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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Ministro Paulo Guedes é investigado por fraudes e tráfico de influência

O ministro da Economia e especulador Paulo Guedes, está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal na Operação Greenfield. Teria cometido fraudes bilionárias contra fundos de pensão. A suspeita é que enquanto Guedes, através de suas empresas, lucrou, todos os fundos ou tiveram prejuízos ou ganhos ínfimos.

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A investigação começou a ser realizada em 2016. Guedes é acusado de ter praticado as fraudes bilionárias contra fundos de pensão de empregados de estatais, ainda antes de ser ministro. Para o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), no entanto, o esquema de Paulo Guedes é muito maior e se mantém mesmo após a posse no cargo, no governo Bolsonaro. O parlamentar acusa Guedes de ainda atuar no mercado financeiro, mesmo sendo ministro da Economia. Desta forma, estaria cometendo crimes contra a administração pública, como prevaricação e tráfico de influência

Numa atitude no mínimo estranha, mesmo em meio à investigação e à pandemia, Guedes quer apressar a venda de estatais. À rede de televisão CNN disse querer fazer nos próximos dois ou três meses “três ou quatro grandes privatizações”, envolvendo cerca de R$ 740 bilhões.

Apropriação de dinheiro de fundos de pensão

As investigações envolvendo Guedes começaram em 2016, portanto, quando Bolsonaro ainda não era presidente e Guedes ministro. E foram denunciadas pelo movimento sindical e pelos partidos de oposição, sobretudo durante as eleições de 2018, tendo sido ignoradas como lembra o diretor da Federação Nacional (Fenasps), Moacir Lopes.

“Essa história gravíssima do Paulo Guedes foi amplamente denunciada no curso das eleições de 2018, levada ao conhecimento do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público Federal. A fraude era de mais de R$ 1 bilhão à época. Como nada foi feito contra ele, com a eleição do fascista (Bolsonaro) botaram um ministro corrupto, fraudador, um trambiqueiro pra cuidar da economia do Brasil”, acusou.

Lembrou que não é de hoje que Paulo Guedes se comporta desta forma: participou da ditadura sangrenta do (general Augusto) Pinochet, no Chile, é suspeito de comandar negócios escusos, defende colocar granada no bolso dos servidores (numa referência à tentativa de redução salarial), diz que tem que privatizar tudo rápido e faz propaganda dizendo que com a pandemia as estatais estão mais baratas. “O que é isso? Um ministro de Estado que se comporta desta forma? Parece um ladrão. E qual é o interesse de um ladrão? Roubar o dinheiro dos outros. E é isso o que esta investigação certamente vai mostrar”, afirmou.

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“Então é bom que investiguem e que Paulo Guedes seja preso, antes que fuja do Brasil”, alertou.

Raposa no galinheiro

Já o diretor do Sindsprev/RJ, Paulo Américo lamentou que uma pessoa com este perfil esteja num cargo tão importante para o país. “Este é o exemplo lamentável de ministro da Economia que temos. Alguém que está prestes a ser condenado por prejuízos ao erário público ser o responsável por conduzir a economia brasileira”, afirmou. Disse que a investigação sobre os crimes atribuídos a Paulo Guedes, confirmam o dito popular de que botaram a raposa para tomar conta do galinheiro.

“Uma raposa que se apresenta cheia de moral, achando que pode fazer o que quiser. Isto tudo é muito grave. Este senhor é o responsável pela política econômica catastrófica do governo, um dos responsáveis pela situação do Chile hoje, em função da privatização da previdência da qual participou da formulação e que impôs o regime cruel da capitalização que está matando os aposentados de fome, e que privilegia o capital privado com as reformas já feitas no Brasil e as que pretende continuar aprovando”, acusou o dirigente.

Guedes no comando das fraudes

A partir de 2016, a Operação Greenfield, a pedido do Ministério Público Federal e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deu início às investigações de desvio em fundos de pensão, bancos públicos e estatais. No total as autoridades acreditam que mais de R$ 8 bilhões em prejuízos estão envolvidos.

Guedes teria atuado como fiador de uma série de negócios suspeitos de fraude com entidades de previdência patrocinadas por estatais por meio de uma de suas empresas. Na Operação Greenfield é investigado em três inquéritos pela suspeita de gestão temerária ou fraudulenta devido a captação e aplicação de recursos da ordem de R$ 1 bilhão feita junto a sete fundos de pensão.

Somente a Funcef, fundo de previdência dos funcionários da Caixa, teria tido prejuízos de R$ 22 milhões nas aplicações geridas por Paulo Guedes. Guedes também é acusado de atuar junto aos fundos de pensão do Banco do Brasil (Previ), Petrobrás (Petros) e Correios (Postalis).

Ministro lucrou e fundos perderam

Um montante de R$ 1 bilhão teria sido alocado nos fundos de investimento em participações (FIPs) BR Educacional Gestora de Ativos e Brasil  Governança Corporativa. Porém, a BR Educacional e a Brasil Governança Corporativa foram criados pelo próprio Paulo Guedes e não tinham nenhuma experiência no mercado. Desta forma, não cumpriam os requisitos técnicos para integrar investimentos em fundos de pensão.

A suspeita é que enquanto Guedes lucrou todos os fundos ou tiveram prejuízos ou ganhos ínfimos. Além disso, a BR Educacional teria captado R$ 62,5 milhões sem ter patrimônio líquido, histórico de faturamento ou algum tipo de garantia e foi criada por um escritório de advocacia especializado na venda de CNPJs. Guedes teria atuado no conselho administrativo da empresa, responsável por receber o dinheiro dos fundos e ao mesmo tempo sido sócio majoritário da gestora responsável pela aplicação dos recursos, o que caracterizaria um conflito de interesses.

Para deputado, Guedes comanda esquema muito maior

Para o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ), o esquema de Paulo Guedes é muito maior e se mantém mesmo após sua posse como ministro. Guedes se utilizaria do cargo para fazer negócios, de forma maquiada. O parlamentar diz que Guedes ainda atua no mercado financeiro, mesmo sendo ministro da Economia. O acusa de nomear sócios e parentes para cargos estratégicos.

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Paulo Ramos apresentou, em fevereiro último, ao STF representação contra o ministro da Economia, pedindo que o afaste do cargo e tome providências para que seja investigado e denunciado por crimes contra a administração pública, como prevaricação e tráfico de influência. Segundo o deputado, Guedes ainda gere fundos de investimentos, bancos e outras empresas no mercado financeiro. Esses negócios estariam sendo beneficiados por decisões do ministro desde a posse.

Na documentação enviada ao STF e ao MPF, Ramos afirma que a situação de Guedes “remete a uma verdadeira captura interna do Estado, em que o representado [Paulo Guedes] permanece como cotista de diversas empresas de segmentos diretamente interessados nas atribuições do cargo por ele exercido atualmente”. Afirma que o ministro usa sócios minoritários para disfarçar a rede de negócios que comanda.

Além disso, teria nomeado ex-sócios e familiares para a presidência de conselhos e postos estratégicos dentro do ministério. Para Ramos, Guedes atua como “um infiltrado na máquina pública, com amplos poderes sobre a economia”, que “orienta decisões descabidas e contempla interesses dos grupos financeiros com os quais construiu sua trajetória profissional”.

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