Para pressionar o governo Lula e fazer com que leve à sério as negociações, servidores do INSS de todo o país, em greve, estiveram durante esta semana participando de protestos em Brasília, de contatos com senadores e deputados, e de uma audiência pública, na quarta-feira (14/8), convocada pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, convocada pelo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Os protestos culminaram com uma manifestação maior na porta do Ministério da Gestão e Inovação no Serviço Público (MGI), nesta sexta-feira (16/8).
Membros do Comando de Greve do Rio de Janeiro – o diretor do Sindsprev/RJ, Rolando Medeiros e os servidores da base Adriana Soutello Araújo e Filipe Augusto Góis Alves – participaram dos protestos e de uma reunião do Comando Nacional, em Brasília, na sede da Federação Nacional (Fenasps). O encontro fez uma avaliação do andamento das negociações, da extensão da greve que cresceu em todos os estados, e dos próximos passos da categoria nessa campanha.
Pressão já surte algum efeito – Rolando falou com a reportagem do Sindsprev/RJ e disse que foi importante o protesto nacional em frente ao MGI, com servidores vindos em caravana de diversos estados. A manifestação incomodou o governo e foi suspensa às 13 horas. “Os caravaneiros foram almoçar no restaurante do INSS no ‘Bloco O’, para fazer uma nova manifestação, em seguida. A pressão no MGI já surtiu algum efeito: o (José Lopes) Feijóo, marcou uma reunião com o Comando de Greve para as 16 horas, no ‘Bloco C’”, informou Rolando.
Governo Lula piora a proposta – Numa avaliação sobre o resultado da quinta rodada de negociação, ocorrida no último dia 9 de agosto , o diretor da federação e membro do Comando Nacional, Cristiano Machado, disse que o CNG se mostrou surpreso. “Para a nossa surpresa, a proposta feita no último dia 9 é inferior à anterior. O governo propõe uma nova estrutura remuneratória. Nela, haveria um reajuste sobre a GDASS, com a incorporação da GAE ao VB, e também das VPNIs e adicionais por tempo de serviço. O problema é que, no final, fazendo as contas, o valor acaba sendo reduzido em relação à quarta mesa de negociação. De pronto a Fenasps já disse que não vai aceitar redução de valores”, afirmou Cristiano Machado.
“Cobramos, ainda, do governo, a instalação da mesa nacional de negociação da greve, considerando que estamos há mais de 25 dias de greve e até agora o governo não atende a nossa reivindicação”, acrescentou o dirigente. Disse que a mesa da greve é essencial para agilizar o processo de negociação das pautas dos servidores do INSS, sobretudo o cumprimento do acordo de greve, assinado pelo governo em abril de 2022.
Negociação, ou enrolação? – Já a diretora da federação, Thaize Antunes, disse não ter certeza se pode chamar a mesa realmente de negociação. “É um espaço para se discutir carreira e reajuste, e o governo se recusa a discutir carreira, apresenta uma proposta piorada, que mostra uma redução em relação à proposta anterior e se recusa a cumprir o acordo de greve de 2022. Mais uma vez vem com a velha conversa de que vamos discutir isso no Comitê Gestor”, criticou a dirigente.
O principal é a carreira – “Já na mesa dissemos que esta proposta não contempla a categoria. Nosso recado é o de que que é preciso aumentar ainda mais a adesão à greve nacional”, convocou Daniel Emanuel. Também diretor da Fenaspes e membro do CNG, disse que o Comando deixou claro ao governo que os servidores estão em greve fundamentalmente pela carreira.
“Queremos o reconhecimento da carreira como parte essencial do Estado brasileiro e pelo reconhecimento do nível superior para técnico. Esses são os principais pontos da greve”, disse. “Mas o governo insiste em descumprir o primeiro acordo que fez conosco aqui em março, que era discutir a reestruturação salarial e da carreira, só apresentando a questão salarial. Quando insistimos, o secretário Feijóo, do MGI, nos deu um ultimato: essa é a última proposta. Nossa resposta tem que ser ampliar a greve”, argumentou o dirigente.