a sua residência. “A polícia chegou lá de uma maneira tão cruel, atirando, jogando granada, sem ao menos perguntar quem era”, disse.
Inquérito sobre morte de João Pedro até hoje não foi concluído
Em junho de 2020, mês seguinte à morte de João Pedro, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a realização de operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia de Covid-19. Na decisão, Fachin citou a morte de João Pedro, ressaltando que o caso ainda era investigado.
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No fim de outubro de 2020, a Polícia Civil fez a reprodução simulada do caso. Até 8 de dezembro, segundo fontes que acompanham a investigação, a perícia ainda não havia concluído o laudo. Um dos objetivos do exame é determinar se o disparo que matou João Pedro partiu de alguma das armas dos policiais civis.
A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), que investiga o crime, informou que espera o documento ficar pronto para finalizar o inquérito. Entretanto, não há uma previsão para que isso ocorra.
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São suspeitos de terem feito os disparos três agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), divisão de elite da Polícia Civil: Mauro José Gonçalves, Maxwell Pereira e Fernando de Brito Meister.
‘Polícias tratam moradores de favelas como bandidos’, afirma dirigente do Sindsprev/RJ
“É um absurdo que o inquérito sobre a morte do jovem João Pedro ainda não tenha sido concluído, embora já tenha se passado um ano do acontecimento. O menino João Pedro foi vítima de um crime de ódio cometido pelo Estado brasileiro, cujas polícias sempre tratam os moradores de favelas como bandidos. Recentemente vimos isto acontecer no Jacarezinho, onde 28 pessoas foram massacradas e mortas durante operação da Polícia Civil naquela comunidade. Isto não pode mais continuar”, protestou Osvaldo Mendes, dirigente da Secretaria de Gênero, Raça e Etnia do Sindsprev/RJ.
Os responsáveis pela morte do jovem João Pedro têm que ser responsabilizados. O mesmo vale para os autores do massacre no Jacarezinho.
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Por criminalizar os pobres e moradores de periferias, a política de segurança pública brasileira tem produzido um extermínio sem precedentes, chamando a atenção do mundo inteiro por sua brutalidade.