Reunido na última quarta-feira 22, no Sindsprev/RJ, o Grupo de Trabalho (GT) dos servidores do INSS indicou a participação na manifestação unificada convocada pelas centrais sindicais para esta sexta-feira 24, a partir das 11h30, na agência Presidente Vargas do INSS (av. Presidente Vargas, 418 – Centro). O ato será em defesa da previdência pública, por concurso público e em repúdio à tentativa do governo Bolsonaro de militarizar o INSS.
O GT também indicou uma intensa campanha junto a servidores e segurados do INSS, nas agências e gerências da autarquia, para incentivar uma contínua mobilização contra o sucateamento da autarquia.
Concurso é fundamental, mas INSS precisa recuperar infraestrutura que foi destruída
A convocação de 7 mil militares para supostamente ‘agilizar’ a fila de atendimentos do INSS foi mais uma pirotecnia do governo Bolsonaro, implementada com o objetivo de desmoralizar a previdência pública, jogar a população contra os servidores do instituto e facilitar sua privatização.
A realização de concurso público é fundamental, importante e necessária, mas não será suficiente para evitar o colapso do próprio INSS e o prejuízo a milhões de segurados. Isto porque atualmente as infraestruturas do INSS estão em sua maioria sucateadas. Além de equipamentos inadequados e agências em precário estado de conservação, há graves problemas de incompatibilidade entre sistemas operacionais, gerenciais e digitais que, somados à lentidão nas comunicações entre esses sistemas — causada por serviços de internet com potência insuficiente para a transmissão/recepção do grande volume de informações exigido pela digitalização de processos —, estão inviabilizando o funcionamento da autarquia.
Essa precariedade permite ao governo implementar com ainda mais facilidade a sua política deliberada de sucatear o INSS e dificultar ainda mais a concessão de benefícios. A atual fila de 2,2 milhões de pedidos de benefícios represados é, portanto, a resultante não somente da falta de pessoal, mas da precarização de todas as infraestruturas do INSS, vertical e horizontalmente.
Exclusão digital também dificulta acesso dos segurados
Para completar, é preciso considerar a exclusão digital como mais um fator a prejudicar os segurados do instituto. Segundo o estudo “Contra o desmonte dos Serviços Públicos”, elaborado por servidores do INSS, a implantação das mudanças tecnológicas (digitalização de processos e canais remotos de atendimento) tem ocorrido de forma unilateral, não como ferramentas adicionais para melhorar o atendimento, mas visando suprir a falta crescente e proposital de recursos humanos e sem considerar as características dos usuários. O estudo registra que o “INSS Digital” tem trazido grandes dificuldades de acesso para a população.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam que 54,4% da população tem acesso à internet. Entre aqueles com rendimento superior a dez salários mínimos, 91,5% estão conectados. Mas a maior parte da população que ganha até um salário mínimo está fora da rede. “A exclusão digital é maior entre idosos, grupos menos escolarizados e que vivem em áreas rurais”, afirma. E acrescenta: “Ao utilizar apenas as novas tecnologias para acesso à Previdência, teremos não apenas uma restrição de direitos, mas direitos violados. No Nordeste, 85% dos trabalhadores com benefício de um salário mínimo, considerada a pesquisa do IBGE, não têm acesso às novas tecnologias, não tendo acesso ao INSS”, conclui o estudo.