“O ministro Marcelo Queiroga esqueceu o juramento de salvar vidas que fez como médico. Estas últimas declarações que fez são uma insanidade.
Dizer que os profissionais de saúde contaminados com a variante ômicron, da covid-19, podem voltar a trabalhar, reduzindo o tempo de quarentena porque estão assintomáticos é querer produzir uma contaminação em massa”. A afirmação foi feita pela diretora do Sindsprev/RJ, Ivone Suppo.
O ministro da Saúde, um negacionista de carteirinha, que recentemente chegou a proibir a vacinação de crianças de cinco a 11 anos, disse nesta quarta-feira (6/1) que estuda reduzir o prazo de quarentena de casos positivos assintomáticos de covid-19, da variante Ômicron, de dez para cinco dias. Também afirmou que analisa a possibilidade de permitir que servidores da saúde que tiveram diagnóstico positivo para a variante mas que não apresentem sintomas possam fazer parte da linha de frente no atendimento aos pacientes com coronavírus.
Queiroga disse que deve se reunir nesta sexta-feira (7) com os chefes da Secovid (Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19) e da Secretaria de Vigilância Sanitária para avaliar os dois casos.
Ouviu falar
“Se eu não me engano, o CDC [Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos] já deu essa recomendação [reduzir o isolamento dos pacientes assintomáticos com Ômicron]. O governo francês está, inclusive, autorizando profissionais de saúde que estão positivos a atender na linha de frente, por conta do número de casos. Então, isso está sendo analisado.”
O Brasil registrou 171 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas. Na França e nos Estados Unidos a situação é bem diferente com uma ocupação muito alta nos hospitais com número crescente de afastamentos de contaminados que, no caso francês, está fazendo chegar ao colapso da rede pública de saúde. O país registrou 271.686 mil novos casos de covid-19 nas últimas 24 horas. Essa foi a maior contagem em apenas um dia. Na terça-feira (4/1), 112.941 americanos foram hospitalizados com covid-19, de acordo com dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.
Christiane Gerardo, diretora da Regional Jacarepaguá do Sindsprev/RJ, classificou Queiroga como irresponsável. “Esse governo é o governo da morte.
Os profissionais de saúde já são vetores em potencial pois não existe nenhuma atuação de segurança específica para eles como testarem rápido antes de assumirem o plantão. Ao colocar profissionais de saúde assintomáticos no atendimento estarão aumentando a circulação do vírus em transporte público, e na própria repartição pública”, alertou.
“Parece um retorno aos tempos segregacionistas da hanseníase, quando pessoas acometidas pela doença sem apresentar gravidade eram designadas e isoladas para cuidar daqueles contaminados que precisavam de cuidados”, comparou.
Sem base científica
Queiroga afirmou que há relatos na comunidade científica sobre a segurança de adotar a redução da quarentena e a colocação de servidores assintomáticos no atendimento direto aos pacientes com covid. “Possivelmente o Basil vai determinar as medidas, porque isso está sendo adotado em outros países e tem assento em evidências científicas. E aí é possível que nós adotemos a mesma conduta. Isso naturalmente que está em estudo na área técnica, na Secretaria de Vigilância em Saúde, na Secovid. Hoje eu tenho uma reunião com os secretários justamente para tratar sobre esses temas”.
