A eleição de Lula (PT) para a presidência da República trouxe grande alívio para os trabalhadores, que em sua maioria rejeitaram nas urnas um dos piores governos da história do Brasil: o governo Bolsonaro.
Durante a campanha eleitoral, o Sindsprev-RJ apoiou politicamente Lula por entender que sua candidatura foi a que melhor respondeu às aspirações dos trabalhadores, começando pela defesa da democracia, do Estado de direito, das liberdades de imprensa, de opinião e de organização. Liberdades estas que, nos últimos 4 anos, vêm sendo ameaçadas pelas posturas autoritárias do atual governo, como ficou provado sobretudo pelo ocorrido em fevereiro de 2019, quando Bolsonaro emitiu decreto cortando os repasses de mensalidades dos trabalhadores para custear seus respectivos sindicatos.
O apoio político à candidatura Lula, porém, não significa que o Sindsprev/RJ será correia de transmissão do futuro governo. Ao contrário, significa que o Sindsprev/RJ vai — de forma absolutamente autônoma e independente — cobrar do governo Lula a efetiva realização dos compromissos assumidos por ele durante a campanha eleitoral. Aliás, esta postura de independência e autonomia sempre foi a adotada pelo Sindsprev/RJ na relação com todos os governos brasileiros, desde a fundação do sindicato, em 1989.
É verdade que Lula assumirá a presidência no próximo dia 1º de janeiro sob uma conjuntura econômica que, ao contrário daquela por ele encontrada em 2003, é marcada por recessão mundial, redução ainda maior das capacidades orçamentárias do Estado, aumento da miséria absoluta, desemprego em massa e serviços públicos sucateados em níveis sem precedentes.
Tudo isto é verdade e não deve ser desconsiderado. No entanto, também não se deve desconsiderar que, exatamente pelo agravamento do quadro socioeconômico, a situação da classe trabalhadora brasileira é cada vez mais precária.
Além de concurso público para reposição de pessoal, valorização das carreiras da seguridade e do seguro social, fim das demissões e perseguições de servidores, há questões ainda mais emergenciais para nós. Exemplos são o cumprimento do acordo de greve do INSS (assinado pelo governo Bolsonaro, mas com efeitos financeiros a partir de janeiro de 2023, sob o governo Lula); a reconstrução da rede federal de saúde do Rio (onde setores inteiros foram fechados por falta de pessoal e sucateamento); o enquadramento dos servidores da Vigilância em Saúde (ex-Funasa) numa carreira à altura da importância desses valorosos trabalhadores; a anulação das reformas trabalhista e previdenciária; e o compromisso de que o governo Lula não apoie a reforma administrativa (PEC 32) em tramitação no Congresso Nacional.
Independente de o Sindsprev/RJ ter apoiado Lula e outras candidaturas do campo popular durante a campanha eleitoral, tais reivindicações serão de fato cobradas do governo que tomará posse em 1º de janeiro, como sempre fizemos em nossas relações com a administração pública ao longo dos últimos 33 anos.
Diretoria Colegiada do Sindsprev/RJ