Foram mais de seis horas de um depoimento cheio de respostas evasivas e alegações de esquecimento dos fatos mencionados, procurando fugir das perguntas feitas pelos senadores sobre o propósito do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo, já conhecido publicamente, de boicotar as medidas sanitárias e levar o país a uma mortandade recorde pelo novo coronavírus. Mesmo assim, não foi possível ao depoente, o ex-ministro bolsonarista Nelson Teich, negar os fatos à Comissão Parlamentar de Inquérito do Genocídio, nesta quarta-feira (5/5).
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Depois de horas de tentativas de fugir das perguntas, disse que, como ministro, procurou basear sua gestão em comprovações científicas para combater a disseminação do vírus, mas que não teve autonomia para tal, sendo este, segundo ele, o primeiro motivo para o seu pedido de demissão. Ou seja, foi impedido de fazer o seu trabalho de tomar as medidas cientificamente comprovadas e utilizadas em todos os países para conter a propagação do vírus, o que agravou a situação já dramática de descontrole, aprofundada com a posse do seu substituto, o general Eduardo Pazuello.
Outra declaração de Teich comprovou a tese de que o governo se utilizou de informações falsas para boicotar o isolamento social e recusar durante meses a contratação urgente de vacinas. Segundo o próprio Teich, a gota d’água para o seu afastamento definitivo, após apenas 28 dias no cargo, foi a tentativa de Bolsonaro de impor a ele que defendesse o uso da hidroxicloroquina no tratamento precoce da doença, o que não possui comprovação científica.
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Além de não trazer nenhum efeito benéfico, este e outros medicamentos, como a ivermectina, ainda podem produzir efeitos colaterais ao paciente.
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Por isto mesmo, têm a sua utilização contraindicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
O uso destes medicamentos foi defendido por Bolsonaro de maneira pública e sistemática – inclusive com a compra de 2 milhões de caixas dos Estados Unidos e a produção de mais 1,8 milhão pelo Exército do Brasil – tendo como objetivo retardar a contratação de vacinas e vender para a população a impressão de que com estes medicamentos não seria necessário o uso de máscaras e o isolamento social. Esta propaganda foi feita para manter a economia funcionando, tendo como consequência o descontrole da transmissão do novo coronavírus.
Teich disse que os alertas que dava sobre a necessidade de comprovação científica não eram ouvidos por Bolsonaro e que, apesar de não ter sido ‘diretamente’ pressionado para adotar um protocolo da cloroquina, tinha sua posição publicamente desautorizada pelo presidente: Bolsonaro defendia o medicamento e anunciava que o liberaria inclusuve para casos leves
Evasivas
Teich negou que tivesse participado da decisão do governo de produzir cloroquina em instituições públicas. “Este assunto não chegou até mim”, resumiu. Pressionado pelo relator da CPI do Genocídio, Renal Calheiros (MDB-AL) disse que foi contrário ao uso de cloroquina em populações indígenas. Sempre escorregadio, sobre a nomeação do general Pazuello para substituí-lo, afirmou que seria ‘mais adequado’ ter um ministro com ‘conhecimento maior’ sobre saúde. Culpou a ‘falta de informação’ pelo agravamento da situação no Amazonas, estado que teve número recorde de mortos e a falta de ação do ex-ministro Pazuello, tendo faltado, inclusive, recursos para a aquisição de tubos de oxigênio.
Disse não saber da existência de um assessoramento paralelo, o chamado comando paralelo, denunciado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, cuja finalidade era colocar em andamento uma política contrária às decisões do próprio ministério da Saúde. Mas chegou a dizer que sabia do ‘desejo’ do presidente de recomentar o uso da cloroquina e que o assunto chegou a ser discutido entre Bolsonaro e o presidente do Conselho Federal de Medicina, em reunião no Palácio do Planalto.
Após horas de insistência dos senadores da CPI, Teich afirmou discordar da tese defendida por Bolsonaro de acabar com a pandemia com a contaminação em massa de 70% da população. “A imunidade de rebanho é um erro”, avaliou timidamente.
Próximos depoentes
Nesta quinta-feira (6), a CPI da Covid volta a se reunir. Serão ouvidos o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. De Queiroga, os senadores vão cobrar informações sobre a compra de vacinas e sobre a elaboração de protocolos de enfrentamento à Covid-19.
Do presidente da Anvisa, os senadores querem explicações sobre a análise e a aprovação de mais vacinas contra a Covid-19. No dia 19 será inquirido o ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello.
A CPI aprovou as convocações do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fábio Wajngarten, e do ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo. Representantes de laboratórios, da Fiocruz e do Butantan também deverão comparecer. Os depoimentos ocorrerão na próxima semana.
Para assistir aos depoimentos da CPI, clique aqui.