Iniciada nesta quarta-feira (15 de maio), a greve por tempo indeterminado na rede federal de saúde do Rio é a resposta dos trabalhadores ao descaso do governo Lula (PT) no trato de suas reivindicações. Além da pauta específica dos servidores, a greve expressa a luta por uma saúde pública, gratuita, universal, de qualidade e inteiramente financiada por recursos públicos. O que implica total rejeição a quaisquer propostas de fatiamento, privatização ou entrega da rede de unidades federais de saúde à Empresa Brasileira de Gestão Hospitalar (Ebserh), a organizações sociais ou à gestão do município do Rio de Janeiro.
Carta à população denuncia precariedade da rede
Neste primeiro dia da greve, servidores e dirigentes do Sindsprev/RJ iniciaram a distribuição de cartas à população usuária das unidades de saúde, explicando as razões da paralisação e denunciando o intenso processo de sucateamento a que está submetida toda a rede federal do Rio — veja ao longo desta postagem.
A greve também reivindica a transferência dos servidores da rede federal de saúde para a carreira da Ciência e Tecnologia; o cumprimento do acordo de greve de 2023; o pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo e do piso da enfermagem em valores integrais; a prorrogação de todos os Contratos Temporários da União (CTUs) até a realização de concurso público; e reajuste linear em índice que recomponha o efetivo poder de compra dos salários. Até o momento, o governo Lula (PT) oferece zero de reajuste.
Greve é direito garantido do trabalhador
É importante frisar que a greve é um direito garantido no artigo 9º do capítulo dos Direitos e Garantias Fundamentais da Constituição Federal. Sendo assim, ninguém poderá ser punido.
Por ocorrer num setor sensível, foi aprovado em assembleia dos servidores, dia 9 de maio, que durante a greve estarão suspensas as cirurgias eletivas; o mesmo em relação às consultas e exames eletivos não oncológicos. Porém, continuarão funcionando os serviços de hemodiálise, diálise, quimioterapia, oncologia, cirurgias oncológicas, trocas de sonda, de curativos queimados, cirurgias e atendimentos de emergência e urgência, serviços de maternidade, serviços de atendimento a pacientes especiais, transplantes e ambulatório de TAP. Além disso, as unidades devem funcionar com 30% de seu dimensionamento de pessoal, para atender às demandas desses setores.
Atos unificados dias 20 e 21/5, no HFB e Into
Com o objetivo de sedimentar a unidade dos servidores durante a greve e denunciar à população a dramática situação das unidades de saúde, na próxima segunda-feira (20/5), a partir das 11h, os servidores da rede federal promovem ato unificado em frente ao Hospital de Bonsucesso (HFB). No dia seguinte (terça-feira, 21/5), a partir das 14h, no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), será a vez de novo ato unificado de toda a rede. “Nossa greve começa forte em toda a rede federal. Os servidores estão conscientes sobre a necessidade urgente de evitarmos a entrega das unidades de saúde pública ao capital privado ou à desastrosa gestão do município do Rio. Não aceitamos que nossas reivindicações continuem sendo desconsideradas pelo atual governo”, explicou Cristiane Gerardo, dirigente regional do Sindsprev/RJ.
O Sindicato orienta os servidores a procurarem membros dos comandos de greve em cada hospital ou instituto federal, no caso de serem pressionados por gestores a não aderirem à paralisação.