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quinta-feira, novembro 21, 2024
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Marcha denuncia acordo de Lula, de entrega dos hospitais federais a Eduardo Paes

Para marcar os três meses de greve contra o plano do governo Lula de fatiar e depois privatizar a rede de hospitais federais do Rio de Janeiro, os profissionais das seis unidades ameaçadas fizeram nesta quinta-feira (15/8) uma Marcha Olímpica que agitou a Zona Sul. A manifestação saiu do Hospital da Lagoa, percorrendo as principais vias do Jardim Botânico e Leblon, terminando com um ato em frente ao Hospital de Ipanema, onde foi cortado um grande bolo de aniversário da greve.

A forte paralisação tem conseguido impedir que o governo Lula consiga impor seu plano, cujo teor foi conhecido em 15 de maio, data de início da greve. A diretora do Sindsprev/RJ, Christiane Gerardo, frisou que a entrega das unidades é fruto de um acordo político-eleitoral entre Lula e Eduardo Paes.

“É um escândalo que em pleno ano eleitoral o governo Lula, aliado de Paes, resolva passar para as mãos do prefeito do Rio, dois gigantes da saúde federal, o Hospital do Andaraí e o Hospital Cardoso Fontes, com orçamento de mais de R$ 300 milhões”, afirmou durante a Marcha. A dirigente lembrou que se a municipalização for feita a verba destas duas unidades de alta complexidade será desviada para a rede básica da Prefeitura que enfrenta uma situação caótica de abandono devido à má gestão das organizações sociais, criadas por grupos privados.

“Então, não há justificativa para passar os hospitais federais para uma Prefeitura falida e incompetente, mergulhada em dívidas. Se Paes e seu secretário de saúde Daniel Soranz fossem bons gestores, as unidades próprias do município não estariam em petição de miséria como estão, prestando péssimos serviços à população”, acrescentou.

Pelo projeto – cuja implantação foi temporariamente interrompida pela greve dos servidores da rede, o Hospital Federal dos Servidores seria entregue ao Hospital Universitário (da Uni-Rio) Gafrée e Guinle, passando para o controle da Ebserh, que já é responsável pela gestão do Gafrée. O Hospital da Lagoa passaria para a Fundação Oswaldo Cruz, tendo o de Ipanema, destino incerto, ainda. O Hospital de Bonsucesso passaria a ser gerido pelo grupo hospitalar Conceição, do Rio Grande do Sul; o Cardoso Fontes e o Andaraí seriem entregues ao prefeito Eduardo Paes.

A ministra da Saúde fez parte do acordo com Paes e o secretário de saúde Daniel Soranz. Foto: Mayara Alves.

Lula ataca o SUS e trai heróis da covid – Durante a Marcha os oradores, diretores do Sindsprev/RJ, do Comando de Greve e parlamentares, foram unânimes em lembrar que com a transferência da verba federal para as unidades do município, o Andaraí e o Cardoso Fontes ficarão ainda mais asfixiados financeiramente. Explicaram que com o fatiamento, Lula descumpre todas as promessas feitas durante a campanha eleitoral de fortalecer o Sistema Único de Saúde, manter a rede sob a gestão federal, valorizar os servidores e realizar concurso público.

Fatiamento vai prejudicar a população e destinar mais de R$ 300 milhões à Prefeitura do Rio. Foto: Mayara Alves.

O vereador Paulo Pinheiro (PSOL-RJ) parabenizou os servidores dos hospitais federais, lembrando que é a greve e a luta da categoria que têm impedido o governo de executar o seu plano de fatiamento. “Vocês que salvaram vidas durante a covid-19 e que foram chamados de heróis, têm que ser respeitados. O Ministério da Saúde tem demonstrado que é na verdade um inimigo do SUS, ao querer fatiar e privatizar os hospitais federais”, afirmou o parlamentar.

O vereador, que é presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, frisou que Paes e Lula querem privatizar o SUS. “Querem entregar estas unidades de alta complexidade às chamadas organizações sociais, como já fez Eduardo Paes, com toda a rede do município”, denunciou.

Servidores da saúde: luta não é contra Lula, mas contra o seu projeto de destruição do SUS público e de qualidade. Foto: Mayara Alves.

Moradores e turistas viralizam imagens – Durante todo o percurso moradores da Lagoa, Leblon e Ipanema, e turistas brasileiros e de outros países, faziam fotos e vídeos com seus celulares. É possível que as imagens da manifestação, com faixas e cartazes com os dizeres “Lula, traidor da saúde federal” e “Nísia, Traidora do SUS”, e do caixão enterrando a ministra da saúde, tenham sido enviadas pelas redes sociais para outros estados e para fora do Brasil.

A Marcha percorreu toda a orla da Zona Sul, nos bairros de Leblon e Ipanema. Os moradores que faziam caminhada, corrida, ou tomavam um sol, paravam para olhar a passeata.

“Faz o L” – Muitos deles, provavelmente contrários ao governo Lula, provocavam os servidores gritando “Faz o L!”, numa referência ao apoio dado pela categoria ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições.

Outros apoiavam a manifestação, ou ficavam perplexos. Na Praia de Ipanema, na altura da Rua Farme de Amoedo, a moradora Júlia Paes comentou surpresa: “Gente, o Lula tá demais! Está querendo vender os hospitais? Não pode ser! É sério?”, comentou.

A vendedora de milho cozido Carmen Silva, disse que torcia para que os servidores conseguissem evitar que os hospitais federais fossem para a Prefeitura. “Nada funciona lá (nas unidades do município). Nos federais pode demorar, mas a gente resolve os problemas”, disse.

Jean Claude, turista francês, perguntou se a passeata tinha a ver com o “Lula da Silva”. “É estranho, não é? Lá fora temos outra visão dele. No nosso país tem também saúde pública. E é importante para nós”, disse.

Depois de percorrer ruas como Ataulfo de Paiva, Delfim Moreira, Visconde de Pirajá e Teixeira de Melo, a Marcha Olímpica chegou, finalmente ao Hospital de Ipanema. Lá foram servidos salgados e partido o bolo da greve vitoriosa que se enfrenta corajosamente com um governo que envergonha todos os que defendem um SUS púbico e de qualidade.

No final da Marcha, no Hospital de Ipanema, é servido o bolo comemoraticvo dos três meses de greve da saúde federal. Foto: Mayara Alves.

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