O escândalo dos “Guardiões do Crivella” — grupo de falsos servidores da prefeitura do Rio contratados para intimidar e ameaçar pacientes que reclamem da precariedade das unidades municipais de saúde — era o que faltava para comprovar a mais absoluta degeneração do governo municipal.
Esta semana, reportagem da TV Globo flagrou os “Guardiões do Crivella” ameaçando, agredindo verbalmente e tentando intimidar pacientes que reclamavam do péssimo atendimento no Hospital Rocha Faria (atualmente municipalizado). Jornalistas também foram objeto das tentativas de intimidação. O caso repercutiu em todo o país e mostra que a “solução” encontrada pela gestão Crivella para resolver os graves problemas da saúde pública no município é ameaçar qualquer pessoa que faça um mínimo de crítica a tal descalabro.
Desde que tomou posse na prefeitura, Marcello Crivella se notabilizou por ser um dos piores governos da história do Rio na gestão municipal da saúde. UPAS e hospitais desabastecidos ou com falta de profissionais, demissões em massa nas equipes de saúde, trabalhadores contratados por meio de ‘organizações sociais’ (O.
S.) com salários em atraso, filas cada vez mais longas para consultas, exames e cirurgias. Esta é a triste realidade da saúde no Rio.
Um caos.
Em função das denúncias sobre os “Guardiões do Crivella”, que atuam como uma espécie de milícia remunerada pela prefeitura, o Ministério Público do Rio abriu inquérito civil para apurar atos de improbidade administrativa praticados por agentes do município. Investigações preliminares apontam que o “Guardiões do Crivella” seria um grupo composto por cerca de 240 pessoas, grande parte delas pagas pelo município para defender a atual gestão e esconder os problemas nas unidades de saúde.
“Pretendemos discutir esta situação na próxima reunião ordinária do Conselho Municipal de Saúde, incluindo o assunto como pauta extraordinária. Além de uma fiscalização mais rigorosa, vamos propor punição a essas pessoas que compõem o grupo ‘Guardiões do Crivella’, que agem como milicianos e bandidos. Ao impedirem os usuários de se manifestarem sobre os problemas da saúde no município, os membros do ‘Guardiões do Crivella’ estão cometendo crime. Afinal, a saúde é um direito da população e um dever do estado”, explicou Osvaldo Mendes, dirigente do Sindsprev/RJ e representante do sindicato no Conselho Municipal de Saúde do Rio.
Também como repercussão do caso, a Câmara Municipal do Rio anunciou esta semana que votará a abertura de processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella. O pedido já obteve parecer favorável da procuradoria da Câmara. No entanto, preciso um quórum de 26 vereadores, e aprovação por 14 votos, para que o processo siga adiante. Além do pedido de afastamento, foi protocolado no Legislativo municipal o pedido de uma CPI para apurar as denúncias.